O General Sérgio Westphalen Etchegoyen, que assumiu como
ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República de
Michel Temer, disse hoje lamentar o trabalho realizado pela Comissão Nacional
da Verdade (CNV) durante o governo Dilma. Para o militar, que representa a
terceira geração de uma família com integrantes do Exército, a investigação
sobre os crimes cometidos por agentes do estado brasileiro durante a ditadura
não permitiu o direito à defesa e ao contraditório. Em entrevista ao programa
Agora, da Rádio Guaíba, Etchegoyen defendeu que o grupo deveria ter tentado
encontrar um consenso entre os dois lados.
“Não critiquei o conceito da Comissão da Verdade. Não tenho
nada contra ele e acho que temos de contar a história do país. Eu aplaudiria
uma ação na qual sentassem todos os atores , discutissem sobre o que aconteceu
e encontrássemos uma história comum para que esse período que passamos não
ficasse com uma tarja preta o escondendo. A minha crítica, e da minha família,
foi o modelo utilizado quando a Comissão se limitou no tempo, no objeto e só
teve representantes de um lado. E, principalmente, o que me parece mais grave,
quando a comissão abandonou o conceito constitucional do contraditório e da
ampla defesa”, justificou. O nome do pai do ministro, Leo Guedes
Etchegoyen, foi incluído na lista das 377 pessoas apontadas pela CNV como
principais responsáveis por crimes contra os direitos humanos entre 1946 e
1988.
A crítica pública foi feita pela família Etchegoyen em nota
divulgada em dezembro de 2014, quando a comissão apresentou o relatório.
Conforme o general, a conclusão foi tomada sem que os integrantes da comissão
requisitassem qualquer tipo de informação ao Exército, "De repente, meu
pai apareceu na lista. Ninguém perguntou, ninguém questionou, o Exército não
recebeu pedido de informação como recebeu de centenas de outros. Uma pessoa
falecida, sem nenhuma possibilidade de contestar, que não teve nenhuma
investigação que tenha passado pelo Exército para confirmar se ele estava em
determinado local em tal época. Quando a gente levanta dados e estabelece
relação de causa e efeito entre os dados, sem ter embasamento de pesquisa,
contraditório e ampla defesa, apenas para estabelecer relação que convenham a
uma tese, é sempre questionável”, declarou.
A comissão respondeu que, entre outros episódios, foi
comprovado que Leo Guedes Etchegoyen recebeu um norte-americano especialista em
métodos de tortura para ministrar uma oficina aos policiais gaúchos. Na época,
ele era Chefe de Polícia do Rio Grande do Sul. A deputada federal Maria do
Rosário (PT-RS) rebateu os argumentos do general na entrevista, através do
Twitter. “Quem não teve como defender-se foram Vlado (Vladimir) Herzog, Rubens
Paiva e todos os torturados e mortos pela ditadura”, afirmou. A parlamentar
viabilizou a criação da Comissão Nacional da Verdade como ministra da Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2011.
FONTE: Rádio Guaíba
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