quarta-feira, 14 de junho de 2017

3a Jornada de Segurança de Vôo da ALA 13 (BASP)



Por: Yam Wanders.

Os palestrantes: Tenente QOCOM Karina Bayer, Ten Cel AV Matos,
Cel AV Kennedy e Ten Cel R1 Reis.
Em mais uma iniciativa de sucesso, a ALA 13 (Base Aérea de São Paulo) realizou outra edição anual de seu já bem conhecido Seminário de Segurança de Vôo, organizado pela SIPAA da mesma, e tendo como local o auditório do Instituto de Logística da Aeronáutica, outra organização conhecida pela excelência em seus cursos e outros eventos, o Seminário foi um grande sucesso, que contou com palestrantes de alto nível e expectadores de todos os meios da aviação civil e militar, vindos de diversos estados do Brasil representando as mais variadas instituições.
Em um mesmo ambiente encontramos desde profissionais que são verdadeiras lendas vivas na nossa aviação, passando pelos profissionais de segurança pública até alunos/as de escolas de aviação civil.


A palestra de abertura foi proferida pelo Exmo Sr Major Brigadeiro do Ar Lourenço, Comandante do IV COMAR.

Assuntos repetitivos?

Os assuntos abordados aparentemente podem parecer repetitivos aos olhos de participantes que não carregam dentro de si o que chamamos de "espírito da prevenção" e/ou do empenho com a qualidade total em seu trabalho, afinal o ser humano é parte de um sistema complexo, que foi bem exemplificado em todas as palestras do seminário, e sistema tão complexo que começa pela auto-avaliação de cada um quando começa o dia e quando esse dia termina, mesmo que tudo tenha corrido bem.
Imagem via SIPAA/ALA13/BASP.

Seguindo a tendência internacional de foco nas análises do comportamento humano e do seu aperfeiçoamento através de processos sérios de análise e de treinamento, o seminário deixou bem claro que, mesmo em aparente repetitividade de assuntos abordados, todos tem a importante mensagem de foco em observação do ser humano como o maior responsável pelo que dá certo quando o trabalho é bem empenhado e pelo que dá errado quando apenas um dos elementos de uma cadeia de eventos acaba falhando, seja pelo motivo que for.
Como muitos profissionais do meio sabem, a chamada "Blood Line" bem observada é o exemplo maior do que afeta o ser humano em suas atividades de risco independente da formação profissional ou capacidade intelectual ao redor do mundo. E na Aviação não é em nada diferente.

Exmo Sr Major Brigadeiro do Ar Lourenço, Comandante do IV COMAR.

Não existem mais "novidades"!?!?...

A novidade pode existir de maneiras agradáveis ou não agradáveis, quando novidades agradáveis são noticiadas, como por exemplo a queda de índices de acidentes e incidentes ou novos métodos de fornecimentode dados e estatísticas para estudos, a tendêndia natural é a do ser humano não encontrar mais a necessidade dos processos que levam a atingir esses resultados, e quando ocorre o contrário, ocorre a busca e a cobrança por essas "novidades" em ferramentas que forneçam os resultados esperados ou as soluções imperiosas.
Ao meu ver, uma das importantes finalidades de eventos como esse, é que, pelo menos a longo prazo não existam mais "novidades", pois na grande maioria dos fatos, as novidades acabam acontecendo devido a necessidades oriundas das ocorrências que causam os acidentes. Sendo assim, se os incidentes e acidentes não mais ocorrerem devido a um excelente trabalho de prevenção, certamente não existirá mais a necessidade de "novidades", pelo menos para a remediação/correção de fatores que diretamente causem os incidentes e/ou acidentes em geral. Porém sabemos que isso ainda é uma meta difícil, porém não impossível, afinal o estudo de casos do passado é ainda a principal ferramenta para evitar a recorrência de sinistros semelhantes no futuro.
De outro lado, quem já está a mais tempo no meio da ciência da prevenção e investigação de acidentes aeronáuticos, sabe que a cada dia novas gerações chegam ao seio da atividade aérea, e não podemos nos dar ao orgulho de desprezar ou desencorajar possíveis novos talentos que poderão colocar suas capacidades à serviço de nossa aviação. Existe também o fato que muitas outras áreas se espelham na aviação para desenvolverem suas atividades com a segurança que é desejada por todos.

Se um evento como esse ocorre ( o Seminário, ou outros em si) é devido ao fato não só das necessidades que cocorreram no passado, mas como o próprio nome do evento em si denomina o fomento da prevenção e dos métodos que propiciarão essa prevenção no momento presente e futuro.
Mesmo com a aparente repetição de análise de casos, cada caso devidamente "analisado e comentado" por profissionais com diferentes pontos de vista acabam sempre por expor detalhes que outros eventos não abordaram como também reavivar nosso nível de atenção para fatores e situações semelhantes com as quais convivêmos em nossos ambiêntes de trabalho e/ou missões similares.


A interação do meio civil e militar

Países que alcançaram expressivos resultados nas atividades de prevenção foram justamente aqueles aonde os 4° e 7°(*) mandamentos da Filosofia SIPAER são aplicados e principalmente exercitados em amplitude total. E o Brasil é um desses melhores exemplos em matéria de realização de eventos educativos que permitem a interação do meio civil e militar, permtindo até mesmo a quem não está ativo na aviação a ter acesso ao meio. 
Em vários países da Europa, devido ao receio da infiltração terrorista no meio da aviação civil, tudo tem se tornado mais e mais restrito, e a consequência foi uma elevação dos incidentes e acidentes aéreos principalmente na aviação particular e de turismo, aonde sempre são encontrados os fatores de comportamento humano de risco, inclusive com violações diretas e expressas aos regulamentos. A cada ano que passa novas gerações entram na aviação em  todos os países, todos procurando o óbvio aperfeiçoamento profissional mas infelizmente uma boa parcela ainda despreza a cultura da prevenção de acidentes. No Brasil infelizmente o fenômeno é presente também, mas não por falta de eventos fomentadores de segurança e sim por desprezo de uma pequena parcela de pessoas ligadas a aviação que tratam suas atividades sem a devida responsabilidade, principalmente nas bases da formação profissional.
O trabalho das instituições governamentais como o CENIPA e SERIPAS é aperfeiçoado a cada dia, e, a tendência é que uma vez acontecendo um incidente ou acidente, esse não ficará jamais sem a devida elucidação dos fatos, para o bom proveito da comunidade da aviação civil, que deve muito aos militares pela organização do meio desde a época do já extinto DAC - Departamento de Aviação Civil e pela criação do CENIPA, sendo esse último uma das organizações que mais dá orgulho à aviação brasileira.

*Mandamentos da Filosofia SIPAER; - 4. Prevenção de acidentes é uma tarefa que requer mobilização geral. - 7. Em prevenção de acidentes não há segredos nem bandeiras.

Mais imagens do evento
















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