quinta-feira, 1 de junho de 2017

Saab vê longo caminho para país ampliar as exportações


Por: Redação OD
O presidente mundial da Saab, Hakan Buskhe, disse que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para atrair multinacionais da indústria de defesa e segurança e se tornar uma plataforma exportadora do setor. "Toma tempo para se estabelecer na indústria mundial de defesa. Não pensem que resultados virão no dia seguinte", afirmou ontem, em São Paulo, no Forum de Investimentos Brasil 2017, o executivo do grupo sueco fundado em 1937 que faturou US$ 3,2 bilhões em 2016 e tem US$ 12 bilhões na carteira de encomendas com caças, submarinos e sistemas. A frase do executivo foi uma resposta ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, que falou ontem no mesmo evento sobre um "novo marco regulatório" para o setor de defesa que o governo está montando para fazer do Brasil base de exportação.

Na conversa com Hakan Buskhe, o ministro disse que gostaria que a empresa sueca também entrasse no programa do avião de carga
Jungmann citou medidas como a nova linha de crédito do BNDES - para financiar até 100% de projetos de defesa -, estudos para "reduzir assimetrias" de tributos e um plano plurianual para "ampliar a previsibilidade" das empresas. O maior pedido atual da Saab está no Brasil: a venda de 36 caças Gripen ao governo por US$ 4,7 bilhões. Oito desses jatos serão fabricados em território brasileiro, no acordo de transferência de tecnologia que envolve fornecedores locais como Embraer. Jungmann usou esse acordo como exemplo de parcerias que podem ampliar as exportações locais. "Conversamos com Saab sobre Brasil exportar [caças fabricados no país]", disse. O vice-presidente de Segurança e Defesa da Embraer, Jackson Schneider, lembrou que o setor tomou "um choque" em 2015, quando houve corte de verbas para programas de defesa. 

"Não paramos projetos porque somos um conglomerado que tem outros negócios", disse. A empresa tem no governo um pedido de 28 unidades do cargueiro militar KC-390, negócio de R$ 7,2 bilhões. A entrega das primeiras unidades foi adiada de 2017 para meados de 2018 por causa dos ajustes que foram feitos no organograma de pagamentos. Jungmann disse que este mês vai à Europa para negociar a venda de produtos militares, como o KC-390. Segundo ele, há conversas mais adiantadas com Suécia e Portugal, além do interesse da Hungria e da República Tcheca. A presidente da Boeing na América Latina, Donna Hrinak, disse que embora exista interesse de corporações em firmar bases no país, há obstáculos como tributação alta, legislação trabalhista atrasada e setor público ineficiente. 
Ministro Jungmann encontrou-se com o vice-presidente da norte-americana Rockwell Collins, Alan Prowse
Já para o vice presidente da Rockwell Collins, Alan Prowse, afirmou que o plano de transformar o Brasil em plataforma de exportação passa pela necessidade de o governo dar garantias às companhias estrangeiras com planos de longo prazo. Jungmann disse a indústria militar brasileira, que representa atualmente 3,7% do PIB, pode explorar outros negócios. Ele citou a Base de Alcântara, no Maranhão, que poderia render de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão em receitas anuais com serviços de lançamento de satélites. Segundo ele, há demonstração de interesse de governos como o americano, israelense e russo. O ministro não estabeleceu prazos para que a base possa ser utilizada. Segundo ele, acordos precisam ser costurados com os países - o que exige mudanças na gestão e ampliação da área, hoje com 8 mil hectares, para pelo menos 20 mil hectares.
FONTE: Valor Econômico

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