Mergulhador militar francês nadando sobre destroços do avião norte-americano P-47 Thunderbolt, perto da ilha de Córsega. |
Por: Redação OD
Repousando
no leito do mar, à uma profundidade de 18 metros e diante de um dos
mais belos visuais da Córsega, uma equipe de arqueólogos americanos
(especialistas em busca de desaparecidos), auxiliados pela Marinha
francesa, buscam os restos mortais de um piloto norte-americano que
caiu no mar desta região durante a Segunda Guerra Mundial, no
cumprimento da promessa em levar de volta para casa, todos os seus
militares. "É uma questão de honra para o governo americano:
não deixamos ninguém para trás, mesmo os que tombaram no campo de
batalha. É uma promessa que cumpriremos, inclusive hoje, 75 anos
depois", explica Simon Hankinson, cônsul-geral dos Estados
Unidos em Marselha, e que acompanha de perto as buscas a partir do
Pluton, navio-base dos mergulhadores da marinha francesa.
Funcionário da DPAA analisando destroços do avião norte-americano P-47 Thunderbolt a bordo do navio francês FS Pluton M622. |
Diante
da costa oriental da ilha da Córsega, ao sul de Bastia, dez
mergulhadores franceses e dez americanos exploram desde o último dia
25 de até esta terça (03) o fundo do Mediterrâneo, na busca de
restos que permitam identificar o piloto de um caça P-47 Thunderbolt
que caiu no mar em 1944. A 30 metros de distância dali, repousa
outro P-47, mas seu piloto conseguiu sair da aeronave. "Estes
projetos de recuperação levam anos", explicou Dan Friedman,
tenente da Marinha americana, responsável por esta missão de busca
para a agência americana de Defesa POW/MIA Accounting Agency (DPAA),
agência esta do Departamento de Defesa americano, a qual foi
encarregada de encontrar os corpos de 83.000 militares americanos
prisioneiros de guerra ou tombado nos combates desde a Segunda Guerra
Mundial; 27.500 estariam no Mediterrâneo, e dos quais 8.000
poderiam, segundo estimativas, ser encontrados, e assim 'Fechar um
capítulo da história', finaliza o tenente.
Mergulhador francês olhando para os destroços do avião norte-americano P-47 Thunderbolt, perto da ilha de Córsega. |
Debaixo
d'água, mergulhadores franceses tentavam recuperar, na
segunda-feira, com a ajuda de uma máquina aspiradora, os sedimentos
em volta do aparelho, delimitado minuciosamente por seus colegas
americanos. "Aplicamos os mesmos métodos em que é feita a
arqueologia em terra, é preciso sermos muito minuciosos e precisos
para não deixarmos passar nenhum osso ou detalhe", explica o
comandante do Pluton. Colocados em uma caixa metálica que flutua na
superfície, estes sedimentos são depois transferidos a algumas
dúzias de frascos que depois são revisados por especialistas
americanos. "Separamos as provas potenciais que submetemos a uma
limpeza profunda para ver se há um número de série", explica
Ezra Swanson, um engenheiro do exército americano de 30 anos,
enquanto busca com suas mãos em meio a pequenos pedaços metálicos.
Todos
esses elementos vão ser enviados mais tarde a dois laboratórios da
DPAA, situados no Havaí e Nebraska, para serem submetidos a testes
de DNA. "É como uma investigação policial, são provas, não
podemos revelá-las enquanto o caso não estiver resolvido",
aponta Peter Bojakowski, arqueólogo submarino da DPAA, que confia em
que o piloto será identificado "tendo em conta a quantidade de
provas encontradas".Entre os elementos levados até agora à
superfície, há "um fragmento da placa pessoal de identificação
do piloto, solas de borracha, seu relógio e ossos", detalha o
comandante do Pluton. Estas descobertas serão decisivas. "Quando
são descobertos os restos de alguém que morreu há 75 anos, é
avassalador para a família (...), mas permite fechar um capítulo da
história", aponta o cônsul. Os restos do piloto serão
enterrados, como desejar sua família, ou no cemitério nacional de
Arlington, em Virgínia, ou em um dos cemitérios americanos na
França.
*Com informações da agência de notícia AFP, Fotos: BORIS HORVAT
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