Por: Redação OD
A moderna simulação de combate no Exército Brasileiro teve
início em meados da década de noventa, com o trabalho pioneiro da Escola de
Estado-Maior do Exército (ECEME) e do Comando de Operações Terrestres (COTER),
no desenvolvimento dos primeiros simuladores computadorizados para o
adestramento de Grandes Unidades. Desde então, o emprego de simuladores de
diversos tipos se difundiu no âmbito da Força Terrestre e, atualmente, a
simulação é utilizada nas mais diversas áreas operacionais da atividade
militar.
Tradicionalmente, a simulação de combate é dividida em:
simulação construtiva, na qual pessoas e equipamentos virtuais são controlados
por operadores de computador (jogos de guerra); simulação virtual, onde pessoas
reais operam equipamentos simulados em computador; e simulação viva, que
emprega pessoas e equipamentos reais, em terrenos reais, auxiliados por
sensores de diversos tipos. No início da década de noventa, a ECEME, de forma
pioneira, passou a empregar o software AZUVER, para apoio durante os exercícios
realizados naquela Escola, configurando-se como o embrião dos primeiros
simuladores do Exército. Na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), foi
implantado o primeiro simulador virtual para tiro de fuzil e pistola adquirido
em mercado externo.
Entre os simuladores construtivos pioneiros, desenvolvidos
no Brasil e empregados pelo COTER no adestramento, são lembrados o SPADA, da
década de 1990; o Guarani, em uso entre 2000 e 2004; o SISTAB, cuja utilização
ocorreu entre 2005 e 2012; e o SABRE, para o adestramento de batalhões e
regimentos, empregado entre 2005 e 2011. Atualmente, o COTER emprega o
Combater, simulador construtivo para exercícios de simulação, desenvolvido a
partir do software francês Sword, pela empresa RustCon. O Combater pode ser
utilizado em exercícios de nível Unidade, Brigada e Divisão. Permite simular
operações de combate nos diversos ambientes operacionais do território
brasileiro, em exercícios que duram vários dias. Hoje em dia, tais exercícios
são realizados nos Centros de Adestramento e Simulação de Posto de Comando
(CAS/PC).
Entre os simuladores dedicados a equipamentos militares destacam-se
os diversos tipos empregados para o treinamento de tripulantes do Carro de
Combate Leopard, fornecidos pela empresa KMW. Tais simuladores encontram-se no
Centro de Instrução de Blindados (CIBld), sendo os principais: o Simulador de
Procedimento de Torre (SPT), o Simulador de Procedimento de Motorista (SPM), os
Treinadores Sintéticos Portáteis (TSP) e os Treinadores Sintéticos de Blindados
(TSB), Treinadores Sintéticos Portáteis (TSP) Treinadores Sintéticos de
Blindados (TSB) que replicam o ambiente confinado do interior do veículo, onde
a guarnição enfrenta inimigos em um ambiente virtual, controlado por um instrutor.
Também no CIBld, está em operação uma rede de computadores
com o simulador virtual Steel Beasts, empregado para o treinamento tático até o
nível subunidade. No âmbito da simulação viva, o CIBld ainda possui um conjunto
de Dispositivo de Simulação para Engajamento Tático (DSET), fabricado pela
empresa sueca Saab, que permite empregar os carros Leopard sensorizados, em
exercícios no terreno, com elevado grau de realismo. A nova família de
blindados Guarani está sendo contemplada com diversos CBT (Computer Based
Training), produzidos pela empresa brasileira eFly, que permitirão o
treinamento de motoristas na operação dos diversos dispositivos da viatura.
Em
parceria com o CIBld, a Universidade Federal de Santa Maria também trabalha no
projeto Simulador Guarani (SIGUA), que visa criar um simulador virtual de
tecnologia nacional, para o adestramento de tripulantes do novo blindado. O
Comando de Aviação do Exército também é um grande cliente de sistemas de
simulação. Os pilotos do Exército utilizam simuladores de aeronave baseados no
software XPlane, para o treinamento básico. Para treinamento avançado, existe o
Simulador de Helicópteros Esquilo e Fennec (SHEFE), desenvolvido pela empresa
brasileira Spectra, em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx),
que é montado em uma plataforma móvel, com seis graus de liberdade e se
encontra homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para o
treinamento de pilotos.
Na cidade do Rio de Janeiro, há mais de dez anos, o
Centro de Avaliação e Adestramento do Exército (CAAdEx) emprega a simulação
viva, com a utilização de Dispositivo de Simulação para Engajamento Tático
(DSET) no adestramento de tropas enviadas para a Missão de Paz no Haiti, assim
como na avaliação operacional de frações de fuzileiros, em exercícios contra um
inimigo representado por uma força oponente especialmente preparada para a
avaliação. Nos últimos anos, sob a orientação do COTER, foram realizados, no
Comando Militar do Sul, os primeiros exercícios simulados com a integração de simuladores
vivos, virtuais e construtivos, o que coloca o EB na vanguarda da aplicação de
simuladores.
Com o surgimento do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul
(CAA-Sul), em Santa Maria (RS), será possível otimizar o emprego e a manutenção
dos diversos simuladores em funcionamento no Comando Militar do Sul (CMS). O
CAA-Sul reunirá, sob um único comando, o SIMAF, o Centro de Adestramento de
Simulação de Postos de Comando (CAS/PC) e diversos outros simuladores em
operação no CMS. A Força Terrestre aguarda, em breve, toda uma nova gama de
sistemas de adestramento para entrar em operação, como o novo Astros 2020. Os
novos simuladores, a manutenção e o planejamento estarão em uso no Forte Santa
Bárbara, em Formosa (GO), contribuindo com o aumento da operacionalidade desse
equipamento.
FONTE: Revista Verde Oliva
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