quarta-feira, 12 de julho de 2017

Marinha do Brasil em ação, GVI Grupo de Visita e Inspeção - Pela Amazônia Azul, navegar e fiscalizar é preciso


Por: Yam Wanders.

EXCLUSIVO - Quando se imagina um navio de qualquer Marinha, leigos apenas imaginam a cena de "marujos" a limpar convés e preparar equipamentos náuticos diversos dos quais a maioria mal sabe o nome, porém as atividades que uma Marinha moderna efetua em suas missões, hoje vai muito além do simples "navegar por navegar". A Marinha do Brasil é um dos bons exemplos de modernidade e empenho em aprimoramento tático e estratégico, com oficiais e praças sempre se empenhando em aperfeiçoamentos, evoluções de doutrinas em uma diversidade de conhecimentos que hoje são indispensáveis à operação de modernos navios e das necessidades que se fazem necessárias ante as atuais ameaças assimétricas que abrangem o mundo.

A lancha rápida Pacific 24, o veículo de transporte do Grupo de Visita e Inspeção. ágil, resistente e com capacidade para até 8 combatentes completamente equipados e carga adicional.

Uma dessas atividades específicas é a dos NPAOc, ou Navios Patrulhas Oceânicos, modernos, ágeis, velozes e de dimensões bem pensadas para as atividades fins de manter a segurança de águas territoriais, e, se caso necessário, atingir rapidamente uma região específica para realizar as suas ações, sejam de defesa ou de SAR (Search and Rescue / Busca e Salvamento).

O momento de abordagem é o mais critico, e que demanda atenção e experiência do piloto e de seu auxiliar.

Porém para a ação específica de defesa, as atuais necessidades incluem não só a interceptação de embarcações como também a abordagem por um grupo que realizará uma "visita e inspeção" da embarcação em questão, tudo de forma criteriosa, dentro da legalidade internacional e com o devido respeito aos tripulantes da embarcação abordada.
Devemos nos atentar ao fato que nos dias atuais, riscos assimétricos diversos estão projetados por todo o mundo, não existindo região que possa se julgar livre da ameaça, mesmo inexistindo históricos locais de ações tais como terrorismo e pirataria.
Para pilotar a lancha Pacific 24, é requisito mínimo a licença de Arrais Amador, mas no caso da Marinha do Brasil existem outros cursos e o treinamento de técnicas alheias à operação civil convencional.

Para que nossos militares mantenham o nível de proficiência sempre alto, os mesmos realizam cursos diversos e também efetuam treinos e simulações muito próximos da realidade, sempre à bordo das embarcações e com variações de situações diversas que podem ocorrem quando das ações reais.
Da preparação inicial, passando pelo recebimento de instruções, abordagem e a finalização da "Visita e Inspeção" em si, tudo é criterioso, pensado e efetuado com extrema atenção, afinal podemos deduzir, mas, jamais adivinhar o que poderão encontrar quando de uma abordagem a uma embarcação em alto mar, oriunda de porto desconhecido e com tripulação quase sempre incógnita.


A preparação

Em um local reservado da embarcação, o grupo em alerta inicia a sua rápida paramentação com equipamentos de proteção individual, armas, munições extras e recebem as últimas instruções da situação e procedimentos adicionais, embarcam em uma das lanchas rápidas do tipo PACIFIC 24, baixada ao mar com 8 militares a bordo, sendo 6 do Grupo de Visita e Inspeção e 2 tripulantes da lancha. 
A preparação na "sala de operações", aonde recebem seus equipamentos, armas e instruções finais


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A lancha se distancia do navio e após rápida manobra de 360° retorna ao NPAOc Araguari e começa a simulação da ação, com a subida, divisão do grupo e incursão nas áreas definidas para a inspeção.

Antes de embarcar na lancha, o teste de segurança das armas, sempre direcionadas ao mar para evitar acidentes.

A incursão

A incursão ocorre utilizando técnicas de CQB, que é uma sigla que possui origem na língua inglesa, que significa "Close Quarters Battle" ou, combate a curta distância.
Para ações CQB normalmente são utilizados fuzis mais curtos, complementados por pistolas, ou, somente pistolas. É importante não utilizar rifles mais longos, pois, devido ao espaço mais restrito neste tipo de combate eles poderão dificultar e atrasar as ações e movimentações.
Uma vez à bordo da embarcação abordada, a segurança de perímetro é mantida todo o tempo.

Uma vez dentro da embarcação o  "Team" se divide e inicia a ação, que pode se desenrolar de várias maneiras, sendo a mais usual, um team subindo a ponte de comando do navio abordado (passadiço) e o outro team securisando a parte externa e/ou efetuando incursões em áreas suspeitas da embarcação.
Um dos momentos mais críticos são as subidas de escadarias. Atenção sempre para todos os ângulos.

As instruções e ações são todas previamente codificadas, e, portanto é impossível aos tripulantes da embarcação abordada saberem o que vai se desenrolar.
Em uma  incursão padrão, a prioridade é sempre primeiro estabelecer o contato com o Comandante da embarcação (se possível) e tripulantes, para em seguida proceder a checagem de documentos, número de tripulantes embarcados e civis à bordo, para em seguida checar carregamentos, equipamentos e se necessário, efetuar a busca por armas e outros ilícitos prováveis.
O importante momento do contato inicial com o Comandante da embarcação abordada, quando tudo é explicado de maneira rápida e objetiva, sempre dentro da legalidade internacional.

Todos os militares que tomam parte nesse tipo de operação sabem fazer amplo uso da língua inglesa para ações em embarcações estrangeiras, e sempre usam da polidez e cordialidade que é regra na Marinha do Brasil, mas sem jamais descuidar da atenção aos detalhes que podem salvar vidas.


Já no passadiço, são iniciados os procedimentos básicos da inspeção, sempre com a presença do Comandante da embarcação.
Efetuando a inspeção compartimento por compartimento, os militares inspecionam tudo o que for possível, cada canto e armário, inclusive os tripulantes, pois, a inspeção atende inclusive à segurança dos mesmos em casos de ações de pirataria ou com a presença de clandestinos, que se infiltram nas embarcações para fins de auxílio as ações de pirataria, ações essas que tem sido frequentes em diversos mares ao redor do mundo.

Todos os procedimentos são embasados por leis nacionais do Brasil em consonância com regulamentação internacional das Nações Unidas, que concedem o poder de polícia para as Forças Navais do Brasil em nossas águas territoriais e se for necessário, na nossa Zona Econômica Exclusiva e além, quando acordado com outras nações limítrofes ou em conjunto com as mesmas.
maiores detalhes podem ser encontrados no site da ONU dedicado ao assunto, e, também na página dedicada a EUNAVFOR/Operação Atalanta.

http://www.un.org/Depts/los/general_assembly/general_assembly_resolutions.htm

http://eunavfor.eu/

Galeria de imagens:






























Esse treinamento foi um dos muitos efetuados à bordo do NPAOc- Navio de Patrulha Oceânico P-122 "Araguari", durante a comissão APOIEX 2017 ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo de 19 à 30 de junho de 2017.










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