Por: Redação OD
Após
treze anos de participação na Missão das Nações Unidas para a
Estabilização no Haiti (MINUSTAH), a tropa brasileira encerra suas
operações em solo haitiano. Na noite de 31 de outubro, uma
solenidade histórica reuniu o último contingente brasileiro da
missão de paz e representantes das Forças Armadas, do Governo
Brasileiro e das Nações Unidas. Entre palavras de reconhecimento
das autoridades ao trabalho dos militares brasileiros, também ficou
marcado o sentimento de satisfação dos capacetes azuis pelo dever
cumprido.
“Nós
tínhamos três verbos impositivos na missão: cooperar, contribuir e
realizar. Contribuir para a estabilização desse país amigo,
cooperar em ações humanitárias e também realizar operações para
que os dois verbos anteriores fossem concretizados. Cumprimos a
missão. Por isso, os brasileiros estão em festa, o Brasil está em
festa. Esses militares que estiveram no pátio hoje escreveram a
história deles, mas também escreveram a história do Exército
Brasileiro”, declarou o Comandante Militar do Sudeste, General de
Exército João
Camilo Pires de Campos.
O
Ministro da Defesa, Raul
Jungmann,
agradeceu a todos os militares das Forças Armadas que participaram
da missão, relacionando o trabalho dos brasileiros com a
concretização dos objetivos da criação das Nações Unidas, de
defesa da vida em todo o mundo, e com o reconhecimento internacional
ao Brasil. “Soldados, provedores da paz: os senhores ergueram o
nome do Brasil a um novo patamar, elevaram o reconhecimento que a
todos nós muito orgulha”, reforçou o Ministro. Desde
2004, cerca de 37.500 militares das Forças Armadas do Brasil
dedicaram-se a promover a paz e a estabilidade no país mais pobre
das Américas. No dia 15 de outubro, a MINUSTAH encerrará suas
atividades.
Em seguida, será ativada a MINUJUSTH, uma nova missão
das Nações Unidas pelo apoio à Justiça no Haiti. O foco da
iniciativa será dar suporte às instituições haitianas,
especialmente na formação de policiais. “Os
capacetes azuis brasileiros serviram na MINUSTAH desde o início da
sua implantação. Eles desempenharam um papel crítico na missão ao
longo dos anos, durante os quais foram feitos progressos importantes
na estabilização da situação no Haiti. As Nações Unidas e o
povo haitiano são muito gratos pelo papel central que o Brasil
desempenhou nos esforços para criar a estabilidade duradoura aqui,
juntamente com as tropas de um total de 24 países”, afirmou a
Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas e
Chefe da MINUSTAH, Sandra
Honoré.
Ao
longo de toda a duração da MINUSTAH, além de ser o maior país
contribuinte com tropa, o Brasil sempre teve um oficial-general como
chefe do componente militar da missão. Atualmente, a função é
desempenhada pelo General de Divisão Ajax
Porto Pinheiro.
Durante a formatura, ele destacou a atuação brasileira na área de
segurança, no apoio à população nos desastres naturais e à
realização de eleições. O
26º e último contingente brasileiro é composto por 950 militares
do Exército, da Marinha e da Força Aérea, distribuídos entre o
Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT), que conta com um
Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, e a Companhia de
Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY). A previsão é de que a
maior parte dessa tropa retorne ao Brasil entre os dias 10 e 17 de
setembro, enquanto 152 militares permanecem no Haiti para finalizar o
envio do material e a entrega da base brasileira.
Últimos
dias da tropa brasileira no Haiti
A
partir do término das operações, o Contingente Brasileiro
intensifica as atividades de desmobilização, que vão tornar
possível enviar ao Brasil o material utilizado pela tropa que será
reaproveitado em futuras missões, além de separar e fazer o
descarte adequado do que não será repatriado. Esse trabalho incluiu
catalogar todo o material presente nas bases, produzir a documentação
necessária à administração do Exército e preparar as caixas em
que o material será encaminhado, por exemplo. Além
dos preparativos para o envio de seu próprio material, a BRAENGCOY
foi empregada durante todo o 26º Contingente em missões de
desmobilização de outras bases da MINUSTAH em diversas regiões do
Haiti, incluindo os contingentes do Chile, do Uruguai, da Jordânia,
das Filipinas, da Guatemala e da Argentina.
O Comandante do
BRAENGCOY, Tenente-Coronel Anderson
Soares do Carmo,
explica que essa crescente demanda foi mais um desafio gratificante
para a tropa da Engenharia brasileira. Pela terceira vez participando
da missão de Paz no Haiti, ele conta que ficou feliz de rever o país
em 2017. “A
gente percebia claramente que o país não se desenvolvia devido à
precariedade da segurança pública. Agora, o trânsito está melhor,
flui mais. O comércio está mais atuante, a vida de serviços está
melhor e a organização política está mais estruturada”, cita.
Para o Batalhão de Infantaria, os momentos finais da MINUSTAH
trouxeram mudanças significativas na forma de atuação. O BRABAT
ficou com todo o Haiti como área de responsabilidade, com a saída
dos demais contingentes, realizando frequentes exercícios de Força
de Reação Rápida.
Os militares também fizeram trabalhos
específicos de prevenção a possíveis desastres naturais,
levantando informações que foram repassadas às Nações Unidas. “Conseguimos
permitir a transição da MINUSTAH para a MINUJUSTH, mantendo o
ambiente seguro e estável para que as instituições do Estado
haitiano se empoderassem. Estamos saindo porque a missão do
componente militar foi cumprida. Isso é motivo de orgulho. Estamos
finalizando, mas é uma alegria muito grande saber que estamos
fechando com chave de ouro e cumprindo a missão, honrando todos que
nos antecederam desde 2004”, afirma o Comandante do BRABAT,
Coronel Alexandre
Oliveira Cantanhede Lago.
Combate
à criminalidade e apoio à população haitiana
Durante
a MINUSTAH, as tropas brasileiras realizaram intensivo patrulhamento
nas áreas que estavam sob sua responsabilidade, participaram de
operações com as demais tropas das Nações Unidas e com a Polícia
Nacional do Haiti, escoltaram autoridades e proveram segurança para
as ações humanitárias e as eleições. Os militares do Brasil
também estiveram presentes em momentos de grandes catástrofes
naturais no Haiti, como o terremoto de 2010 e, mais recentemente, a
passagem do Furacão Matthew. A
Companhia de Engenharia Brasileira foi empregada pelas Nações
Unidas em obras como construção, asfaltamento e reparação de
vias, perfuração de poços, limpeza de valas, distribuição de
água e destruição de explosivos.
FONTE: Agência Verde-Oliva
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