A tripulação do avião Fantasma designada para o Comando de Combate Aéreo N.º 1, em Puerto Salgar, na Colômbia. (Foto: Geraldine Cook/Diálogo). |
Por: Geraldine Cook
Silencioso
e mortal. Assim sua tripulação o descreve. À primeira vista, o
avião AC-47T da Força Aérea da Colômbia (FAC), conhecido como o
“Fantasma”, não é surpreendente. No entanto, suas capacidades
de voo e combate fizeram os grupos terroristas tremerem na época do
conflito interno armado na Colômbia. “Assim
que os terroristas ouviam-no chegar, retrocediam”, disse o Capitão
da FAC Alejandro Henao, piloto do Fantasma. O pseudônimo Fantasma
foi criado pela tripulação porque o avião é indetectável nas
alturas, costuma realizar missões noturnas e o som que emite durante
o voo é como o do zumbido de um mosquito.
“Os
terroristas interrompiam qualquer hostilidade e retrocediam, quando
sentiam a presença do Fantasma, porque conheciam sua eficácia em
apoio próximo e ataque à revolta”, disse o Cap Henao. O Fantasma
auxiliava as comunidades atacadas pela guerrilha, que ouviam e
sentiam o contra-ataque do avião sem conseguir vê-lo. “Quando
estávamos na pior crise do terrorismo aqui na Colômbia, o avião oferecia essa segurança e esperança às comunidades mais afastadas
na área rural”, acrescentou. O
Fantasma é um avião de combate para ataque estratégico,
interdição, apoio aéreo próximo, reconhecimento e inteligência
aérea, vigilância, busca e resgate. Também serve como um
controlador aéreo avançado.
Entre suas missões estão as de apoiar
as tropas em terra, com monitoramento e reconhecimento da área,
iluminar com bastões para que as tropas se movimentem, tirar fotos e
escoltar outras aeronaves. Os
terroristas temiam os cavaleiros da noite, como a tripulação
costuma chamar o Fantasma, quando a aeronave os cercava, pois não a
sentiam chegar, só sentiam as rajadas das metralhadoras vindas do
céu. Aí nasceu o lema do Fantasma: “uma boa razão para sentir
medo”.
Simulador
com tecnologia nacional
O
Fantasma tem seu próprio simulador de treinamento. Com a réplica
exata de sua cabine de voo, o simulador é uma invenção tecnológica
única no mundo. O simulador foi inaugurado em janeiro de 2017 como
uma nova ferramenta para a formação de pilotos e instrutores na
Escola de Formação de Pilotos AC-47T, localizada no Comando de
Combate Aéreo N.º 1 da FAC, localizado em Puerto Salgar, na região
de Cindinamarca, na Colômbia. O projeto do simulador foi assessorado
pela FAC e construído por uma empresa privada colombiana.
“O
simulador fortalece o treinamento para as tripulações”, disse o
Major da FAC Germán Andrés Arias, comandante da Escola de Formação
de Pilotos AC-47T. “Podemos ter um treinamento melhor em cabine,
voar com visores à noite, cobrir qualquer tipo de emergência e
realizar um treinamento mais rigoroso em geral para estar muito bem
preparados”, disse o Maj Arias. O simulador também fortalece a
instrução dos pilotos do avião DC-3 das Forças Militares da
Colômbia.
Os
alunos podem treinar no simulador em qualquer momento e revisar os
procedimentos da aeronave, tanto em terra quanto no ar. A escola,
acrescentou o Maj Arias, espera poder oferecer a possibilidade de
treinamento do simulador às forças militares de outros países. “Há
dez anos, o simulador para o Fantasma não existia. Hoje, o simulador
é uma ferramenta vital”, disse o Cap Henao, ao lembrar de sua
época de estudante para ser piloto do AC-47T. “Antes, tínhamos
que aprender rapidamente, com o dia a dia das missões. Tínhamos que
aprender e corrigir”, disse.
Capacidades
de combate
A
FAC adquiriu mais de 60 aviões C-47 na década de 1930. Nessa época,
havia aeronaves de transporte de passageiros e carga. Engenheiros da
FAC iniciaram processos de modernização e incluíram algumas
particularidades na versão AC-47T. Em 1993, a FAC reformou oito
aviões, transformando-os em aeronaves de combate contra os grupos
terroristas e as organizações criminosas. Acrescentar
novos motores turbo hélice e sistemas elétricos, reforçar
estruturalmente, suspender o som emitido durante o voo e adaptar o
armamento foram algumas das modificações realizadas. Em 1997,
acrescentou-se o sistema com lentes de visão noturna. Atualmente, a
FAC possui seis aviões Fantasma.
Com
uma tripulação de sete pessoas a bordo e capacidade de voo de mais
de 7.000 pés de altura, o Fantasma pode voar por 10 horas. Além de
suas três metralhadoras GAU-19 calibre .50, ele conta com um sistema
de câmera com lente infravermelha FLIR (Forward Looking InfraRed),
bastões de iluminação noturna e um equipamento para desvio de
mísseis. “Não somos detectados porque os motores são muito
silenciosos”, disse o Maj Arias. “O FLIR nos oferece mais
capacidade para tirar fotos, temos mais precisão com o armamento e o
piloto é o único que pode fazer as entregas de armamento
[dispararem]”, acrescentou.
“É
um avião com múltiplos propósitos, utilizado para várias missões
diferentes na FAC”, disse o 1º Tenente da FAC Carlos Enrique
Londoño, copiloto do Fantasma. “Temos operações de apoio aéreo
próximo com metralhadoras, o sistema FLIR grava todas as missões,
cuidamos das comunidades vulneráveis e fazemos lançamento de
bastões.” Uma
das missões que enche o 1º Ten Londoño de orgulho é a realizada
contra a mineração ilegal. “Estamos realizando missões contra a
mineração ilegal, que destruiu muitas comunidades... isso tem sido
muito gratificante.”
A
1º Tenente da FAC Ana Cruz, que tem a função de navegante do
Fantasma, também está orgulhosa por fazer parte da tripulação de
um dos aviões mais simbólicos da FAC na luta contra o terrorismo.
“Apoio a navegação aérea, controlo as comunicações com várias
equipes a bordo e realizo as funções de equipamentos especiais como
o FLIR”, disse a 1º Ten Cruz, que acredita que seu trabalho é
“fascinante todos os dias” pela variedade de operações
realizadas. “Sinto-me muito orgulhosa do que faço. Todos nós da
tripulação somos como uma família.”
O Capitão da FAC Alejandro Henao, piloto do Fantasma, e o 1º Tenente da FAC Carlos Enrique Londoño, copiloto do Fantasma, estão prontos para iniciar uma nova missão. (Foto: Geraldine Cook/Diálogo). |
Por
sua vez, o Segundo Sargento da FAC Óscar Andrés Peña, chefe
armeiro do Fantasma, disse que sua tarefa fundamental é a de “ter
o armamento pronto”. O 2º Sargento Peña foi armeiro do Fantasma
durante 12 anos, participando de vários tipos de missões,
especialmente as de combate à guerrilha. “Essas aeronaves foram
muito úteis por sua configuração e pela forma como agem na área
de combate”, disse. Uma
nova missão chamou a tripulação do Fantasma a bordo. “É um
avião que tem muitas décadas operando na FAC e ainda é muito
eficaz”, disse o Maj Arias. Com o fim do conflito armado na
Colômbia, o Fantasma também fará trabalhos humanitários,
atendimento a desastres e missões de carga. “Somos muito
versáteis”, concluiu o Maj Arias.
FONTE: Diálogo Américas
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