segunda-feira, 30 de abril de 2018

Legião Estrangeira Francesa honra aniversário da Batalha de Camerone

Imagem via Légion Étrangere.
Por: Redação OD.



A cerimônia foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da Legião Estrangeira Francesa nessa manhã, em seu quartel general na cidade de Aubagne, no sul da França e contou pela primeira vez com a presença de diversos ministros de estado, autoridades e diversos outros convidados de grande prestígio e compartilhada pela page Orbis Defense em nossas redes sociais.

Á exatos 155 anos, a Batalha de Camerón ocorria em 30 de abril de 1863 entre a Legião Estrangeira Francesa e o Exército Mexicano, e é considerada pela Legião como um momento dos mais heróicos em sua história. Uma pequena patrulha de infantaria liderada pelo capitão Jean Danjou e pelos tenentes Maudet e Vilain, totalizando 62 soldados e três oficiais, foi atacada e sitiada por uma força mexicana que chegou atingir 2.000 soldados de infantaria e cavalaria, e foi forçada a tomar posição defensiva nas proximidades da fazenda Camerón, em Camerón de Tejeda, Veracruz, México. A conduta atribuída à Legião neste combate é mística e Camerón tornou-se, dentro das fileiras da Legião, sinônimo de coragem e luta-até-a-morte.



Gravura de autor desconhecido, parte do acervo de pinturas do Museu da Legião Estrangeira em Aubagne. Imagem via http://www.legion-etrangere.com

Como parte da intervenção francesa no México no século 19, o exército francês comandado por Conde de Lorencez, sitiava a cidade mexicana de Puebla. Temendo problemas de logística, os franceses enviaram um comboio com 3 milhões de francos, material e munições para o cerco. A III Companhia da Legião Estrangeira foi encarregada de proteger o comboio, sendo o capitão Danjou o seu comandante.

A batalha

Em 30 de abril, às 01:00, o soldados estava a caminho. Às 7 da manhã, após uma marcha de 15 milhas, pararam em Palo Verde para descansar e preparar o café-da-manhã. Logo depois, uma força do Exército mexicano de 800 cavaleiros foi avistada. Capitão Danjou ordenou o destacamento a assumir formação em quadrado e, apesar de recuarem, causaram as primeiras perdas pesadas ao exército mexicano, principalmente ao maior alcance dos rifles franceses.

Buscando uma posição mais defensiva, Danjou ocupou as proximidades da fazenda Camerón, uma hospedagem protegida por um muro de três metros de altura. Seu plano era manter ocupadas as forças mexicanas para evitar ataques contra o comboio que estava nas proximidades. Enquanto os legionários preparavam-se para defender a hospedagem, o comandante mexicano, o coronel Milan, exigiu a rendição de Danjou e de seus soldados, ressaltando a superioridade numérica do Exército mexicano. Danjou respondeu: "Temos munições sufuciente. Não vamos nos render."

Aproximadamente às 11 horas, as tropas mexicanas receberam reforços, com a chegada de 1.200 soldados de infantaria. A hospedagem se incendiou, mas os franceses haviam perdido toda a água no início da manhã, quando várias de suas mulas foram perdidas durante o recuo.
Ao meio-dia, o capitão Danjou foi baleado no peito e morreu, seus soldados continuaram lutando, apesar todas as adversidades sob o comando do segundo tenente Vilain, que resistiu durante quatro horas antes de cair durante um ataque das tropas mexicanas.
Às 5 da tarde apenas 12 legionários permaneciam em torno do segundo tenente Maudet. Logo depois às 18:00 h, com munição esgotada, os últimos soldados sob o comando do tenente Maudet, desesperadamente montaram uma carga de baioneta.
O coronel Milan, comandante dos mexicanos, evitou que seus homens cortassem os legionários sobreviventes em pedaços. Quando os seis últimos sobreviventes foram convidados a se renderem, eles requisitaram aos soldados mexicanos o retornar à base com a sua bandeira, manter suas armas e escoltar o corpo do capitão Danjou. Milan concordou com os termos dos franceses comentando: "O que posso recusar-se a esses homens? Não, estes não são homens, são demônios.", e, por respeito, concordou com estes termos.

Consequências da batalha

O comboio de abastecimento dos franceses com sessenta carroças e cento e cinqüenta mulas com peças de artilharia, medicamentos, víveres e francos franceses, escoltada por duas outras companhias de legionários chegou a salvo em Puebla. Os mexicanos não conseguiram conter o cerco e a cidade caiu em 17 de maio.

Capitão Danjou era um soldado profissional e havia perdido a mão esquerda durante uma expedição de mapeamento na campanha da Argélia. Ele tinha uma mão protética, de madeira articulada e pintada para se assemelhar a uma luva, presa a seu antebraço esquerdo. Negligenciada por ambos, franceses e mexicanos que vieram para enterrar os seus mortos, a mão foi encontrada mais tarde por um agricultor anglo-francês, Langlais, e foi vendida e levada para a casa da Legião Estrangeira.

Em decorrência dessa batalha, o Rei Napoleão III de França determinou inscrever na bandeira de todos os regimentos estrangeiros a inscrição "Camerone 1863". Todos os militares franceses passaram a fazer a apresentação de armas ao passar pelo local da batalha em gesto de homenagem. Em 1892 foi construído um monumento com uma inscrição em latim: "Eles foram aqui menos de sessenta, opostos a todo um exército que lhes destruiu a vida antes que a coragem abandonasse seus soldados franceses".

No dia 30 de abril é comemorado como "Dia de Camerón", um dia importante para os legionários. A mão protética de madeira do Capitão Danjou é trazida para a exposição durante cerimônias especiais. A mão é o artefato mais importante na história da Legião e o legionário que a carrega durante desfile em sua caixa protetora é tido como grande prestígio e honra concedida.

Resumo de texto original de matéria publicada na revista "Képi Blanc" da Legião Estrangeira Francesa.

Bibliografia e fontes:
- Site da Legião Estrangeira Francesa :  http://www.legion-etrangere.com
- Windrow, Martin (2005). The Last Valley: Dien Bien Phu and the French Defeat in Vietnam. [S.l.]: Da Capo Press. pp. 198–200. ISBN 0-306-81443-9
- Brunon, Jean (1981). Camerone. Paris: Editions France
- Patay, Max (1988). Camerone 1863. Paris: Socomer editions
- Ryan, James W. (1996). Camerone. The French Foreign Legion's Greatest Battle. Westport, Conn.: Praeger. ISBN 0-275-95490-0

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