Por: Redação OD
E se, o Grumman F-14 Tomcat não tivesse existido? O icônico caça,
que serviu a Marinha dos EUA (US Navy) por mais de trinta anos até ser (alguns
afirmam prematuramente) aposentado em 2006, marcou uma geração. Com o tempo, o
Tomcat mudou de seu papel inicial de defesa aérea de longo alcance para missão
de ataque ao solo. E se os problemas que afligiram o programa nos idos dos
anos 60 e 70 se mostrassem insolúveis? Como a Marinha preencheria esta
lacuna?
O problema
O F-14 surgiu, baseado no projeto do F-111, tendo o Secretário de
Defesa, Robert McNamara, um grande entusiasta do design empregado no Tomcat,
onde imaginava a utilização do caça tanto na US Navy quanto na USAF. No
entanto, a Marinha queria um caça interceptador de logo alcance baseado em
porta-aviões, por conta da preocupação com os mísseis de cruzeiro soviéticos da
época. Os bombardeiros soviéticos poderiam atacar os grupos de batalha à
uma grande distância, sem entrar no envelope de rastreio dos SAM´s baseados em
navios ou nos caças de curto alcance, a bordo dos porta-aviões. Esta
preocupação, deu uma reviravolta nos sistemas de mísseis e canhões que a USN
havia desenvolvido para a defesa aérea de seus navios desde a Segunda Guerra
Mundial. Infelizmente, o F-111 não deu certo como caça naval, por ter-se
resultado em um caça muito grande para as necessidades da USN, e não se
mostrou particularmente adequado para a missão de superioridade aérea.
Em meados da década de 60, a USN começou a trabalhar em um projeto
alternativo, que acabou se transformando no F-14, que contribuiu para resolver
o problema de interceptação aos bombardeiros soviéticos, combinando longa
distância e alta velocidade com o míssil Phoenix, que poderia atingir alvos em
BVR. Mas durante os primeiros anos, o protótipo do Tomcat enfrentou inúmeros
problemas, um deles foram os seus motores que se mostraram altamente temperamentais e o caça era pesado e
caro. As decisões do design, incluindo as asas enflechadas, fizeram do
Tomcat uma fera complexa de se dominar. O Congresso fez grande lobby desfavoravelmente na continuidade do projeto, baseando-se em uma comparativo de
desempenho do Tomcat frente ao novo caça pesado da USAF, o F-15
Eagle. Com o término da Guerra do Vietnã, a jornada do Tomcat para se
tornar operacional foi altamente emocionante, já que muitas correntes faziam
pressões para que o projeto fosse descontinuado.
Possíveis Substitutos
Qual caça poderia ter tomado o lugar do Tomcat? O F-14 começou a
entrar em serviço em 1974 e o F / A-18 começou a dar seus primeiros passos na
USN em 1983, isso deixa uma lacuna de nove anos, sem mencionar as lacunas
substanciais de capacidade entre as duas aeronaves no mesmo período. Mas
como a USN teria resolvido esta lacuna? Uma alternativa simples, seria de
manter os F-4 Phantom, na função de caça interceptor e de superioridade
aérea. O Phantom era mais do que adequado para tais missões, embora
faltasse o longo alcance e a capacidade de combate BVR do Tomcat. De fato,
o F-4 se manteve no serviço ativo da USN até que os F / A-18 começaram a entrar
em operação, em grande parte devido à necessidade de se povoar os decks do USS
Midway e do USS Coral Sea.
Mas é claro que o F-4 não era o Tomcat, e o equilíbrio de capacidades
teria se inclinado na direção das grandes formações de bombardeiros soviéticos,
especialmente após o lançamento do Tu-22M “Blackfire”. Uma outra possibilidade
teria sido o de desenvolver-se uma versão naval do F-15 Eagle, algo muito pensado no início
dos anos 70, tendo vários conceitos desenhados na prancheta. Após algumas
modificações consideráveis para operar a bordo dos porta-aviões e para o
transporte do míssil Phoenix de longo alcance, o “Sea Eagle” teria sido até um
caça adequado para a missão, embora provavelmente não seria a mesma coisa que
foi o Tomcat. E a USN resistiu consideravelmente aos esforços de forçá-lá
na compra do mesmo caça que à USAF.
Mudanças Maiores
No início dos anos 70, a USN começou a debater o futuro. Assim como
hoje, alguns argumentaram que os navios eram simplesmente caros, colocando
muito valor em uma plataforma vulnerável. Após a incorporação do caça no
USS Carl Vinson em 1974, o futuro foi uma questão colocada em aberto. Se o
Tomcat não tivesse oferecido, uma solução para pelo menos uma dessas ameaças,
no caso os bombardeiros soviéticos de longo alcance, os argumentos alternativos
poderiam ter sido levados a cabo. Uma opção popular no início dos anos 70,
quando os porta-aviões da classe Essex se aproximavam do fim de suas vidas
úteis, era o “Sea Control Ship”. Os PA dedicados a missões anti-submarino,
esses navios de 14.000 tons teriam caças VSTOL (como o Harrier) e helicópteros.
Estes seriam muito mais barato e ofereciam um meio de defender o
corredor transatlântico de submarinos soviéticos à um custo razoável, e
provavelmente seriam pequenos demais para atrair À atenção das formações de
bombardeiros soviéticos. Outra opção envolveu reequipar toda a frota de
superfície para que assumissem alguns dos papéis desempenhados pelos PA. O
projeto de um cruzador de ataque nuclear, oferecia um grande combatente de
superfície equipado com mísseis e carregando uma versão inicial do sistema de
combate Aegis, este navio teria a sua capacidade combinada entre ataque/defesa
aérea à um custo menor do que um grupo de batalha e seria escoltado por
cruzadores e contratorpedeiros equipados com o sistema Aegis, também.
Conclusão
A USN eventualmente resolveu os problemas que ela possuía com o F-14,
tornando o caça um superlativo da defesa aérea. Eventualmente, ele ganhou
pacotes de missões de ataque ao solo. A natureza temperamental do design e
o colapso da União Soviética, aliado ao sucesso do Super Hornet tornaram o
Tomcat uma caça caro no início dos anos 2000, no entanto a USN agora carece, de
um interceptador de longo alcance. As principais ameaças aos grupos de
batalha não vêm mais de voos de bombardeiros, mas sim de mísseis balísticos, e
nenhum caça ainda demonstrou ser muito promissor na missão de interceptação
desta nova ameaça. No entanto, o Tomcat contribuiu com uma capacidade
defensiva central durante um dos períodos críticos do desenvolvimento do Grande
Porta-aviões (Super Carrier).
Fonte: The National
Interest, o autor Sr.º Robert
Farley , é um colaborador
da TNI, e autor do livro The Battleship
Book .
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