Por: Anderson Gabino
O Navio de Transporte BARROSO PEREIRA, foi o segundo de uma série de quatro navios (CUSTÓDIO DE MELLO, ARY
PARREIRAS e SOARES DUTRA), construído junto aos Estaleiros
ISHIKAWAJIMA HEAVY INDUSTRIES CO., Japão, cuja quilha foi batida em
13 de dezembro de 1953, lançado ao mar em 07 de agosto de 1954 e
incorporado à Armada em 07 de janeiro de 1955 pelo Aviso Ministerial
nº 062, com indicativo visual G16. Primeiro navio da Marinha do
Brasil a ostentar o nome BARROSO PEREIRA, em homenagem ao Imediato da
Fragata NITERÓI, Capitão-de-Fragata Luiz Barroso Pereira,
que fez parte na Campanha da Independência, perseguindo a esquadra
lusitana que se retirava da Bahia até avistar as costas de Portugal.
Este
oficial faleceu em 27 de abril de 1826, no posto de comando da
fragata IMPERATRIZ, ao repelir abordagem de vasos de guerra
argentinos comandados pelo Almirante Brown por ocasião da campanha
de consolidação da Independência do Brasil. O navio zarpou de
Tóquio, Japão, em 1º de fevereiro de 1955 chegando a Belém em 16
de março. Até a chegada o navio veio guarnecido por tripulação
japonesa integrada pelo Comandante Kondo Jiro, nove oficiais e mais
37 homens, além do engenheiro “Garantia” Ishizuka Jinzo. Nesta
viagem de vinda para o Brasil transportou 1.600 t de ferro,
sobressalentes para 5 anos dos navios transporte encomendados e mais
12 embarcações de desembarque. Da guarnição japonesa,
permaneceram a bordo depois da incorporação do navio à Armada, por
prazos diferentes, 4 tripulantes japoneses (“Garantia”, 1º
maquinista, rádiotécnico e o encarregado da lavanderia).
O
navio foi construído em chapa de aço doce, baixo teor de carbono,
1/2 polegada, 148 cavernas, dividido em oito compartimentos
estanques, cinco porões estanques até o convés principal, uma
chaminé, dois mastros, um à vante e outro à ré, com quatro paus
de carga. Os porões números 2, 3, 4 e 5 eram conversíveis para
carga ou tropa (1.800 homens). Possuía as seguintes características:
119,42m de comprimento total; 110,34m de comprimento entre
perpendiculares; 8,53m de pontal; 16,00m de boca máxima; 5,480t
brutas de deslocamento; 2.739t líquidas de deslocamento; 9.464t de
deslocamento carregado; 5,820,4t leve; 3.643t DEADWEIGHT; 6,25m de
calado máximo; 3,02m de calado mínimo. Com o navio servindo de
transporte de tropas deslocava 5.565t leve com calado médio de
3,150m.
Era
equipado com dois grupos de propulsão a vapor Ishikawajima, um a
boreste e outro a bombordo, dispondo cada grupo, de uma turbina de
alta pressão (AP), Curtiss Rateau e uma de baixa pressão (BP),
para marcha adiante, e de um elemento de marcha atrás Curtiss,
montado na carcassa de cada uma das turbinas de AP e BP, 4.800SHP de
potência total, que acionavam dois hélices de quatro pás de bronze
manganês com 3,7m de diâmetro; duas caldeiras Ishikawajima,
aquatubulares, de dois tubulões e paredes d’agua, dispondo de
superaquecedor integral e pré-aquecedor de ar, 1.200 Ka/h de vapor,
pressão de 20kg/cm2, 350º c, alimentadas por óleo combustível;
dois destiladores com capacidade para 36t/24h cada um, bomba de
alimentação auxiliar alternativa, tipo Warren, retirada dos
contratorpedeiros classe “A”; leme telecomandado do passadiço ou
do compartimento da máquina do leme, situado à ré (bomba manual),
transmissão eletro-hidráulica que, além da manobra normal,
proporcionava o governo automático do navio; 13,5 nós de velocidade
de cruzeiro, raio de ação de 8.000 milhas; 15 nós de velocidade
máxima mantida, raio de ação de 7.600 milhas.
A
energia elétrica era fornecida por dois alternadores de 450KVA
(360KW),440/450v, corrente alternada, 60 ciclos, movimentados pelas
turbinas principais; gerador auxiliar de 150KVA (120KW), 440/450
volts, corrente alternada, 60 ciclos, movimentado por motor Diesel
MWN, 8 cilindros; gerador de emegência de 75KVA (60KW), 440/450v, 60
ciclos, automático, movimentado por motor Diesel de 6 cilindros. O
navio foi construído para receber quatro canhões de 3 polegadas e
quatro de 40mm, entretanto, possuía o seguinte armamento: dois
canhões de 76,6mm, mod. 22, duplo emprêgo, instalados em
plataformas próprias, à ré (instalados em 1965); quatro
metralhadoras antiaéreas Oerlinkon, 20mm, mod.4, duas à vante e
duas a meio navio, no convés nº 2.
Para
navegação e comunicações dispunha dos seguintes equipamentos:
agulha giroscópica Sperry MK XIV, MOD.I, T-1258, Tokio Keiki
Sizosho; agulha magnética padrão; agulha magnética de governo;
duas agulhas magnéticas para pequenas embarcações; odômetro de
fundo; odômetro de superfície; radiogoniômetro Rhaytheon 358
A; ecobatímetro ET-SQW-3V Coester; radar Rhayteon 1.500B; oito
transmissores UHF; dois receptores UHF; receptor Omega; quatro
receptores HF; quatro transceptores de SSB; um transceptor de VHF;
três amplificadores de audio; máquina teleimpressora; um
transmissor de 500KHZ; dois transmissores de balsa; conversor
telegráfico. Posteriormente, foram instalados ou substituídos os
seguintes equipamentos: instalado um receptor de navegação satélite
ET-SRN-1 Prologo (1985); removido o radiogoniômetro Avibras
RC-10/SRD-1 e instalado um radiogoniômetro JLD-1100; instalado um
transceptor de HF RF-2301 (1985); instalado um transmissor de HF
ET-SRT-6 (1985); removidos um receptor de VHF NA/VCR-13 e um
tranceptor de SSB NA-URC-58; substituídos quatro transmissores de HF
(1988).
Além
de ventiladores e extratores de ar, navio era equipado com: cinco
aparelhos de ar condicionado principais, de grande porte, que serviam
à praça d’armas, câmara do comandante e enfermaria; outros 14 de
pequeno porte serviam aos camarotes dos oficiais e à sala de
cirurgias. O navio era equipado com sete câmaras frigoríficas para
mantimentos e dois paióis de munição, sem ventilação, com rede
de borrifo e isolamento térmico, situados no convés principal.
Para salvamento e serviços o navio dispunha de uma lancha de fibra
de vidro, motor Diesel, dois cilindros, 26HP, com capacidade para 22
homens; uma baleeira de 10 remos com capacidade para 34 homens; 58
balsas salva-vidas infláveis, com aparelho de escape hidrostático,
cada uma com capacidade para 15 homens; duas chalanas para tratamento
da pintura de costado; 8 balsas sobressalentes e 206 coletes
infláveis individuais. A guarnição do navio era composta por 13
oficiais e 147 praças.
Pela
Portaria Ministerial nº150, de 24 de fevereiro de 1995, foi
determinada a baixa do Navio Transporte BARROSO PEREIRA.
Durante os quarenta anos em que serviu à Marinha do Brasil, o navio
percorreu 888.370 milhas e fêz 3.420 dias de mar, participando de
quase a totalidade de operações ocorridas no período, a saber:
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1958 - Transporte do Batalhão de Suez;
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1958 - Transporte de flagelados do Nordeste para a Amazônia;
- 1959 - Viagem de instrução com turmas da Escola de Marinha Mercante;
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1960 - Transporte do Batalhão de Suez;
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1961 - Transporte do Batalhão de Suez;
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1962 - Transporte do Batalhão de Suez;
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1963 - Transporte do Batalhão de Suez;
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1969 - Transporte do material do 8º Batalhão de Engenharia de Construções, do Sul a Antarém, para as obras da Transamazônica;
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1973 - Participou da OPERAÇÃO MANÁGUA, transportando para a capital da Nicarágua, medicamentos, viaturas, alimentos e vestuário, doados pela população brasileira aos flagelados do terremoto;
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1976 - Operação anfíbia II-76/ROMIKE;
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1976 - Operação ANFIBIEX-III;
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1978 - Operação ROMIKE DELTA;
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1978 - Operação DRAGÃO XIV;
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1979 - Operação ARAGEM VII;
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1979 - Operação ANFIBIEX III;
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1980 - Operação ANFIBIEX I;
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1980 - Viagem de Adestramento de alunos da Escola de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha (EFORM);
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1980 - Operação ARAGEM XI;
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1981 - Operação AMFIBIEX I/81;
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1981 - Operação DRAGÃO XVII;
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1982 - Operação ANFIBIEX/82;
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1982 - Operação DRAGÃO XVIII;
- 1983 - Viagem de adestramento de alunos da Escola de Formação de Oficiais da Resrva da Marinha Mercante;
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1983 - Operação COSTEIREX-SUDESTE I;
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1983 - Operação GBDEX;
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1983 - Operação DRAGÃO XIX;
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1983 - Operação SEGUREX SUL II – viagem de adestramento de alunos da Escola de Aprendizes marinheiros de Santa Catarina;
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1983 - Operação OCEANEX;
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1983 - Operação SEGUREX SUL I; apoio a viagem de instrução da Escola de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina;
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1984 - Operação DRAGÃO XX;
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1984 - Operação SEGUREX SUL II;
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1984 - Operação PRAIA;
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1984 - Operação TEMPEREX II;
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1984 - Operação CABRALIA;
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1984 - Operação PRAIA;
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1984 - Operação TROPICALEX I;
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1985 - Operação NORD-85/ADESTRAMENTO;
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1986 - Operação FINEX 86;
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1986 - Operação INTERPORTEX SUL 1 para adestramento de aprendizes marinheiros da Escola de Santa Catarina;
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1986 - Operação INCURSEX I e adestramento de patrões;
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1986 - Operação TROPICALEX-II-86;
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1986 - Operações POIT IV e APOLOG NORTE III;
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1987 - Operação FINEX (exercício);
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1987 - Operação SUBEX (exercício);
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1987 - Operação PRÉ-GABEX-I (exercício);
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1987 - Operação APOLOG SUL-II/87;
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1987 - Operação DRAGÃO XXIII;
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1988 - Operação DRAGÃO XXIV;
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1989 - Operação INCURSEX-II e SEGUREX-II (exercício)
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1989 - Operação APOLOG-NORTE II; viagem de instrução de aprendizes marinheiros da Escola do Espírito Santo; INTERPORTEX-NORDESTE II e TRANSBORDO-NORSDESTE II;
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1989 - Operação APOLOG II e OPERAÇÃO TUCUXI;
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1989 - Operação DRAGÃO XXV;
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1990 - Operação CABRÁLIA
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1990 - Operação DRAGÃO XXVI;
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1990 - Viagem de instrução com alunos do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA);
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1991 - Viagem de instrução com alunos do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA);
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1991 - Viagem de instrução com grumetes da Escola de Aprendizes Marinheiros de Pernambuco;
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1991 - Viagem de adestramento de patrões;
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1992 - Operação EUROPEX;
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1993 - Operação TROPICALEX/93;
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1993 - Operação DRAGÃO XXIX (sua última comissão, sendo em seguida descomissionado do serviço ativo da Marinha do Brasil).
Referência Bibliográfica: Diretoria de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha
2 comentários:
Valente navio Barroso Pereira. Tive a honra de servir neste navio. Nele fui a IIlha da Madeira, Itália, Inglaterra e Las Palmas em 1984. Eu era o MNQSM Oliveira 812068.79 Um marujo Apaixonado em Funcha
Servi no valente navio Barroso Pereira. Nele viajei para a Ilha da Madeira, Itália, Inglaterra e Las Palmas, sem contar a viagens intenas. Eu era o MNQSM OLIVEIRA 812068.79 Um marujo apaixonado em Funchal
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