terça-feira, 6 de setembro de 2016

Veterano da 2ª Guerra Mundial destaca a importância do Dia da Independência

Da esquerda para direita: Capitão Severino Francisco,Tenente Vinícius da Silva, Tenente Vasco, Coronel Vanutelli Duarte e Nestor Silva | Foto: Henrique Moura - Blog O Resgate FEB
Por: Redação OD
O ano era 1944 e com apenas 20 anos, Vasco Duarte Pereira chegou à Itália para lutar ao lado dos Aliados. Soldado do Exército, fez parte do segundo grupo de brasileiros enviados para a Europa com o objetivo de derrotar os países do Eixo. Hoje, aos 92 anos de idade, o ex-combatente está lúcido e sem sequelas graves causadas pelo conflito. Ele lembra com riqueza de detalhes os momentos difíceis e marcantes dos onze meses que permaneceu na guerra.

Como radiotelefonista, Vasco Pereira foi um dos responsáveis pela comunicação entre os pelotões de militares brasileiros. Apesar de se dizer preparado para o combate, revela um medo que era comum aos soldados. “Os alemães tinham métodos de descobrir aonde estava esse radiotelefone. Quando descobriam, montavam um bombardeio”. Ainda está viva na memória a morte de brasileiros que combatiam no mesmo pelotão, depois de pisarem em um campo minado.
Apesar de sentir orgulho por ter ajudado a derrotar os nazistas, o ex-combatente prefere não ser tratado como herói. “Eu sinto muito orgulho. Não sou herói, não fui herói. Heróis são aqueles que foram feridos gravemente e faleceram”. Por isso mesmo, acredita que “ninguém sai da guerra alegre”, mas aliviado pelo fim do conflito.


Pracinhas no 7 de Setembro

A participação de militares brasileiros na 2ª Guerra Mundial é um fato pouco conhecido, mas com grande relevância histórica. Vasco foi um dos 25 mil homens enviados à Itália como parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB), e é um dos poucos ainda vivos.  Anualmente, os “pracinhas” - como também são conhecidos os ex-combatentes – estão entre os destaques nos desfiles de 7 de Setembro. Vasco Duarte Pereira conta que participou de pelo menos 60 desfiles em comemoração à Independência do Brasil, desde que retornou da guerra, em 1945.

Agora, já não consegue ficar em pé por muito tempo e não deve participar do desfile deste ano, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Ainda assim, o espírito patriótico e cívico do ex-combatente permanece vivo. “Mesmo não estando pessoalmente lá, eu estou torcendo. Participar da parada [militar], aplaudir as Forças Armadas, os colégios, enfim, todos aqueles que participam, é importantíssimo. Ajuda a manter essa nação.”
Força Expedicionária Brasileira
A neutralidade brasileira na guerra durou até 1942, quando navios mercantes foram atacados por submarinos alemães. A negociação para o envio de militares à Europa envolveu a permissão para o uso de bases de operações dos Estados Unidos no Nordeste do país, além da criação da Companhia Siderúrgica Nacional. Por outro lado, o governo norte-americano ajudaria a reaparelhar as Forças Armas, inclusive com o objetivo de defender o território brasileiro.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi criada em 1943, mas somente em junho de 1944 o primeiro grupo seguiu para a Itália. Em conjunto com as tropas aliadas, os “pracinhas” evitaram o deslocamento dos alemães para a França e alcançaram diversas vitórias. A principal delas, em fevereiro de 1945, com a tomada do Monte Castelo. A participação da FEB foi encerrada em maio de 1945, com estimativa de 450 militares mortos.
Na avaliação do ex-combatente, “foi muito importante” a participação brasileira na guerra. Ele justifica dizendo que o país atingiu outro patamar de reconhecimento internacional. Além disso, garante que as Forças Armadas “aprenderam muito”, porque tiveram contato, por exemplo, com novas tecnologias militares e técnicas para garantir a disciplina das tropas. Quase centenário, o soldado Vasco Pereira já não está mais em combate, mas continua a lutar. Agora, pela preservação da memória dos “pracinhas”. É o presidente da Associação do Ex-Combatentes do Brasil, em Brasília, onde um museu ajuda a manter viva a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.

Fonte: Portal Brasil

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