segunda-feira, 21 de agosto de 2017

LABACE 2017 - Área militar "à paisana"...


Por: Yam Wanders.

Nessa semana aconteceu em São Paulo a famosa LABACE, já em sua 15a edição, exibindo 120 marcas de produtos e serviços, 45 aeronaves expostas, representando quase todos os principais fabricantes da aviação mundial do setor. Mas para quem foi ao evento, foi fácil perceber que muitos produtos de interesse militar estavam presentes, mas devidademente "à paisana", como foi o exemplo de algumas aeronaves e helicópteros, bem como produtos, serviços e inclusive palestras ministradas por setores privados que fabricam produtos que também sao destinados à área militar e também palestras dos militares, explicando desde o funcionamento do Sistema de Busca e Salvamento e o Controle de Espaço Aéreo na região sudeste, todas essas organizadas pela Força Aérea Brasileira.

Apesar da crise econômica brasileira, muitos expositores retornaram esse ano e outros fizeram sua estréia. São Paulo pode se orgulhar de sediar o maior evento de aviação executiva da América Latina e o segundo maior do mundo.


As aeronaves 

Entre as 45 aeronaves expostas, várias já são conhecidas do público em geral, mas algumas estavam em suas versões civis, aeronaves estas que possuem suas versões militares e algumas até já operam em algumas Forças Armadas de vários países do mundo, o destaque maior foram para aeronaves pequenas, mas que são justamente essas que nossas Forças Armadas mais precisam dentro do esforço que ocorre para prover os meios de suprimentação em bases improvisadas nas fronteiras distântes e em operações de vigilância, busca e salvamento.
Já é de conhecimento público que não é apenas com caças e aeronaves de ataque que se faz o grosso de grandes operações militares, a variedade de equipamentos que podem e devem ser empregados em cenários convencionais e assimétricos é hoje o principal fator de emprego no gerenciamento de ações, que, garantirão o sucesso de nossa capacidade de dissuassão e defesa.

Aeronaves Diamond 

A Diamond da Áustria enviou o seu modelo DA-62, uma versão executiva que pode levar até 7 pessoas, é um dos modelos de aeronaves que inovam pela modernidade de conceito em design, motorização e aviônica. 

A presença dessa aeronave serviu bem para exibir a versatilidade dessa fabricante que produz também o modelo DA- 62 & 42MPP - Multi Purpose Platform, por exemplo, projetado a partir de uma célula monobloco em carbono, desenvolvido pela Diamond e certificado pela autoridade aeronáutica Americana como Plataforma de Sensoriamento Remoto, pode embarcar inúmeros sensores e equipamentos para atender, desde o controle ambiental, até o controle de fronteira, representando o “estado da arte” em termos de plataforma aérea, empregada para o combate aos crimes transfronteiriços e/ou operações de SAR. 
Imagem via Diamond Aircraft.
Entre os operadores mais conhecidos de aeronaves Diamond no mundo, estão a USAF - United States Air Force e a Lufthansa.  A infinidade de utilização dessa aeronave e sua ampla gama de sensores que podem ser embarcados é tão grande que será escopo de uma matéria exclusiva em breve.

Aeronaves Vulcanair

A fabricante italiana Vulcanair já tem alguns modelos voando no Brasil, e em breve fará a montagem das mesmas nas instalações da REMAER em Sorocaba-SP, conhecida nacionalmente pelos seus serviços de manutenção aeronáutica e agora pela representação da Vulcanair no Brasil.

Nessa edição da LABACE a REMAER exibiu o modelo P-68R, uma aeronave em configuração executiva, mas que pode rapidamente ser converitda em função de carga ou aeromédica, entre outras. Um outro modelo muito interessante da Vulcanair que já esteve presente é o Observer, uma interessante plataforma aérea de monitoramento multi-propósitos que tem capacidade para transportar e operar uma grande diversidade de equipamentos e sensores.

Entre os operadores de aeronaves Vulcanair estão a Polícia Italiana, Polícia da Inglaterra, 12 Polícias Estaduais dos USA e outras diversas agências ambientais americanas, Marinha do Chile e diversas companhias de monitoramento ambiental pelo mundo.

Aeronaves Kodiac

Fabricadas pela Quest Aircraft nos USA, o Kodiac é hoje uma das mais interessantes alternativas para monomotores de asa alta turbohélices multi-função. Apesar das dimensões menores que de seus concorrentes, possui uma estrutura mais forte em diversos pontos que são essenciais às operações em pistas curtas improvisadas, transporte de cargas, passageiros e outras funções específicas das atividades militares de rotina ou especiais. 

As aeronaves Kodiac ainda não são utilizadas por Operadores Militares Governamentais, porém diversas ONG´s de apoio humanitário ja utilizaram aeronaves da Quest em apoio às vítimas de catástrofes naturais pelo mundo, sempre em pistas precárias e em condições extremas, no Brasil é também utilizado para o lançamento de paraquedistas civis, e, nos USA é uma das aeronaves mais utilizadas para diversos fins operacionais no Alaska, sempre operando em condições extremas.


Palestras

Das várias palestras, todas muito interessantes e bem feitas, algumas se destacaram pela exibição de temas que são exclusivos dos militares mas que atedem também ao público civil usuário de todos os ramos da aviação, como o sistema de Busca e Salvamento - SAR, o sistema COSPAS-SARSAT e o Controle de Tráfego Aéreo na região sudeste coordenado pelo DECEA, todos de responsabilidade da Força Aérea Brasileira. Aviação e aeronaves remotamente pilotadas (RPA) pela JETWIND entre outras.

SAR & COSPAS-SARSAT

Das muitas histórias de salvamento, ainda estão bem vivas na memória dos militares as missões de busca após o acidente com as aeronaves da Gol, em 2006, e da Air France, em 2009.
Também é recente e marcante para o Serviço SAR (busca e salvamento) o resgate do velejador holandês Ebrahim Hemmatnia, na costa do Rio Grande do Norte, no dia 30 de janeiro de 2015. 

Este sistema permite que tenhamos os dados de localização e de alertas de emergência com maior precisão, economia de tempo, além de aumentar as chances de sobrevivência das vítimas. No caso do Brasil, quando uma baliza é acionada, o sinal é captado pelo satélite que o retransmite para as estações receptoras em terra (LUT), que automaticamente o processam e enviam sua localização ao Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC), unidade do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA),  localizada em Brasília. O alerta chega ao BRMCC em média de dois a oito minutos após o acionamento da baliza. A partir desse sinal é possível saber a localização e acionar o socorro”, relata o supervisor do sistema.
Cabe ao BRMCC verificar o sinal de alerta e transmiti-los aos Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáutico (Salvaero) e/ou Marítimo (Salvamar), que assumem a missão de prestar o Serviço de Busca e Salvamento. Se a área detectada estiver fora dos limites de responsabilidade do Brasil, o BRMCC retransmite a informação para o país emérito.

A partir daí, podem ser acionados aeronaves, embarcações e grupos no solo para a missão de busca e salvamento. Os Elos de Execução são formados por 11 Unidades Aéreas (UAe) do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).

A Força Aérea Brasileira (FAB) possui unidades de prontidão em Belém (PA), Manaus (AM), Natal (RN), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Santa Maria (RS) e Campo Grande (MS).

O COSPAS-SARSAT foi estabelecido após um acordo internacional com o objetivo de salvar vidas através da localização de radiobalizas de emergência. O sistema é mantido por quatro países fundadores - Estados Unidos, Canadá, França e Rússia - e está em operação desde 1982. Até o momento, cerca de 39 mil vidas foram salvas graças ao programa COSPAS-SARSAT.
O advento do sistema, implementado no Brasil em 1985, permitiu a detecção das três balizas de emergência:
- ELT (Emergency Locator Transmitters)para uso em aeronaves; EPIRB (Emergency Position-Indicating Radio-Beacon) para emprego em embarcações - exatamente o que foi utilizado pelo holandês Ebrahim; 
- PLB (Personal Locator Beacons), para uso individual.

Com toda tecnologia de ponta adquirida pelo DECEA, num país absolutamente controlado pelos radares, os coordenadores SAR são abastecidos por uma rede de comunicações que permite planejar as operações de forma digital e integrada com as Unidades Aéreas.
A instalação da estação MEOLUT  - Terminal de Usuário Local de Órbita Média - em julho de 2009 - propiciou ao Brasil assumir a posição de quarta no mundo, atrás do Canadá, Inglaterra e França, a implantar a tecnologia de ponta do Sistema COSPAS-SARSAT, sendo a única estação instalada no Hemisfério Sul.
O DECEA utiliza dois tipos de satélites: o LEOSAR e o GEOSAR - que captam e retransmitem o alerta. Ambos trabalham de forma complementar. Enquanto o primeiro localiza o sinal de emergência, o segundo tem maior agilidade na recepção do alerta.
Em fase de implantação está uma nova antena que vai unir as duas tecnologias: o sistema MEOSAR - que  emprega satélites com órbitas médias e capacidade de procurar por sinais de emergência em um raio muito maior, isso em comparação com os satélites de órbita polar baixa (LEOSAR).
Como resultado, teremos um salto de qualidade na precisão e na diminuição do tempo da localização da posição, contribuindo diretamente para a economia e eficiência do emprego dos meios SAR em atendimento às emergências.
Como vimos, o Brasil se destaca na América do Sul e figura entre os países que melhor se preparam para atender às vítimas de acidentes aeronáuticos e marítimos.
Todos esses esforços combinados resultam em uma estrutura capaz de fazer frente aos desafios que se apresentam diariamente ao Serviço SAR Aeronáutico.

Outros assuntos pertinentes serão abordados em breve, em reportagens mais detalhadas sobre as aeronaves e outras palestras específicas com assuntos de interesse da aviação e necessidades estratégicas de nossa defesa.

A Equipe Orbis Defense agradece à ABAG e EGOM Eventos pelo convite em mais um evento de qualidade para a nossa aviação brasileira.

Abaixo algumas imagens do que pudemos ver na LABACE 2017:

























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