Após
06 semanas intensas de atividades, encerrou no dia 10 de Junho o Estágio de
Caçador de Operações Especiais, conduzido pelo Centro de Instrução de Operações
Especiais - Centro de Instrução Coronel Gilberto Antônio
Azevedo e Silva (CIOpEsp), Estabelecimento de Ensino do
Exército Brasileiro responsável por formar os recursos humanos do Comando de
Operações Especiais (COpEsp). A atividade foi conduzida em um ambiente conjunto
e interagências, contando com instrutores não só do Exército Brasileiro, como
também da Marinha do Brasil. Por se tratar de um Estágio voltado exclusivamente
para o segmento de Operações Especiais das Forças Armadas e Auxiliares, a
condição precípua para realizar a atividade é possuir o Curso de Ações de Comandos,
do Exército Brasileiro, ou curso congênere das Forças Armadas e Auxiliares. Toda
a atividade de ensino foi direcionada para a execução das habilidades do
caçador e seu emprego operacional, sob a égide dos fundamentos doutrinários das
Operações Especiais.
O fato
de possuir alunos e instrutores dos diversos segmentos de Operações Especiais
do país engrandeceu a carga de conhecimento e troca de informações por todos os
envolvidos na atividade. O Centro de Instrução de Operações Especiais é a
referência nacional no ensino da atividade do Caçador de Operações Especiais. Devido
a larga experiência do seu corpo de instrutores, seja pelo emprego nas diversas
missões do CIOpEsp, integrando o pioneiro Destacamento de Reconhecimento e
Caçadores (DRC) do 1º Batalhão de Ações de Comandos (1º BAC), seja nas diversas
outras missões em que a especialidade do caçador foi necessária, a experiência
prática da atividade também é passada aos alunos. O DRC é a primeira fração
constituída do Exército Brasileiro organizada e habilitada doutrinariamente
para as missões do Caçador de Operações Especiais. O fato dos instrutores do
CIOpEsp terem passado pelo DRC eleva o nível técnico do Estágio.
As
fases do Estágio de Caçador
O
curso começa basicamente pelas instruções de fundamentos de tiro e culminando
com o exigente teste de entrada, separa aqueles que possuem a aptidão para atividades
de tiro de precisão daqueles, que cujas as características se adequam às
equipes de assalto. Somente os que atingiram a pontuação mínima de 85% de
acerto no teste prosseguem no Estágio, a qual fica conhecida como a “Semana 01”.
A semana seguinte aborda toda a carga teórica sobre a técnica de tiro, seja em
condições normais ou especiais, necessárias para as próximas semanas. Princípios
de balística externa, retículos de combate, entre outros conhecimentos são
transmitidos nesta semana. A terceira e quarta semana, executadas em Goiânia,
se caracterizam pelas atividades de tiro de campo. Provas tradicionais como
tiro em distância desconhecida e caçada são realizadas na área do Comando de
Operações Especiais, bem como instruções peculiares como o tiro embarcado em
helicóptero e em bote pneumático.
Nesse
período, o contato cerrado com os integrantes do Destacamento de Reconhecimento
e Caçadores bem como com os Caçadores do 1º Batalhão de Forças Especiais,
estimula a integração entre as Forças Singulares e Auxiliares, fazendo com que
esses poucos elementos com a habilidade de realizar o tiro de precisão a longa
distância se conheçam pelo timbre de voz. Por fim, os alunos regressam a
Niterói para realizar as duas últimas semanas do Estágio, onde o conhecimento é
conduzido para as Operações em Ambiente Urbano e Contra - Terrorismo. Nessa
fase o aluno recebe também uma bagagem de arcabouço jurídico acerca do emprego
do caçador e também os aspectos atinentes à função do controlador.
O Caçador
em operação
O
Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro emprega seus caçadores
sempre sob o comando de um militar especializado com conhecimento específico de
controlador de equipes de caçadores, onde sua missão principal é fazer a
ligação entre as equipes desdobradas na Área de Operações e o Escalão Superior,
proporcionando tranquilidade para a decisão pelo emprego do caçador e
potencializando a consciência situacional. Um fato marcante e diferencial do
Estágio de Caçador de Operações Especiais é o planejamento, condução e execução
de missões de emprego do caçador, caracterizadas pelo Reconhecimento Especial e
Ação Direta pelo tiro seletivo. Esse aspecto diferencia o Estágio das demais atividades de ensino
correlatas ao Caçador no País, e permite integrar conhecimentos das formas de
planejamento das Forças Singulares e Auxiliares, conjugando capacidades e
caracterizando um ambiente conjunto e interagências, tão necessário para
enfrentar as ameaças atuais da nossa Nação.
O que
o Estágio proporciona ao Caçador?
O
Estágio ensina como fração básica do caçador a Equipe de Caçador, compostas por
04 elementos: o Caçador - responsável pelo tiro de precisão; o Observador -
militar que auxilia diretamente o caçador na correção e condução do tiro; o
Auxiliar de Comunicações - incumbido de realizar o enlace entre a Equipe e o
Controlador e proporcionar a consciência situacional através da produção de
imagens e relatórios com as capacidades de análise de um Operador Especial; e o
Auxiliar de Saúde - responsável por prover os primeiros socorros e o apoio de
fogo imediato da equipe.
O
Estágio transmite ainda os conhecimentos necessários para executar a função de
controlador de equipe de caçador, função extremamente específica e moderna para
auxiliar a solução de crises. O Estágio de Caçador de Operações Especiais de
2016 contou com 20 alunos, sendo 06 do 1º Batalhão de Ações de Comandos, 03 do
1º Batalhão de Forças Especiais, 02 da 3ª Companhia de Forças Especiais, 04 do
Grupamento de Mergulhadores de Combate, 02 do Batalhão de Operações Especiais
de Fuzileiros Navais, 02 do Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de
Janeiro e 01 do Batalhão de Operações Policiais Especiais de Goiás.
Os
alunos receberam um Plano de Disciplina por competência que abordou 04 fatores
básicos que compõem a ação do caçador. O fator técnico, baseado na carga de
conhecimento adquirido durante o estágio, a qual englobou diversos tipos de
tiro, balística externa, material de comunicações, sistemas de caçador de
operações especiais, fotografia, etc. O fator legal fundamentado nas instruções
sobre análise jurídica do emprego do caçador e sobre uso diferenciado da força.
O fator fisiológico constituído através do acompanhamento dos parâmetros
fisiológicos dos alunos durante atividades de alto desgaste físico e que
precediam a execução do tiro de precisão, complementando com a instrução sobre
a influências da condição humana na performance de execução das tarefas do
Caçador de Operações Especiais.
E por
último o fator circunstancial, que foi materializado com o planejamento e
condução das operações rural e urbana, obrigando caçador e principalmente
controlador em nortear o planejamento para a legitimidade e legalidade das
ações. A partir de agora, os 20 militares recém - formados Caçadores de
Operações Especiais estão em perfeitas condições, com o estrito dever do poder
legal, de eliminar ameaças com eficiência e dignidade, realizando ações
cirúrgicas com o máximo de letalidade e com o mínimo de danos colaterais para
os companheiros e para a sociedade!
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