segunda-feira, 23 de abril de 2018

O Sistema Vigia do Motor das VBTP EE-11 Urutu e VBR EE-9 Cascavel

VBTP EE-11 URUTU e VBR EE-9 CASCAVEL
Por: Jolcemar Guterres dos Santos

A VBTP (Viatura Blindada de Transporte de Pessoal) EE-11 Urutu e a VBR ( Viatura Blindada de Reconhecimento) EE-9 Cascavel, foram projetadas e entraram em produção na década de 70 pela empresa Engesa. A primeira, um veículo anfíbio, utilizado para transporte de pessoal, possuindo ainda outras aplicações no meio militar, como ambulância e oficina. A segunda, um veículo desenvolvido para missões de reconhecimento, inicialmente portando um canhão de 37 mm, e por fim evoluiu para uma torre produzida pela Engesa com um canhão 90 mm. Ambas viaturas, por terem chassi montado sobre rodas, possuem alto desempenho em terra e a VBTP EE-11 Urutu também alto desempenho em água. São equipadas com um sistema de tração total, ou seja, possibilidade de tração 6x4, 6x6 e bloqueio do diferencial traseiro, este montado com um sistema de boomerang(¹) e suspensão dianteira independente.  

Este tipo de suspensão, tanto traseira como dianteira, permite a VBTP Urutu e a VBR Cascavel enfrentarem terrenos de difícil deslocamento, absorvendo os impactos e garantindo o desempenho exigido para estes tipos de viaturas. No que se refere ao motor, são equipadas com o motor da fabricante Mercedes Benz do Brasil, modelo OM 352 A, 6 cilindros em linha, diesel 4 tempos, injeção direta, turbo alimentado. Na VBTP Urutu localizado na dianteira, ao lado direito do motorista e na VBR Cascavel localizado na parte traseira da viatura. As viaturas, ao longo de sua fabricação, sofreram diversas alterações de séries e modelos. No ano de 2005, o Parque Regional de manutenção (PqRMnt/3) da 3ª Região Militar, recebeu viaturas da Família Urutu e Cascavel, para serem realizadas a sua manutenção e revitalização.

Área de manutenção do PqRMnt/3 das VBTP EE-11 e VBR EE-9 Foto: O autor


Naquele Parque, as viaturas foram totalmente desmontadas, sendo as carrocerias enviadas para uma empresa terceirizada a fim de ser realizado o jateamento e pintura e os demais conjuntos passaram por reparação no próprio PqRMnt/3. Em relação aos motores, alguns foram recuperados por completo, e constatou-se a necessidade de desenvolver um sistema, juntamente, com os já existentes nas viaturas, como manômetros e lâmpadas, ''indicadores de baixa pressão e alta temperatura no sistema de arrefecimento do motor''. Verificou-se, ainda, que os instrumentos indicadores das viaturas estavam localizados em local de difícil visibilidade por parte do motorista, e que, diante de uma pane, dependeria da ação do motorista para interromper o funcionamento do motor. Após estudo preliminar do sistema de aceleração do motor, partiu-se para execução do projeto propriamente dito, sendo instalado no sistema de aceleração da bomba injetora um cilindro pneumático, com a finalidade única de baixar a rotação do motor para marcha lenta, assim que o motor apresentar sintomas de baixa pressão do óleo lubrificante ou alta temperatura no sistema de arrefecimento. 

Foi substituído o tirante de acionamento da aceleração da bomba injetora por um cilindro pneumático de ação dupla. Este ligado por mangueiras a um solenóide que recebe o sinal elétrico de dois sensores, um ligado ao sistema de lubrificação e o outro ao sistema de arrefecimento do motor. Quando o motor, em funcionamento, apresentar baixa pressão no sistema de lubrificação ou alta temperatura no sistema de arrefecimento, o solenóide pneumático recebe tensão de 12 volts proveniente daqueles sensores, acionando, imediatamente, o cilindro pneumático que desacelera o motor, vindo este a ficar em marcha lenta. Nessa situação, o motorista fica impossibilitado de acelerar, o que permite a conferência dos instrumentos de painel e a identificação do que ocorrera e, tão logo possível, cortar motores para evitar um dano maior ao equipamento. Dispositivos eficientes como esse instalado nas VBTP EE-11 e VBR EE-9 são de extrema importância para alertarem os operadores de blindados quanto as panes nas viaturas. Desta forma, poderá se prevenir um gasto elevado com a manutenção das viaturas em uso no Exército Brasileiro.

Nota do autor: (¹) É um componente ENGESA concebido com a finalidade de equipar o veículo com 4 rodas motrizes traseiras por intermédio de um só diferencial.

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!
Jolcemar Guterres dos Santos – 1º Sgt MB Monitor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld

Fonte: Centro de Instrução de Blindados

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