Agente treina no Comando de Operações Especiais com o novo equipamento,
que tem maior poder para neutralizar o alvo e menor alcance Foto: Estefan Radovicz /
Agência O Dia
Por: Redação OD
Policiais militares começaram a treinar com as novas carabinas que
substituirão os fuzis nos bairros da Zona Sul e onde houver aglomerações de
pessoas, como as regiões no entorno das competições da Rio 2016. O armamento
tem menor alcance, reduzindo o risco de balas perdidas, e também será uma
segunda opção ao fuzil para agentes de Unidades de Polícia
Pacificadora. “A imagem da carabina agride menos. É complicado você andar
na Zona Sul com uma arma de guerra, como o fuzil. Em áreas que não são de confronto,
pacificadas, a carabina é mais eficiente”, afirmou o major Joelmir dos Santos,
que coordena o treinamento.A mesma justificativa foi usada pelo secretário de
Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que acompanhou o primeiro dia de
treinamento no Comando de Operações Especiais.
“Esse é o fim de mais um processo que a gente sempre sonhou: colocar uma
arma cada vez mais adequada ao uso do policial no meio em que ele se encontra.
Então, um fuzil não é adequado no meio de um conglomerado de pessoas. A carabina
também tem poder de parada maior que o fuzil e isso faz parte de uma polícia
menos letal”, disse. Segundo Ronaldo Olive, especialista em armamento, o
tiro de uma carabina ao atingir o alvo dificilmente irá passar pelo seu corpo,
ao contrário do disparo de um fuzil. “O chamado poder de parada é maior, ou
seja, o tiro para no alvo, evitando assim que o projétil transfixe o criminoso
e atinja um inocente. Assim, irá diminuir o número de balas perdidas”, afirmou.
Ainda segundo Olive, a munição da carabina é do tipo expansiva, ou seja,
ela expande no alvo, anulando qualquer reação. “É mais letal para o bandido,
sim, mas atinge o objetivo: neutralizá-lo. Já o fuzil é usado em guerra pois
pode passar o alvo e atingir outros inimigos.” Semanalmente, serão treinados
240 policiais militares de Unidades de Polícias Pacificadoras. “Os treinamentos
de tiros reduzem o erro no disparo e aumentam o controle do policial em
situação de estresse”, afirmou o major Santos.
Beltrame queria total substituição
O anúncio da compra das carabinas foi realizado em 2008, pelo próprio
Beltrame. Na época, com uma visão otimista da expansão das Unidades de Polícia
Pacificadora, o secretário queria trocar todos os fuzis por carabinas. Somente
agentes das chamadas forças especiais, como Bope (Batalhão de Operações
Especiais), iriam ter permissão de utilizar o armamento mais letal. Em
depoimento à Comissão de Segurança, na Alerj, em dezembro do ano passado, o
deputado Flavio Bolsonaro (PSC) chegou a perguntar se, com várias UPPs apresentando
problemas de confrontos e mortes de policiais, não seria o momento do projeto
ser revisto. Beltrame disse que não, e anunciou a substituição do armamento.
“Policial de UPP, em tese, não tem que atirar em ninguém. A bala do fuzil
atravessa barracos. Essas armas novas causam um estrago menor”, disse. A cúpula
da PM reagiu à ideia de abandonar totalmente o fuzil e, agora, as carabinas
serão usadas como segunda opção aos policiais militares.
Armas com defeito foram devolvidas
O modelo de carabina que será utilizado pelos agentes é a CT 40, que
possui o mesmo calibre da pistola de uso dos policiais. A compra desse
armamento, no entanto, atravessou percalços. Em 2009, a Secretaria de
Segurança Pública investiu cerca de R$ 6 milhões na compra de 1.331 carabinas
calibre CT 30, com inexigibilidade de licitação. Sete meses depois, 1.000 armas
foram devolvidas à Taurus, empresa que as produziu. O motivo: as munições
emperravam e não eram disparadas. Algumas armas chegaram a derreter após os
disparos. Somente o lote entregue à Polícia Civil permanece ativo. O
processo de licitação da compra do lote entregue à Polícia Militar não está
disponível no site Transparência, sendo o único nessa condição entre todos os
realizados com a mesma empresa. Após o recall, a PM fez testes na
fábrica e optou pelo calibre .40. A verba usada na compra das carabinas
devolvidas foi utilizada, mas ainda não há detalhes de quantas armas foram
entregues. Procurada pelo DIA, a secretaria de Segurança não
retornou ao contato.
FONTE: Jornal O Dia
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