Que a Força Aérea Brasileira tem mais de 350 Unidades militares e
em torno de 77 mil militares, isso você já sabia. Agora... você sabia que a FAB
também tem vários canis espalhados pelo país, onde os chamados “cães de guerra”
são treinados para realizar as mais diversas missões? Pois
então... esse é o tema deste maravilhoso artigo: cães de guerra! Vem com a
gente conhecer um pouco do trabalho desses guerreiros de quatro patas!
Origem
Na
primeira Grande Guerra (1914-1918), foram utilizados 400.000 cães da raça
Pastor Alemão. A Alemanha, desde 1883, incorporava pastores ao seu exército,
sendo que, no início da guerra, possuía cerca de 6.000 animais, aos quais
anexou mais 35.000!!!
Já a
França possuía um esquadrão de aproximadamente 12.000 cães. A Bélgica, a Itália
e a Inglaterra também. Na 2ª Guerra Mundial, o uso foi grande, principalmente
pela Alemanha, com um efetivo de 200.000 cães. Os
EUA não possuíam cães de guerra. Porém, a partir desse momento, começaram a
receber os cães pastores e, então, desenvolveram centros especiais de
treinamento militar para cães, denominados K-9, chegando a instruir, durante o
conflito, cerca de 15.000 cães, que participaram de batalhas na Europa e até
mesmo na África.
Na foto, um Pastor Alemão mensageiro pronto para transportar mensagens, munição, entre outras coisas, durante a Primeira Guerra Mundial. |
Eles
também foram utilizados pelos Russos como cães suicidas em operações antitanques. A
Inglaterra possuía dois adestradores por batalhão e uma escola especial para
treinamento de cães para detecção de minas. Na Itália, destacaram-se
como cães paraquedistas! Quando
atuam com um grupamento de combate (que normalmente é composto por 36 homens),
eles podem realizar diversas missões, tais como varreduras para detectar
explosivos, munições e armas. Além disso, atuam fazendo a guarda e a segurança
desse grupamento. Um exemplo disso: eles podem alertar o grupo quando ocorrer a
aproximação do inimigo e, além disso, rastrear o inimigo para atacá-lo. Nesse
caso, atuando em um grupamento de combate, pode haver 1 ou até 2 cães de
guerra.
Mas...e na FAB?
Se
você acompanha as mídias sociais da FAB, já deve conhecer a 2º Tenente
Francieli Marconato. Quase garota propaganda dos cães de guerra da Força,
Francieli já apareceu em várias de nossas publicações falando sobre o assunto,
mas muito pouco sobre ela... Veterinária da Base Aérea de Santa Maria (e
natural da mesma cidade, no Rio Grande do Sul), desde criança amava
incondicionalmente os animais e sempre quis ser médica veterinária. “Esse
é o sonho de muitas pessoas quando criança. Porém, persisti nesse sonho e nunca
desisti. Se hoje pudesse escolher novamente o que fazer, com toda a certeza,
escolheria a medicina veterinária. Amo o meu trabalho. Amo o que faço e sempre
terei orgulho dessa profissão”, afirma a militar. Ser médica
veterinária foi a realização de um sonho para ela.
Mas
aí você pergunta: a FAB tem médicos veterinários? E nós respondemos: temos sim,
vários, por todo o país! A
Francieli, por exemplo, ingressou realizando o alistamento como voluntária para
prestar o serviço militar. Depois disso, realizou uma entrevista e escolheu o
local/unidade que desejava servir e, posteriormente, entregou o seu currículo
para ser analisado. Passado algum tempo, ela foi selecionada para o Estágio de
Adaptação e Serviço (EAS), que foi realizado na cidade de Canoas/RS.
Trabalho
Diariamente, a Tenente acompanha a rotina de treinamentos dos
cães, além de verificar a alimentação e a quantidade de ração que eles recebem.
Ela também realiza inspeções diárias em todos eles. No canil Vento Divino (esse
é o nome do canil da Base Aérea de Santa Maria), atuam 14 militares, sendo um
oficial médico veterinário e chefe do Pelotão de Cães de Guerra (nesse caso a
Francieli), 1 sargento encarregado do setor, 1 cabo adestrador e 11 soldados
adestradores.
Mas
por que o nome Vento Divino? Explicamos: o canil recebe esse nome devido
ao vento minuano característico dos pampas gaúchos. Também é fruto do espírito
de corpo obtido pela convivência entre soldados e superiores. Além
disso, o canil foi criado no dia 13 de agosto de 1976 e esse ano
completará 40 anos.
Raças utilizadas
Na
Base Aérea de Santa Maria, os cães são das seguintes raças: Pastor Alemão,
Pastor Belga Malinois, Pastor Suíço, Dobermann, Labrador e Border Collie. “Utilizamos
essas raças devido à necessidade para cada tipo de trabalho a ser desenvolvido.
São raças de fácil aprendizagem e de boa socialização”, explica a
Tenente Francieli. Hoje, apenas esse canil conta com 20 guerreiros de 4 patas,
que ajudam os militares a cumprir várias missões. Normalmente, os próprios
adestradores escolhem o nome dos cães.
Treinamentos e dieta
Os
cães são treinados desde filhotes, observando a raça e as aptidões que
demonstram. Existem três importantes fases de treinamento do cão militar: a
estimulação precoce, que inicia 24 horas após o nascimento do filhote; o in
print (alguém aí leu Crepúsculo?),
em que são instigados a conhecer novos ambientes; e a potenciação, que inicia
quando os cães já estão com a musculatura mais firme e a dentição de leite já
foi substituída. “Com o conhecimento que temos hoje,
podemos modelar o cão para qualquer função que desejarmos, desde que as três
primeiras fases tenham sido bem executadas”, explica o Tenente
Veterinário Paulo Lima Borges, do canil do VI COMAR. Os
cães realizam treinos de obediência básica, bem como atividades físicas por
meio de corridas e treinamento na pista de obstáculos. Eles também treinam
socializações com água, barulhos e altura (rapel), além de treinos específicos
em cada área de trabalho. A dieta deles é ração de qualidade Super Premium.
Pastor Belga Malinois Dobby treinando faro de entorpecentes. |
Pastora Belga Malinois Glock realizando treinamento de guarda com o S2 Jovani. |
Treinamento de rappel da canina Luna, da raça Labrador, na Base Aérea de Santa Maria, como parte do treinamento de busca e salvamento de pessoas desaparecidas. A altura? 10 metros! |
A Tenente Francieli realiza atendimento ao canino Pastor Belga Bally (in memoriam) fazendo exames pré cirúrgicos para procedimento de ovariosalpingohisterectomia e mastectomia bilateral. |
Cães participam do 2º Curso de Cães Detectores de Entorpecentes, Armas e Munição realizado no Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial de Brasília. |
CANOAS/RS - No Batalhão de Infantaria da Aeronáutica
Especial de Canoas está sediado o Canil Chimango, que tem 10 cães, sendo 5
da raça Pastor Alemão, 4 da raça Belga de Malinois e 1 Hottweiler. Lá
os cães têm treinamento focado em faro e localização de evidências para
entorpecentes, além de um cão de faro de itens bélicos em geral. E como
trabalho secundário, a busca ativa de pessoas em matas. Neste trabalho, entra o
rastreamento de sniper inimigo. Todos eles atuam sob a supervisão do 2º
Tenente Veterinário Glauco Fernandes Gomes de Freitas.
Treinamento no Canil Chimango em Canoas/RS. |
Treinamento de rastreamento de sniper inimigo com o cão Pétros, da raça Malinois. O maior inimigo de um sniper é o outro sniper. E o segundo maior inimigo é o cão de guerra. |
Olha
só o nível! Os cães são treinados para realizar missões de faro de
entorpecentes e explosivos, para guarda e segurança de instalações, busca e
salvamento de pessoas, treinamento para participação em formaturas militares.
Além disso, também realizam a segurança do aeródromo, espantando os pássaros
que ali pousam (evitando o perigo aviário). Quando a Unidade recebe visitantes,
eles também realizam apresentações como demonstração de obediência, pista de
obstáculos, de guarda e de faro. Em
2007, a Pastora Belga de Malinois Bally participou dos Jogos Pan-Americanos
como farejadora de entorpecentes. Já o Pastor Belga de Malinois Zina também
atua como farejador de entorpecentes em operações em Santa Maria, em conjunto
com a Brigada Militar, Polícia Civil e Receita Federal.
Confira,
abaixo, um pouco mais do trabalho dos nossos cães de guerra atuando em diversas
missões.
Cães fazem segurança e buscas durante grandes eventos, como a Rio+20 e a Copa do Mundo de 2014. |
Militares do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial do Galeão e seus Cães fazem a segurança da Base Aérea do Galeão. |
Cão do Pelotão de Cães de Guerra da Academia da Força Aérea durante demonstração para o público em um Domingo Aéreo |
Militar e seu cão realizando a segurança aeroportuária no Rio de Janeiro. |
Cães da Base Aérea de Natal atuando na segurança das instalações e de aeronaves durante a Operação Cruzex. |
SÃO PAULO/SP - A Base Aérea de São Paulo
tem, atualmente, 6 cães: 1 Pastor Alemão e 5 Pastores Belga de Malinois. E
a 2º Tenente Veterinária Daniela Martins Luciano Borges que gerencia os cães.
PIRASSUNUNGA/SP - Como você viu acima, nessa
cidade está sediado o Pelotão de Cães de Guerra da Academia da Força
Aérea, que tem o seguinte efetivo de cães: 3 cães da raça Pastor Belga de
Malinois, 4 cães da raça Pastor Alemão e 1 Rottweiler. Eles atuam em
atividades como: 2 cães para guarda de instalações, 3 cães de
patrulha, 1 cão de faro de drogas e 2 cães em formação para faro de
drogas.
RIO DE JANEIRO/RJ - O Pelotão de Cães de Guerra do Batalhão de Infantaria da
Aeronáutica Especial do Galeão tem 12 cães, sendo 1 Pastor Alemão, 2
Labradores e 9 Pastores Belga de Malinois.
BRASÍLIA/DF - O Pelotão de Cães de
Guerra Guardiões da Alvorada, do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial
de Brasília, tem 18 cães da raça Pastor Belga de Malinois, que realizam
missões de guarda e proteção/choque, faro de entorpecentes e busca e
salvamento. Tudo sob a coordenação do 1º Tenente Veterinário Paulo André
Lima Borges e da 2º Tenente Veterinária Flávia Aline Silveira Alvim Mendes
de Oliveira.
ANÁPOLIS/DF - O Pelotão de
Cães de Guerra da Base Aérea de Anápolis conta com os seguintes cães: 1
Pastor Alemão Capa Preta, 4 Pastores Alemães Cinza, 10 Pastores Belga
de Malinois, 2 Jack Russel Terrier de Duplo Emprego K-9 (ataque e
faro). O 2º Tenente Leonardo Alcântara Dias é o veterinário responsável.
GAMA/DF - A Terceira Força Aérea tem
no seu efetivo os seguintes cães de guerra: 3 Pastores Alemães Capa Preta
e 2 Malinois.
SALVADOR/BA - O Pelotão de Cães de
Guerra do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica da Base Aérea de Salvador é
comandado pelo Tenente Veterinário Maurício Dias Moura. Na foto abaixo, um
dos cães em um desfile na cidade. Atualmente, o canil tem 8 cães, sendo 3
Rottweillers, 2 Pastores Belga de Malinois e 3 Pastores Alemães.
A 2º Tenente Veterinária Raquel Tomé do BINFAE MN com o cão Bolt. |
Os cães de Manaus aprimoram o condicionamento físico nessa piscina. Na foto está a cadela Rubi. |
BOA VISTA/RR - Na Base Aérea de Boa
Vista, está sediado o Canil Arimaraka que, atualmente, conta com 8
cães, sendo 5 Malinois, 2 Pastores Alemães e 1 Labrador. A chefe
lá é a 2º Tenente Veterinária Laressa Kaore Kakimoto.
Aposentadoria? Sim, para eles também...
Esses
guerreiros ficam ativos conforme sua resposta aos treinamentos. Em média, eles
ficam 8 anos ativos. Quando acaba seu tempo, eles são doados, geralmente, para
os seus treinadores ou para outras famílias que tenham
interesse em adotar algum desses cães. Isso mesmo! Essa é
uma dica que poucos conhecem... se você tem interesse e condições de adotar um
desses animais, procure a unidade mais próxima e se informe!
Bônus você sabia?
Esse
é o Cairo. Ele é um cão americano que participou de uma operação ultrassecreta
e ajudou a capturar um dos vilões mais procurados de todos os tempos, o
terrorista Osama bin Laden, em 2011. Dias após essa missão, ele recebeu um
afago de um dos homens mais importantes do mundo, o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama.
Confira esse vídeo produzido pelo CECOMSAER: FAB forma mais uma
turma de condutores e cães farejadores:
FONTE: Força Aérea Blog
Nenhum comentário:
Postar um comentário