segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Conhecendo o NDM G-40 "Bahia"


Por: Yam Wanders.

Poucas pessoas conseguem reconhecer o NDM "Bahia" nos portos, devido ao seu design incomum aos navios militares, pois aparentemente o mesmo tem similaridades com outros modernos navios de carga que vem e vão em nossos portos, mas a aparecia engana. E para quem bem conhece o que a moderna tecnologia naval, aliada às táticas de emprego de recursos aéreos da atualidade, o NDM Bahia é muito mais do que aparenta ser aos que são pouco informados dos temas da defesa naval.


A evolução das necessidades das Marinhas do século 21 e a evolução das técnicas de construção naval ajudaram muito a mudar o design de muitos navios em suas diversas funções. E já desde o final do século XX, os navios são pensados para a capacidade de projeção de forças em mais de uma modalidade, foi-se o tempo de embarcações com propósito único, salvo raras exceções da necessidade estratégica de uma Marinha de Guerra.

Só para se ter uma ideia do poder utilitário desse navio, fiquei imaginando como sua utilização teria facilitado de maneira fantástica as atividades da faina da operação de resgate do Air France AF-447 em 2012, ou o auxílio eventual para populações litorâneas em caso de desastres naturais.
Antes de ser adquirido pela Marinha do Brasil, tinha a designação de TCD (Transport de chalands de débarquement) "Siroco" em sua utilização pela "Marine Nationale"(Marinha Francesa).

O NDM "Bahia" com sua escolta durante a Operação Dragão 2016.

É o segundo navio da classe "Foudre" (Trovão em francês) e seu navio irmão foi vendido para a Marinha do Chile no final de 2011, e com a designação de Siroco, foi lançado ao mar em 14 de fevereiro de 1996, e, o mesmo efetuou sua última missão pela Marine Nationale em 26 de abril de 2015 e foi incorporado pela Marinha do Brasil em 5 de agosto de 2015.
Enquanto operado pela Marine Nationale, o "ex Siroco" participou de pelo menos três importantes missões, sendo elas; Mission Corymbe, Mission Atalanta e Operátion Chammal.

Em vôo podemos perceber a real dimensão da superfície disponível para operações aéreas, e, no convôo de ré, o espaço é ocupado por viaturas que foram empregadas na Operação Dragão de 2016.

Navio multi-missão

De acordo com publicações do fabricante do navio (DCNS, atual Naval Group, sediada em Paris, França), a embarcação é projetada para as seguintes funções:

- Transporte e controle de embarcações de desembarque anfíbio, viaturas anfíbias e carros de combate.
- Transporte de carros de combate e tropas.
- Transbordo de pessoal através de movimentação "navio-terra" via superfície ou helistransportado.
- Dar combate a alvos de superfície e submarinos inimigos.
- Apoiar operações anfíbias e/ou especiais.
- Sediar operações de comando, controle e Inteligência (C3I) da Força Naval.
- Apoio logístico & SAR (Search and Rescue - Busca e Salvamento).
- Missões de assitência humanitária.
- E, outras missões diversas de acordo com a necessidade da Marinha. 

O convôo principal, já com duas aeronaves "peiadas" com correntes e ainda há espaço para pousar pelo menos mais uma em caso extremo.

A Operacionalidade

O G-40 "Bahia" impressiona muito mais quando sabemos mais de suas capacidades, operando através do chamado "binome" (expressão francesa) navio-helicópteros, o que permite uma capacidade ofensiva tão poderosa quanto a de navios de outras categorias, é uma embarcação que possui poder dissuasivo tão grande quanto outros porta-helicópteros de maior capacidade ou fragatas.


A capacidade de operar simultaneamente com até 3 helicópteros, sendo dois no convoo superior e um no convoo a ré, proporciona uma capacidade única no quesito de operações de voo para essa embarcação. Atualmente, o "Bahia" pode operar  com todos os helicópteros empregados atualmente pela Marinha do Brasil, mas os principais em emprego operacional são: 

- UH-15A Super Cougar em missões anti-navios utilizando mísseis Exocet.
- SH-16 Seahawk em missões anti-submarinos e anti-superfície utiliando mísseis Penguin.
- AH-11A Super Lynx em missões de esclarecimento e ataque com mísseis Sea Skua, torpedos diversos e cargas de profundidade.

Além disso, o convés doca do NDM Bahia, co, a área de 122m X 14m, tem capacidade para até 10 EDVM ou 1 EDCG e 4 EDVM ou 2 EDCG´s. Com todo esse aparato, o mesmo tem a capacidade de deslocar 12 mil toneladas, a uma velocidade máxima de 21 nós, e, quando em velocidade econômica de cruzeiro, tem um raio de ação de até 13 mil milhas náuticas. A propulsão é efetuada por 2 motores Diesel SEMT Pielstick com 10.400HP cada, e,  4 motores Diesel Wartsilla para energia elétrica (potência não declarada).

Sua tripulação pode variar, mas no padrão organizado pela Marine Nationale, o mesmo opera com uma tripulação de 224 homens entre oficiais e praças. Na parte de sistemas de bordo, existe uma infinidade de equipamentos modernos de navegação, comunicação rádio, data via satélite e outros destinados a defesa da embarcação, porém são tantos e de tal complexidade aos leigos, que necessitariam um artigo à parte.



Um Hospital embarcado pronto para tudo.

O que impressiona ainda mais é o complexo hospitalar instalado no navio, muito maior do que se pode imaginar para um navio que não é de uso exclusivo para tal, com uma área de 500 m² e 50 leitos, e,uma sala de triagem com 12 leitos, uma UTI exclusiva para pacientes críticos, unidade de queimados com 3 leitos, dois centros cirúrgicos completos, um laboratório de análises, sala de exames radiológicos, e consultórios clínicos e odontológicos, entre outras facilidades de apoio. Além da quantidade de recursos, o espaço e a boa iluminação impressiona muito, em nada aparentando que estamos em um navio de guerra. 



Outro detalhe importante para os profissionais de emergências e saúde, é a instalação de material de PS por praticamente todos os corredores e salas do navio, seguindo o padrão de alto nível da Marinha do Brasil para qualquer necessidade.

Armamento embarcado

Navios da categoria do NDM "Bahia" jamais operam sozinhos, existindo toda uma doutrina específica para a sua defesa quando em grupo de combate, dependendo da missão caso a caso. Mas assim mesmo o NDM "Bahia" tem seus "ferrões", sendo estes 2 lançadores de mísseis "Mistral" para defesa antiaérea, 3 metralhadoras de 20 mm de operação remota e 04 metralhadoras de 12,7 mm de operação manual. Porém o eixo principal de defesa é em primeira instância com o emprego dos helicópteros embarcados e seus mísseis. O navio pode ser equipado com outros tipos de armamentos mas nada é comentado pelos canais oficiais.

Os Mísseis "Mistral", empregados para a defesa anti-aérea do Navio.

Galeria de imagens:
















O Hospital embarcado: 







Referencias bibliográficas:
- Publicações da Marinha do Brasil, publicações Marine Nationale e Naval Group/ex-DCNS.

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