quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Fotojornalista americana morta no Vietnã é homenageada como "Honorary U.S. Marine"

Dickey Chapelle no Líbano em 1958. Photo por Marine Master Sgt. Lew Lowery. Via Wisconsin Historical Images ID 1942.
Por: Yam Wanders.

A fotógrafa americana "Dickey Chapelle",  recebeu uma homenagem póstuma em cerimonia militar pelo U.S. Marine Corps, e, acredita-se que tenha sido a primeira mulher fotojornalista a morrer em uma guerra, acompanhando tropas americanas em combate.
Dickey Chapelle tinha 47 anos quando morreu em 1965, atingida por estilhaços de uma explosão de uma mina terrestre, enquanto acompanhava tropas americanas no Vietnã no dia 4 de novembro de 1965 durante a Operation Black Ferret, na região à16 km ao sul de Chu Lai, na província de Quang Ngai. 


Dickey logo após seu retorno do teatro do Pacífico
trajando  uniforme de correspondente militar.
Incrivelmente, Chapelle já tinha participado de coberturas tão ou mais perigosas anteriormente, cobrindo as batalhas de Iwo Jima e Okinawa na 2a Guerra Mundial, na qual por coincidência foi o primeiro contato dela com o U.S. Marine Corps com apenas 28 anos de idade. Ela também ganharia desde essa época um grande respeito e admiração dos militares, pois não exigia tratamento diferenciado da tropa, cavando sua própria "Foxhole" (mini trincheira para dormir em bivaque), comendo a mesma ração que todos e jamais se indispondo com falta de confortos ou exigindo proteção. 
Quando de sua morte no Vietnãm, o seu corpo foi transladado para os USA com uma guarda de honra, seu enterro teve as devidas honras militares e quando completou-se um ano de sua morte, foi erigido no local de sua morte um pequeno memorial com uma placa aonde estão os seguintes dizeres: "She was one of us and we will miss her."(Ela era um de nós e sentiremos sua falta). 

Dickey Chapelle no Vietnã. Foto de autor desconhecido.

Agora, ela é oficialmente uma "U.S.Marine", e, a cerimônia que a declarou como tal foi realizada nessa terça dia 26, na sede dos " Marine Corps Combat Correspondents Association's" em San Diego, Califórnia. Durante o perído que se dedicou como fotógrafa profissional, ela trabalhou para grandes empresas como National Geographic, Cosmopolitan and National Observer. Além do Vietnã ela esteve também em outras missões de risco na Argélia, Panamá, Líbano, Hungria and Cuba.
Dickey Chapelle e seu chapeu australiano com os brevês dos muitos cursos militares que realizou durante a vida. Foto de autor desconhecido.

A vida de Dickey Chapelle e algumas de suas missões mais interessantes foram já descritas em livros publicados já a algum tempo, sendo um deles o de John Garofolo o que detalha mais sua vida;  "Dickey Chapelle Under Fire," e a  "Milwaukee PBS" produziu um documentario entitulado "Behind the Pearl Earrings: The Story of Dickey Chapelle, Combat Photojournalist."

O livro de John Garofolo, com a coletânea de todas as imagens conhecidas de Dickey Chapelle durante sua carreira de fotojornalista de guerra.

Breve biografia  de Dickey Chapelle

Uma das raras fotos de "Dickey" tentando ser
aviadora na aadolescência em Milwaukee, USA.
Nascida a 14 de março de 1919, em Milwaukee, Wisconsin, com o nome original de "Georgette Louise Meyer", e aos 16 anos de idade ela foi aprovada para o curso técnico de Designer de Aeronaves no MIT, porém isso foi interrompido pela época de crises nos anos 30 e ela até tentou ser aviadora mas teve que se contentar em trabalhar no aeroporto local devido ao preconceito da época com as mulheres na aviação e pelo fato de ainda menor de idade a mesma se relacionar com um piloto local, fato que valeu um período de "exilio" na casa de seus avós na Flórida, um dos estados mais pobres dos USA na época. 







Dickey se alimentando de ração miitar em algum lugar do
mundo.Foto de autor desconhecido.
Via Writersbone.com, USA.
Após alguns anos ela se mudaria para Nova York, aonde conheceria seu marido "Tony Chapelle"(executivo da TWA) durante o trabalho na companhia aérea TWA, já como fotógrafa de aeronaves da companhia para fins publicitários.
Apesar de ser considerada uma fotógrafa medíocre no fotojornalismo da época, ela foi enviada para o teatro de guerra do Pacífico na 2a Guerra, já trabalhando pela National Geografic. De acordo com relatos de colegas da época, ninguém na NatGeo queria ira para o desembarque em Iwo Jima justamente pelos perigos óbvios, mas ela foi a 1a a se oferecer como voluntária.
Ela também esteve presa acusada de espionagem por sete semanas quando foi para a Hungria cobrir a revolução de 1956.





Dickey em seu curso de paraquedista militar.
Dickey ganharia notoriedade com a comunidade militar americana após sua cobertura com os Mariners na 2a Guerra, mas também por se destacar em aperfeiçoamentos pessoais que nada tinham a ver com a carreira de fotojornalista, tais como esportes, cursos de paraquedismo, montanhismo e resgate apesar de seu porte físico relativamente pequeno. Ela também conseguiu inúmeras distinções e medalhas militares de homenagem em maior quantidade que os premios que recebeu da comunidade jornalística americana como correspondente de guerra.

O famoso chapéu australiano de Dickey Chapelle, junto com um de seus uniformes e outras peças pessoais, está exposto no seu memorial em Milwaukee. Foto via Columbia Journalism Review USA.

Aos que desejarem ver mais fotos do trabalho de Dickey Chapelle, acessem o link abaixo, que leva a uma reportagem do jornal americano "The Washington Post", com uma excelente coletânea de imagens do trabalho de Dickey pelos conflitos que ela cobriu:


Fontes: Associated Press & Military 1th USA.

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