A
Marinha do Brasil, por meio de sua Coordenadoria Geral do Programa de
Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (COGESN) e do Centro de Comunicação Social da
Marinha (CCSM), realizaram um “Media Day” no dia de ontem 07/04 com a imprensa
especializada nacional e internacional que se faziam presentes a LAAD, no Complexo de Naval de Itaguaí, onde foram visitadas a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) e as obras da futura Base Naval.
O intuito do evento foi poder apresentar e aproximar a imprensa em
geral, de como está o andamento do projeto, não só na forma da construção do SBR-1, mas como
também das instalações físicas. A visita teve-se início, com uma apresentação do
Coordenador chefe do programa, o Alte de Esq (RM/1) Gilberto Max Roffé
Hirschfeld, que fez uma explanação geral, desde como o projeto fora concebido chegando até os dias atuais, onde iremos ilustrar aqui com fotos, slides e vídeos,
para uma maior compreensão de todos.
A Marinha do Brasil e o PROSUB – Alte de Esq (R/M) MAX
Os Ajuste Técnico, foram firmados pelos respectivos Comandantes da Marinha do Brasil (MB) e da Marinha Nacional da França (MNF); e o Contrato Principal celebrado entre a MB e o Consórcio Baía de Sepetiba (CBS), formado pela DCNS (Empresa Estatal francesa de Projeto e Construção Naval), Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e Itaguaí Construções Navais (ICN). A ICN é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) em que o Governo Federal é representado pela MB e possui uma ação simbólica - Golden Share - com poder de veto sobre eventuais decisões.
A
participação da indústria brasileira está sendo realizada em duas formas. A
primeira refere-se aos itens cuja tecnologia é existente no País, como aqueles
usados na construção da infraestrutura industrial, em que a utilização
expressiva de materiais, sistemas, equipamentos, máquinas e insumos nacionais é
o objetivo principal. A segunda refere-se aos itens em que há necessidade de
transferência de tecnologia de empresas estrangeiras para as nacionais, como a nacionalização
de sistemas e equipamentos dos submarinos convencionais e do submarino com propulsão
nuclear.
A
Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear
(COGESN), subordinada direta da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico
da Marinha (DGDNTM), é a principal condutora do PROSUB, com a responsabilidade
pela execução do contrato principal e dos contratos subordinados correspondentes,
bem como a adequada gestão dos recursos alocados ao Programa. O PROSUB
compreende três Empreendimentos Modulares (EM): a construção de uma infraestrutura
industrial e de apoio para construção, operação e manutenção dos submarinos (EM-18);
o projeto e a construção do submarino com propulsão nuclear (EM-19); e a
construção de quatro submarinos convencionais (EM-20).
1. Infraestrutura Industrial e de Apoio
aos Submarinos
As
obras da UFEM, do Prédio Principal do ESC, do Pátio de Manobra de Submarinos e
de alguns berços de atracação do cais principal e auxiliar já foram concluídas.
A construção da UFEM e do EBN prevê, ao longo de seu cronograma, uma
significativa geração de empregos, com 13.717 diretos e 6.469 indiretos. Os
cortes orçamentários de 2015 resultaram na redução do ritmo de prontificação do
ESM e da BN. Para não causar impacto no processo de construção dos S-BR, foi
atribuída prioridade ao Estaleiro de Construção e ao Ship Lift (Elevador de
Navios), de modo a que sua prontificação esteja adequada ao objetivo de
lançamento ao mar do primeiro S-BR, o S. Riachuelo, em julho de 2018.
2. Projeto e Construção de Quatro
Submarinos Convencionais
Consiste
na aquisição de pacotes de materiais e sistemas para os S-BR e tecnologia de construção.
Inclui: o projeto de detalhamento da seção intermediária, com a participação de
equipe brasileira; a obtenção de torpedos e despistadores para os S-BR; a
nacionalização de materiais, equipamentos e sistemas; e a capacitação em
tecnologia de projeto do sistema de combate, com independência e autonomia para
sua manutenção corretiva, adaptativa e evolutiva.
No
projeto de construção dos S-BR está inserido um Programa de Nacionalização (PN)
que visa qualificar a Indústria Brasileira na produção e manutenção de
equipamentos e sistemas desses submarinos. Este projeto inclui um “OFFSET” para
capacitação - Transferência de Tecnologia (ToT) e Know-how (KoH) - de empresas
e resultará em encomendas físicas no parque nacional. Iniciado
em 2011, o PN tem como foco a independência e autonomia dos processos de fabricação
pela indústria brasileira. Engloba 104 subprojetos que constituem sistemas, equipamentos
ou itens que integram o pacote de material.
- S-BR1 (S. Riachuelo)
Foram
finalizadas todas as seções do casco resistente, na NUCLEP e transferidas para
a UFEM, sob a responsabilidade da ICN. As etapas subsequentes consistem na
fabricação das estruturas não resistentes, suportes e tubulações até a
transferência das seções para o ESC, instalação responsável pelo acabamento,
testes e lançamento ao mar, cuja previsão é julho de 2018. Após cerca de dois
anos de testes de porto e de mar será transferido ao setor operativo da Marinha.
- S-BR2 (S. Humaitá)
- S-BR3 (S. Tonelero)
Sua
construção teve início em janeiro de 2015, na NUCLEP. A primeira seção foi concluída
em 17 de janeiro deste ano e as demais seções serão entregues até o final do
ano.
- S-BR4 (S. Angostura)
Sua
construção em fevereiro de 2016, na NUCLEP, com o corte da primeira chapa que
deu origem às primeiras cavernas da estrutura do casco resistente.
3. Projeto e Construção do Submarino com
Propulsão Nuclear
Inclui
a capacitação em projeto e construção do SN-BR; a aquisição de pacote de
material para um submarino e respectivo sistema logístico; o gerenciamento do
projeto e construção no Brasil; a construção da planta de propulsão nuclear com
tecnologia exclusiva do Brasil, a cargo do CTMSP; e a capacitação em tecnologia
de projeto do sistema de combate. Este Projeto prevê a obtenção pela MB da
independência e autonomia para o projeto, construção e manutenção do submarino;
e a nacionalização de materiais, equipamentos e sistemas.
Merece
destaque o fato de que o processo em tela propiciará um expressivo incentivo ao
desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID) que engloba os setores da
eletrônica; engenharia naval; computação (softwares); mecânica de precisão e pesada;
optrônica; mecatrônica; eletromecânica; metalúrgica; química e nuclear. Além de
desdobramentos indiretos para a Indústria Naval Brasileira e de offshore.
As
empresas nacionais atuarão fornecendo diversos componentes, incluindo itens de
alta tecnologia, e prestando serviços de engenharia e gerenciamento industrial
em áreas que incluem, dentre outras: sistemas eletrônicos de controle e
monitoramento; sensores de temperatura, pressão, vibração, fluxo neutrônico e
radiação; componentes elétricos de potência (motores e geradores elétricos);
componentes mecânicos de precisão; turbinas a vapor; trocadores de calor; sistemas
pneumáticos; sistemas de absorção de gases e de monitoração de atmosfera
confinada; e sistemas de geração de oxigênio, a partir da eletrólise da água.
Cabe apontar que grande parte desses componentes possui aplicação dual em
diversos ramos da indústria, inclusive de petróleo e hospitalar.
O
SN-BR, objeto precípuo deste complexo programa de desenvolvimento, teve a fase
de concepção e exequibilidade completada em meados de 2013. Na sequência, o
projeto básico foi concluído em janeiro deste ano. Ao longo de 2017 é previsto
um período entre fases, onde são tomadas ações de preparação para o
detalhamento e construção. Há uma previsão inicial de que a seção de
qualificação do SN-BR se inicie em 2018, com o lançamento do submarino previsto
para 2027 e, após a realização de uma série de testes, ser transferido para o
setor operativo da MB em 2029.
No
entanto, temos consciência dos obstáculos tecnológicos que surgirão e terão que
ser vencidos em função da situação econômica do País. O cronograma passa
constantemente por criteriosa análise de forma a se adequar ao orçamento
disponível e refletir as perspectivas futuras da economia e a necessidade de
vencer os diversos obstáculos que estão por vir.
4. Responsabilidade Social e Gestão
Ambiental
Ao
final do projeto, quando todo o empreendimento estiver pronto, existe a
expectativa de cerca de 5.000 famílias de militares e funcionários civis para
compor a força de trabalho no Complexo Naval de Itaguaí (CNI), que fixarão
residência na região. Cabe destacar que essa contribuição para a geração de
riquezas já ocorre em outros municípios onde a Marinha possui bases navais
instaladas.
Sendo
assim, desde o início do PROSUB a Marinha, em parceria com as empresas envolvidas
(Construtora Norberto Odebrecht e Itaguaí Construções Navais), vem empreendendo
diversas ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população de
Itaguaí e arredores, as quais passamos a detalhar.
4.1. Programas de Capacitação de Mão de
Obra
Dentro
do Projeto Cisne Branco, foram conduzidos os programas “Caia na Rede” e “Inglês
num Clic”, com cursos de informática e inglês, tendo sido formadas 407 pessoas
no módulo básico de Excel e Word e 101 pessoas nos módulos básico e
intermediário de inglês. Foi promovido, ainda, um curso de Moço de Convés, para
pescadores artesanais da Ilha da Madeira. Concluíram o curso 30 pescadores, que
passaram a ser aquaviários, com novas oportunidades de emprego.
4.2. Emprego da mão de obra local
Uma
das principais contribuições do PROSUB para a economia do Brasil e da Região é
a geração de emprego de alta qualificação, tanto para a construção dos
submarinos quanto para a construção do EBN-UFEM. No que se refere
especificamente às obras de construção destes últimos, ao longo do seu
cronograma, está prevista a geração de 13.717 empregos diretos e 6.469 empregos
indiretos. Tendo
como compromisso o aproveitamento e o desenvolvimento da mão de obra local, o empreendimento
PROSUB-EBN firmou parceria com o Centro de Oportunidades de Itaguaí - RJ, a fim
de promover a divulgação e captação de profissionais da Região para emprego na
obra.
4.3. Obtenções em Itaguaí
4.4. Tributos recolhidos à Prefeitura
Municipal de Itaguaí
Um dos
maiores benefícios trazido pelo PROSUB para a economia do Município de Itaguaí é
o aumento da arrecadação proveniente do recolhimento de impostos. Até 2016
foram recolhidos R$ 316 milhões.
4.5. Programa de Agricultura Familiar
O
Programa de Apoio à Produção e Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar é
uma iniciativa que visa, a partir de ações de estruturação do sistema de
produção de alimentos, contribuir para a permanência das famílias nas suas
propriedades e oferecer aos agricultores uma possibilidade de fonte de renda
baseada no cultivo sustentável, a partir do apoio à organização da agricultura
familiar.
No
âmbito desse programa, é realizada a compra direta dos produtores, sem a
participação do atravessador, com mais de 35 tipos de produtos cultivados e
cerca de 115 toneladas de alimentos adquiridos. Até o momento, foram atendidos
43 produtores e houve um aumento de cerca de 90% na emissão de Declaração de
Aptidão ao PRONAF - DAP, documento que dá acesso às políticas públicas para o
setor agrícola. A renda média mensal alcançada pelos agricultores do programa
gira em torno de três salários mínimos.
4.6. Ações de Fortalecimento da Pesca Artesanal
No
âmbito do PROSUB, foi realizado o pagamento de 15 salários mínimos a 46
pescadores artesanais, que tiveram a rota de navegação de seus caíques
prolongada durante o período de dragagem na área do empreendimento. Tem sido prestado, também, apoio para
estruturação e desenvolvimento do fornecimento de pescado, por meio da
Associação dos Pescadores da Ilha da Madeira (APESCA).
4.7. Programas Ambientais
No
âmbito do PROSUB a preocupação com o meio ambiente é constante. São conduzidos diversos
monitoramentos ambientais, tais como: Qualidade do Ar e da Água; Biota
Aquática, Fauna, Ruídos e Correntes Marítimas. Foi realizada, também, dragagem
para retirada de 298.165 m3 de material contaminado do fundo do mar (cádmio,
chumbo, cobre, níquel e zinco), deixados pela antiga Indústria Ingá.
4.8. Doações à Prefeitura Municipal de
Itaguaí
4.9. Obras de infraestrutura no entorno do
empreendimento
Como
decorrência das obras construção do PROSUB-EBN, estão sendo realizadas algumas obras
de infraestrutura na região, que irão beneficiar a população local:
Via litorânea - via moderna para acesso aos moradores da Ilha da Madeira, a qual contará com uma ciclovia; e Elevatória e adutora da CEDAE - que irão melhorar o fornecimento de água para a Ilha da Madeira.
4.10. Ocupação hoteleira
As
obras do empreendimento proporcionaram o incremento da ocupação dos hotéis na região
de Itaguaí e Mangaratiba, em função da instalação de funcionários da obra e de fornecedores
diversos.
4.11. Projeto de Comunicação Social
5. Considerações adicionais
A
construção e a operação de um submarino com propulsão nuclear, desenvolvido com
tecnologia altamente sensível, são dominadas por poucos países. Atualmente,
apenas China, Estados Unidos da América, França, Reino Unido, Rússia e Índia
detêm esse domínio tecnológico. Com o PROSUB, o Brasil passará a integrar esse
seleto grupo, fruto do salto tecnológico a ser vivido pelo País.
Nota do Editor: Gostaria de agradecer imensamente ao Alte de Esq Max e ao CMG Lindgren, pela recepção calorosa a mim e aos colegas da imprensa que estiveram juntos no dia de ontem no Complexo Naval de Itaguaí, e pela explanação simples e objetiva sobre o andamento do PROSUB. Ao Centro de comunicação da Marinha, na pessoa do CA Rocha pelo convite que foi feito para estarmos presente ao evento, e aos CF Fábio Candido e CC Henrique Afonso, pelo apoio prestado para a realização desta matéria.
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