Tempos atrás, durante um episódio exibido pelo “GLOBO REPÓRTER “ fora mostrado militares americanos em atividade no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e foi destacado pela reportagem que havia um soldado, com enorme estatura e aparentemente boa capacidade física que não conseguiu concluir o curso, com isso a reportagem cambiou em uma linha de tentar-se menosprezar que o “gringo” não
teriam conseguido e tivera feito o pedido para sair do curso por motivo de
exaustão. O
programa elogiava os nossos guerreiros de selva em detrimento dos militares americanos, e aos olhos de leigos a reportagem tinha o intuito de
criar um ufanismo orgulhoso sobre a unidade, não que ela não
mereça, mas eu enxerguei com outros olhos a matéria, e vou explicar esta minha visão, neste artigo.
Meu
pai cursou o extinto COSSAC, o qual fora o embrião do atual CIGS, era os áureos anos 70 e o mundo era bipolarizado, onde os EUA patinavam em uma guerra
no sudoeste asiático, exatamente no mesmo tipo de teatro de
operações de selva do CIGS. A Guerra do Vietnã, foi perdida pelos EUA exatamente por eles não entenderem
o tipo de operação neste ambiente traiçoeiro, e claro que os EUA com seus
interesses de dominar mercados em quaisquer locais do mundo não iriam ficar no prejuízo e deixar de entender e dominar a operação de
combate na selva. Lógico
que aquele fuzileiro do programa não foi o único, que não completou o curso. Anos passaram-se e os pedidos de intercambio de militares americanos ao nosso curso de selva quase que cessaram (ou
ao menos reduziram a quase zero).
O
que para um leigo ufanista poderia parecer uma desistência deste teatro de operações, para mim era algo que me motivou ainda mais ao aguçar a minha curiosidade, onde comecei a pesquisar e indagar sobre
este "desaparecimento" de militares americanos no CIGS, claro não
crendo que um fracasso frente a cameras de uma TV em rede nacional, poderia ser o motivo
para isto. Em uma oportunidade, perguntei à um Ministro do STM, que fizera uma palestra no meu curso de Pós de
Direito Penal Militar, sobre este sumiço repentino dos militares americanos e o mesmo adotava exatamente a visão
ufanista e me respondeu: "Porque um batalhão deles na Amazônia
dura exatamente uma semana”, algo que alem de não levar em conta
a especificidade mundial das forças americanas, novamente levava em
conta nossa adaptação local a Amazônia, e isto não me servia de
resposta.
Procura-se daqui, dali, questiono a veteranos americanos amigos de meu meio irmão
que servira no Vietnã e finalmente descubro o motivo. Os
EUA para suprirem esta necessidade atual, fizeram sua própria escola
de guerra na selva, a Jungle Warfare Training Center, lembro
anteriormente que alem do CIGS os americanos também treinavam no
Panamá, na chamada Jungle Warfare Training Center das Américas em
Fort Marshall, para guerra em ambientes tropicais. Com o fechamento
daquela escola, quando da devolução por conta do Canal do Panamá para
aquele país. As bases e estruturas montadas lá, com a mudança de situação política daquele pais
após a assunção de Noriega ao poder, ficou praticamente inviável o acesso das tropas americanas a
aquela escola.
Mas, os americanos que não podem dar-se ao luxo de abandonarem o conhecimento
deste tipo de operação, ainda mais que a derrota do Sudoeste Asiático até hoje é um engasgo mal digerido na historia militar
dos EUA e partiram para uma nova Jungle Warfare Training Center
(JWTC). Visando
um certo grau de sigilo e complicações de operações em países
estrangeiros, a escola americana deveria ser em
território americano, em primeiro momento pensou-se no Mississipi,
dado ao bioma da região, bem como o dos everglades da
Florida e também no Havaí, mas nenhum destes locais era um ambiente de floresta tropical e isto era um obstáculo. A
solução saiu de um local além mar, praticamente uma posse americana desde a segunda guerra, pois embora se localize fora do território americano, o local é uma dominância americana em
território estrangeiro.
Okinawa, surgiu como opção mais viável, pois o local que tem a base americana atrelada. possui as características de Floresta Tropical em que os EUA lutaram no fim da segunda guerra, e onde hoje encontra-se a escola de guerra na selva, que as forças americanas
estão sendo treinadas. A
escola também chamada de Camp Gonçalves (em homenagem à um Marine que ganhou a
medalha de honra na batalha de Okinawa), hoje é a maior instalação
militar americana na região. Criada em 1958, mas sua utilização começa a de fato ser útil em 1961, após ter sido criado no local uma escola de treinamento para adaptação a guerra
de contra insurgências, que os militares em especial os boinas verdes, iriam encontrar no Vietnã.
Com
o apoio da 3.ª Divisão da Marinha , a JWTC está em transição para
se tornar uma TECOM (Comando de Treinamento e Educação). A partir de
2017, novos cursos e currículos estão sendo desenvolvidos: Curso de Rastreamento na Selva, Curso de Trauma na Selva
e um Curso de Medicina da Selva (a coincidência com o do CIGS, não
pode ser obra do acaso). Com à ampliação dos cursos, também vem o
planejamento de salas de aula fechadas, melhores equipamentos
didáticos, além de muitos outros prédios e material didático. Os
cursos serão divididos em algumas especificidades, que novamente
causam observação a coincidência com o CIGS:
1 - Curso de Habilidades da Selva (análogo ao nosso curso básico de Curso de
Sobrevivência da Selva):
O JWTC oferece um Curso de Habilidades de Selva, englobando habilidades básicas de combate em um ambiente de selva. O curso consiste em seis dias no total, cinco deles dias de treinamento. Além das habilidades básicas de combate na selva, o curso foi projetado para melhorar a liderança de unidade pequena da unidade de treinamento, a mentalidade tática e a coesão da unidade. Treinando até 100 pessoas, algumas aulas ministradas no curso Jungle Skills são navegação terrestre, patrulhamento, gerenciamento de cordas e rapel e armadilhas na selva. O curso Jungle Skills culmina com o Jungle Endurance Course.
2 - Formação de militares líderes de guerra na selva:
O curso Jungle Leaders foi desenvolvido para desenvolver líderes de unidades pequenas em todos os aspectos de operações de combate em pequenas unidades e habilidades básicas de sobrevivência na selva. Ele combina o período de instrução do Curso de Sobrevivência da Selva, ministrado anteriormente, com habilidades abrangentes básicas de combate. Para participar do Curso Jungle Leaders, o aluno tem também de ter o Curso de Jungle Skills é um pré-requisito. O objetivo do curso é para líderes de pequenas unidades (líderes de equipe por meio de comandantes de pelotão ou equivalente) de qualquer especialidade ocupacional militar. O curso consiste em seis dias no total, consistindo em cinco dias de treinamento. Treinando até 25 pessoas, algumas aulas ministradas no curso Jungle Leaders são ordens de patrulha, patrulhamento, extração de pessoal, habilidades de sobrevivência, defesa e execução de bases de patrulha.
3
- Curso de Resistência na Selva:
O Jungle Endurance Course é o ponto culminante do Curso de Habilidades de Selva. As aulas ministradas ao longo dos cinco dias de Jungle Skills Course são utilizadas em todo o curso. Em equipes de 12 a 18 homens, os estudantes atravessam 6,1 km de selva densa e terreno acidentado. Usando o trabalho em equipe e perseverança, as equipes competem entre si em 31 obstáculos espalhados ao longo do percurso. As equipes enfrentam rapel apressado, obstáculos de corda, obstáculos de água e uma maca para completar todo o percurso.
4-
Operações independentes:
O JWTC oferece áreas para que as unidades operem independentemente de serem unidades especificas de selva, treinem com coordenação prévia da escola de seva afim de aprimorarem suas técnicas. Utilizando as áreas as unidades realizaram Exercícios Realísticos no Terreno Urbano, Operações de Evacuação Não-Combatentes (NEO), Reconhecimento e Vigilância, Navegação Terrestre, Corda Rápida, Aparelhagem de monitoramento e comunicação em ambiente tropical, Exercícios de Comunicação, Evasão e Inserção por Água.
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