quinta-feira, 14 de maio de 2020

Resgate histórico de Parnamirim Field na 2a Guerra Mundial

Foto atribuida ao jornalista australiano J. A. Marris, da revista Western Mail durante visita ao Parnamirim Field em 1944.

Por redação OD.

Parnamirim, Base Americana nos Trópicos, é o livro recentemente lançado, que conta a história de uma jornalista nova-iorquina chamada Sarah Paller que, ao se deparar com a pouca literatura sobre a presença brasileira na Segunda Guerra em seu país, resolve sair em campo para pesquisar a fundo, e encontrar mais do que estava esperando. 

Não por mera coincidência, esse também foi o motivo de Valdívia escrever “Parnamirim”. “Lia sobre a Guerra aqui nos Estados Unidos, principalmente a parte que toca o Brasil, e não encontrava quase nada sobre Parnamirim. 

Falavam mais sobre os nazistas na Argentina ou a Batalha do Rio da Prata”, diz Valdívia em entrevista por e-mail ao jornal "A Tribuna do Nordeste".


Foto atribuida ao jornalista australiano J. A. Marris, da revista Western Mail durante visita ao Parnamirim Field em 1944.

Missão: resgate histórico    
       
Na trama de “Parnamirim”, Sarah Paller adota como missão promover um resgate histórico. Ela não quer só conhecer mais sobre a participação brasileira na Segunda Guerra, mas também saber a razão da omissão dos aliados, heróis e heroínas brasileiras, nas paginas da história sobre a grandes guerra contada nos Estados Unidos e outros aliados.  

Ela resolve pesquisar e abordar questões sobre a presença do Brasil na campanha da Itália, a atuação das enfermeiras brasileiras na campanha da Força
Expedicionária Brasileira (FEB), e a pouca informação sobre a instalação da base norte-americana em Parnamirim.

Sara começa sua saga pessoal ao resgatar um documento valioso num leilão em Londres, a partir do qual comunica o fato ao jornal brasileiro onde assina uma coluna. 

Após conhecer veteranos e veteranas da Segunda Guerra num evento em Paris, ela decide mergulhar de cabeça em suas pesquisas sobre o assunto. Viaja a Natal para conhecer pessoalmente aqueles que lhe ajudaram por e-mail, telefone e cartas durante todo o tempo de suas inquietas pesquisas.

Na capital potiguar, a jornalista norte-americana é surpreendida por um workshop com o mesmo tema do livro que está escrevendo sobre a Segunda Guerra. Daí todos vêm a saber que anualmente, na província de Lucca, na Itália, há um festival criado em gratidão aos esforços dos pracinhas brasileiros.

 “A protagonista segue os meandros do medo, do desconhecido, e do humorístico, expondo o encontro das duas culturas em solo brasileiro e usufruindo em harmonia de suas complementaridades”, escreveu a autora.  



Pesquisa difícil

Assim como sua personagem, Valdívia encontrou bastante dificuldade em suas pesquisas. “Foi difícil porque eu não encontrava subsídios suficientes nos Estados Unidos e nem na Europa. 

Visitei muitos museus de guerra, bibliotecas, ao mesmo tempo em que conhecia muita gente interessada no assunto no exterior, e colhia muitas informações – mas não nos Estados Unidos”, diz.

Em Recife ela conheceu dois veteranos que forneceram muito material importante, além de ter feito valiosas entrevistas com alguns militares que tinham acesso ao acervo do exército. 

Devido a falta de material em inglês, ela teve que escrever o livro em português, algo que não fazia há bastante tempo.  Claro, a autora já esteve in loco na base de Parnamirim, o histórico “Trampolim da Vitória”, um ponto que a emocionou bastante. 

“É emocionante tudo isso, principalmente depois que você ouve historias sobre Roosevelt e Vargas”, ressalta.

Ao pesquisar e escrever sobre uma história que ainda tem muitas lacunas, Valdívia também se viu diante de algumas surpresas. Ela considera “surrealista” a forma como os pracinhas brasileiros foram enviados para a guerra, sem saber do dia e até mesmo do ponto de chegada na Itália. 

Outra história nada edificante é de como um general brasileiro, a pedido de Vargas, exigiu que não fossem enviados “aliados negros” dos EUA para Parnamirim. “Do que pesquisei, antes, durante e depois do término da guerra, tinha muita coisa obscura. A política da época era como a atual, no meu ponto de vista, muito confusa”, afirma.

Para ilustrar a capa do livro, Valdívia escolheu a cena emblemática do encontro de Getúlio Vargas com Franklin Roosevelt em 1943 na Rampa, a “Conferência do Rio Potengi”, na qual os presidentes acertaram a entrada do Brasil na Segunda Guerra – bem como a entrada de Natal na história.

“Imaginar cinco mil aliados americanos numa cidade que na época só tinha 40 mil habitantes é até hoje uma coisa impressionante. Além disso, outros aliados passavam também por Natal fazendo a rota da Europa para a África”, enfatiza.  

A presença norte-americana em Natal alterou a vidinha pacata da província como nunca. Mudou hábitos de vestimenta, como a adoção de roupas mais leves, como as camisetas de algodão, e a informalidade jovem das calças jeans; introduziu refrigerantes e gomas de mascar entre os consumidores locais; e encheu a cidade de festas. 

No Grande Hotel, artistas de Hollywood costumavam aparecer para levantar a autoestima dos conterrâneos. A vida boêmia da Ribeira também despontou como nunca.

“Parnamirim, Base Norte-americana nos Trópicos” é o quinto livro de Valdívia Beauchamp, jornalista, professora, escritora, formada em letras. O livro já foi lançado na França, e a versão em inglês está a caminho. 

A autora chegou a programar o lançamento em Natal, que seria dia 31 de março, no Instituto Histórico e Geográfico do RN, mas a pandemia do Covid-19 atrapalhou os
planos. Apesar de radicada nos EUA desde 1964, ela mantém o interesse forte no Brasil. 

A família paterna é potiguar, de Assu. “Tenho muitos primos no estado e adoro essa terra. Posso dizer que o livro também foi uma maneira de me conectar com o RN e o nosso Nordeste”, conclui.

Sobre Parnamirim Field: uma base americana durante a 2ª Guerra
  
A região de Parnamirim já era destaque para os pioneiros da aviação brasileira na década de 30. Mas foi com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e a aliança entre Brasil e Estados Unidos (mais precisamente em 1941) que a cidade ganhou destaque em todo mundo. 

O “Parnamirim Field”, de onde partiam os aviões para combaterem os nazistas e seus aliados em pontos estratégicos na África, era a base americana identificada nos mapas como Trampolim da Vitória. 

De fato, a posição estratégica da cidade garantiu aos EUA a conquista de diversos pontos até a derrota da Alemanha no confronto.

Em termos estratégicos, Parnamirim Field foi a base de um triângulo que apontava para o "teatro de operações" (o norte da África e o sul da Europa), onde a sorte dos aliados contra os nazistas estava sendo lançada. A proximidade com o outro lado do Atlântico tornava Parnamirim especialmente estratégica.

A cidade ainda guarda em sua vocação o gosto pelos ares. É em Parnamirim que está localizado o Aeroporto Augusto Severo que, durante muitos anos foi o principal terminal internacional de Natal, e se torna agora com a construção do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, base para operações militares da Força Aérea Brasileira.

Minibiografia de Valdívia Vania S. Beauchamp:

Editora e jornalista política, trabalha para a American Airlines e lecionou português e espanhol na New York University e na Purdue University. Tem mestrado em Literatura Hispânica e Brasileira e em Literatura Medival Espanhola nos Estados Unidos. É autora dos livros Stigma: Saga por um Novo Mundo, Because Napoleon e Khatun, Gertrude Bell, Mentor of Lawrence d’Arabie. É fundadora e consultora literária para o Euro-American Women Writers Inc. NYC. Suas obras foram tambem publicadas digitalmente. Escreve por profissão, em inglês. Não publicou antes de emigrar.



Val Beauchamp ou Valdívia Vania S. Beauchamp

Natural de: Recife, Pernambuco.

País de Residência: Estados Unidos.

Emigrou em: 1964.

Profissão: Jornalista.

www.euro-americanwomenwriters.com

Obras:

Stigma: Saga por um Novo Mundo. Recife: Edições Bagaço, 2003

Stigma: Saga for a New World (trad.). New York: BookSurge, 2004.

Stigma: Saga for a New World. www.amzon.com, 2004.

Because Napoleon. New York: BookSurge, 2008.

La Faute a Napoleon (trad.). Montigny-le-Bretonneux: Yvelinedition, 2010.

Khatun, Gertrude Bell, Mentor of Lawrence d’Arabie. Montigny-le-Bretonneux: Yvelinedition, 2012.

Khatun, Gertrude Bell, Mentor of Lawrence d’Arabie. www.FNAC.com, 2012.

Gêneros Literários:

Ficção histórica, Romance.

Temas:

Memórias do Brasil, fatos históricos de interesse mundial.

Fontes: 


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