Da esquerda para direita: Capitão Severino Francisco,Tenente Vinícius da Silva, Tenente Vasco, Coronel Vanutelli Duarte e Nestor Silva | Foto: Henrique Moura - Blog O Resgate FEB |
Por: Redação OD
O ano era 1944 e com apenas 20 anos, Vasco Duarte Pereira chegou à
Itália para lutar ao lado dos Aliados. Soldado do Exército, fez parte do
segundo grupo de brasileiros enviados para a Europa com o objetivo de derrotar
os países do Eixo. Hoje, aos 92 anos de idade, o ex-combatente está lúcido e
sem sequelas graves causadas pelo conflito. Ele lembra com riqueza de detalhes
os momentos difíceis e marcantes dos onze meses que permaneceu na guerra.
Como radiotelefonista, Vasco Pereira foi um dos responsáveis
pela comunicação entre os pelotões de militares brasileiros. Apesar de se dizer
preparado para o combate, revela um medo que era comum aos soldados. “Os
alemães tinham métodos de descobrir aonde estava esse radiotelefone. Quando
descobriam, montavam um bombardeio”. Ainda está viva na memória a morte de
brasileiros que combatiam no mesmo pelotão, depois de pisarem em um campo
minado.
Apesar de sentir orgulho por ter ajudado a derrotar os nazistas, o
ex-combatente prefere não ser tratado como herói. “Eu sinto muito orgulho. Não
sou herói, não fui herói. Heróis são aqueles que foram feridos gravemente e
faleceram”. Por isso mesmo, acredita que “ninguém sai da guerra alegre”, mas
aliviado pelo fim do conflito.
Pracinhas no 7 de Setembro
A participação de militares brasileiros
na 2ª Guerra Mundial é um fato pouco conhecido, mas com grande relevância
histórica. Vasco foi um dos 25 mil homens enviados à Itália como parte da Força
Expedicionária Brasileira (FEB), e é um dos poucos ainda vivos. Anualmente, os “pracinhas” - como também são conhecidos os ex-combatentes –
estão entre os destaques nos desfiles de 7 de Setembro. Vasco Duarte Pereira
conta que participou de pelo menos 60 desfiles em comemoração à Independência
do Brasil, desde que retornou da guerra, em 1945.
Agora, já não consegue ficar em pé por muito tempo e não deve
participar do desfile deste ano, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Ainda assim, o espírito patriótico e cívico do ex-combatente permanece vivo.
“Mesmo não estando pessoalmente lá, eu estou torcendo. Participar da parada
[militar], aplaudir as Forças Armadas, os colégios, enfim, todos aqueles que
participam, é importantíssimo. Ajuda a manter essa nação.”
Força Expedicionária
Brasileira
A neutralidade brasileira na guerra durou até 1942, quando
navios mercantes foram atacados por submarinos alemães. A negociação para o
envio de militares à Europa envolveu a permissão para o uso de bases de
operações dos Estados Unidos no Nordeste do país, além da criação da Companhia
Siderúrgica Nacional. Por outro lado, o governo norte-americano ajudaria a
reaparelhar as Forças Armas, inclusive com o objetivo de defender o território
brasileiro.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi criada em 1943, mas
somente em junho de 1944 o primeiro grupo seguiu para a Itália. Em conjunto com
as tropas aliadas, os “pracinhas” evitaram o deslocamento dos alemães para a
França e alcançaram diversas vitórias. A principal delas, em fevereiro de 1945,
com a tomada do Monte Castelo. A participação da FEB foi encerrada em maio de
1945, com estimativa de 450 militares mortos.
Na avaliação do ex-combatente, “foi muito importante” a
participação brasileira na guerra. Ele justifica dizendo que o país atingiu
outro patamar de reconhecimento internacional. Além disso, garante que as
Forças Armadas “aprenderam muito”, porque tiveram contato, por exemplo, com
novas tecnologias militares e técnicas para garantir a disciplina das tropas. Quase centenário, o soldado Vasco Pereira já não está mais em
combate, mas continua a lutar. Agora, pela preservação da memória dos
“pracinhas”. É o presidente da Associação do Ex-Combatentes do Brasil, em
Brasília, onde um museu ajuda a manter viva a participação brasileira na
Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Portal Brasil
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