terça-feira, 2 de maio de 2017

O Sargento e a Criação do Cargo de Adjunto de Comando no âmbito do Exército Brasileiro


Por: Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
Um Exército forte resulta da soma do valor de todos os seus integrantes e, por isso, todos devem ter o mesmo nível de comprometimento com a missão e com os valores que sustentam nossa Instituição, independentemente da posição que ocupem na escala hierárquica. É necessário, portanto, que todos os militares tenham pleno conhecimento de suas atribuições e que demonstrem, diariamente, elevado grau de dedicação à carreira das Armas.

O sargento teve sempre identificação forte com a instrução e a formação dos militares, por ser o agente executor nos pequenos escalões e por tornar-se uma das primeiras referências para os jovens que adentram aos quartéis e que se deparam com um universo de informações, exigências e valores muito distintos daqueles vivenciados na sociedade. Com o passar do tempo e com a experiência adquirida ao longo da carreira, o sargento continua a manter contato direto com a tropa e com as praças mais jovens, em virtude das funções que desempenha, do convívio diário e do grau de liderança que exerce no âmbito de sua organização militar.
A criação do cargo de Adjunto de Comando, que decorre da política de fortalecimento da dimensão humana da Força, visa destacar o subtenente ou o sargento com reconhecida liderança e capacidade de trabalho, designando-o para exercer a tarefa de assessorar os comandantes, em todos os níveis, nos assuntos relacionados às praças. Apesar do pouco tempo de criação do cargo, já é possível perceber os resultados dessa iniciativa, ao vermos os militares designados para o desempenho da função disseminando valores militares e agregando seus pares e subordinados, sendo facilitadores na solução das demandas e contribuindo, decisivamente, para o fortalecimento do espírito de corpo nas organizações militares.
A experiência e o entusiasmo pela carreira, aliados ao conhecimento profissional, são algumas das ferramentas empregadas pelo Adjunto de Comando na tarefa de orientar e motivar pares e subordinados, bem como no assessoramento aos comandantes em assuntos relacionados à esfera de atribuições do cargo. A presença do Adjunto de Comando nos mais diversos escalões da Força tem sido uma referência muito positiva, permitindo a contribuição com o ponto de vista dos graduados, que é baseado nas experiências vivenciadas e nas funções desempenhadas desde o início da carreira, seja nas frações elementares das Armas, Quadros e Serviços, seja nas tarefas administrativas necessárias ao funcionamento das Unidades.
No entanto, ainda se faz necessário o amadurecimento de uma cultura institucional para que o Adjunto de Comando seja inserido no dia a dia dos quartéis, pois a presença de uma praça integrando o Estado-Maior Especial e exercendo a função de assessoramento é criação recente, que será consolidada com o desempenho efetivo do cargo pelos militares nomeados e com o envolvimento dos comandantes em todos os níveis. Numa época em que se valoriza, cada vez mais, o principal ativo das organizações, que é o capital humano, as mudanças que visam garantir a participação e o comprometimento de todos os seus integrantes devem ser incentivadas e apoiadas, para que o resultado dessas medidas seja eficaz e duradouro.
“Não há nada mais difícil de manejar, mais perigoso de conduzir ou mais incerto de suceder do que levar adiante a introdução de uma ordem de coisas, pois a inovação tem por inimigos todos os que se deram bem nas condições antigas,e por defensores frágeis todos aqueles que talvez possam se dar bem nas novas”. Maquiavel - O Príncipe, 1532 
FONTE: EBlog
Nota da Redação: O Autor do Artigo o Srº Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira é General de Exército, e atualmente responde pelo Comando Logístico do Exército (COLOG).

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