sábado, 5 de maio de 2018

EX-COMBATENTE REVIVE ÚLTIMO TIRO BRASILEIRO EM SOLO ITALIANO, QUE AJUDOU A RESTABELECER A PAZ MUNDIAL.

Imagem via 20GAC L. Exército Brasileiro.
Por: Redação OD.

O 20º Grupo de Artilharia de Campanha Leve (20º GAC L) comemorou, em 27 de abril de 2018, os 73 anos do Último Tiro da Força Expedicionária Brasileira (FEB), momento em que foi rememorada a ação histórica do então o 1º/2º Regimento de Obuses 105 Autorrebocado do III Grupo 105 FEB (como a Unidade era denominada à época), na Segunda Guerra Mundial, ocorrida em 29 de abril de 1945.


Durante a solenidade, no pátio de formatura do 20º GAC L, em Barueri, o responsável por conduzir a Última Missão de Tiro da FEB em solo italiano, o Coronel R/1 Amerino Raposo Filho, foi homenageado, bem como o Tenente R/1 Rubens Bera, ambos Ex-Combatentes.

A cerimônia contou com a presença de autoridades civis e militares, dentre elas, o General de Exército R/1 Rui Alves Catão, antigo Comandante do 20º GAC L; o General de Divisão Eduardo Diniz, Comandante da 2ª Divisão de Exército; e o General de Brigada Mário Fernandes, Comandante da 12ª Brigada de Infantaria Leve.

Ao recordar-se dos 73 anos do último tiro da Artilharia brasileira, reverencia-se, também, a memória de nossos Ex-Combatentes. Esse foi o dia em que a FEB mostrou que o brasileiro tem coragem para lutar pelos valores mais elevados da humanidade; o dia em que mostramos a nossa força diante do combate; o dia em que se provou que nosso valoroso e estimado País, representado pelos bravos combatentes da Força Expedicionária Brasileira, estava apto a vencer, graças ao heroísmo de bravos soldados, que constituiu um fator decisivo para restaurar a paz e a liberdade no mundo.




O Último Tiro de Artilharia em solo italiano

O excerto da matéria escrita por Valmiki Erichsen, Capitão de Artilharia, Ex-Comandante da 2ª Bateria do III Grupo, foi publicado no Jornal do Brasil em 28 de abril de 1946 e retrata bem essa vigorosa atuação de nossos militares. Nesse trecho, é descrito, em detalhes e de forma que não se encontra em livros didáticos, o combate travado e vencido à 1h 45min do dia 29 de abril de 1945.



“Estamos quase no fim da primavera. Os alemães descontrolados e atacados por todos os lados, procuram fugir para o norte. A Infantaria brasileira, sem dar trégua, persegue o inimigo na sua carreira desenfreada.

(...)

Às 13h, começou a se movimentar pela estrada o Batalhão. Tive a impressão de estar em uma boa poltrona de um dos nossos cinemas, pois foi uma avançada cinematográfica ao encontro do inimigo. Os nossos pracinhas, alegres e cantarolando, apinharam-se em cima dos tanques americanos. Talvez nenhum dos nossos pracinhas estivessem pensando que a morte poderia surpreendê-los 2 km à frente. Logo atrás, tinham os jipes dos Comandantes das Companhias e dos Observadores Avançados. Dos lados das estradas, desenvolvia-se a outra Companhia em coluna por um e a Companhia de Obuses ia após os jipes. Assim, ao lado do Comandante do Batalhão, assisti ao desenvolvimento de todos os elementos da batalha.

(...)

O Tenente Sá Eapp presenciou uma triste ocorrência quando o Tenente Monteiro, Comandante do Pelotão de Minas do 6º RI, foi atingido por diversos estilhaços de uma granada que arrebentou em cima deles. O Tenente Monteiro mandou este recado para a sua progenitora: 'Diga a mamãe que nunca tive medo.' Hoje, o Tenente Monteiro já é Capitão e acha-se completamente restabelecido.

(...)

Sem nada estar vendo, comandei uma rajada para a linha de fogo, a fim de mostrar aos Tedescos que possuíamos artilharia e acalmar um pouco os nossos. Mais tarde, vim a saber que estes tiros foram bastante eficientes, pois o número de soldados inimigos era tão grande que, em qualquer lugar que os tiros caíssem, teriam resultado positivo.

Suportaram os nossos infantes dois contra-ataques dos Tedescos, pois o Tenente Valença, com sua calma peculiar, satisfez a todos os pedidos de tiros solicitados. Assim, ajudamos muito a Infantaria a não recuar um palmo sequer.

Cessada um pouco a violência do combate, apareceram na estrada três oficiais alemães, que vinham em nome do General Picô, propor a rendição da já célebre 148ª.
(...)

Para os artilheiros, foi um prazer saber que um dos primeiros pedidos dos oficiais Tedescos era que os tiros de artilharia cessassem.

Às 17 h, começou o espetáculo que nunca sairá da memória dos que tiveram a felicidade de apreciá-lo. Era a rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã.”


O Brasil saiu da neutralidade

Essas palavras do Capitão Erichsen tornam evidente a coragem de nossos homens frente à batalha e a numerosos inimigos que estavam sob o comando de Adolf Hitler, que tentava incutir no seu povo a doutrina da superioridade racial e da invencibilidade bélica; além de Mussolini, na Itália, com seus ideais de grandeza, pretendendo restabelecer o antigo e poderoso Império Romano.

O Brasil saiu da neutralidade para dar uma resposta, não só pelo navio brasileiro, o Taubaté, bombardeado e metralhado durante 70 minutos, numa ação de zombaria e provocação, mas por um objetivo maior. Na verdade, o Brasil saiu da neutralidade para dar uma resposta acima de seu interesse individual: foi uma resposta de solidariedade para com os países que vinham sendo oprimidos e humilhados. Uma resposta de que o inimigo não poderia exterminar povos inteiros por conta do mais leviano e indecente preconceito. Nossa resposta aos inimigos foi dada e custou muitas vidas. Ainda assim, foi decisiva, digna de honra e, acima de tudo, vitoriosa e libertadora.
     

Fonte:20º GAC L

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