domingo, 27 de agosto de 2017

Primeira Mulher Oficial da Força Aérea Brasileira vai para o Sudão como observador militar


Por: Redação OD

A expectativa tem sido um sentimento constante na vida da Capitão Luanda dos Santos Bastos, a primeira mulher da Força Aérea Brasileira (FAB) designada para atuar em missões de paz da ONU na função individual de observador militar. “Confesso que sinto um friozinho na barriga pelo medo do desconhecido, pelos desafios que, com certeza, irei me deparar e, principalmente, pela distância e saudade da minha família”, comenta. No último sábado (26/08), a oficial viajou para o país africano Sudão, onde deve ficar por um ano atuando na região oeste do país, denominada Darfur.

Capitão Luanda vai participar da Missão das Nações Unidas e da União Africana em Darfur (UNAMID), região que, desde 1950, enfrenta graves problemas políticos que resultaram numa guerra civil entre os guerrilheiros cristãos e o governo muçulmano. Segundo levantamento da ONU, mais de 300 mil pessoas morreram no conflito e mais de 2,7 milhões tiveram de abandonar suas áreas de origem. Para atuar num cenário de guerra como esse, a bandeira e o capacete azul das Nações Unidas serão a principal arma e o escudo da Capitão Luanda, que vai trabalhar desarmada na região africana. 

Como observador militar, a oficial da FAB vai monitorar os acordos de paz na região e promover diálogos de cessar-fogo. Estou buscando informações específicas da missão, dos cenários político, econômico e social do país e aperfeiçoar o meu inglês, a fim de chegar bem preparada para contribuir no que for possível para a manutenção da paz em Darfur, no Sudão”, disse.

Desafio


Capitão Luanda é Oficial Intendente da FAB e servia no Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER). A ideia de participar de uma missão de paz surgiu no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, quando passou a ter contato com assuntos como liderança, doutrinas de guerras, conflitos armados e direitos humanos. “Conversei com alguns militares que dividiram comigo suas inesquecíveis e marcantes experiências profissionais. Eles me motivaram e me inspiraram a querer viver uma experiência semelhante na minha carreira”, relembra.

A FAB fez um convite para voluntários participarem da missão de paz no Haiti, mas confessa que não tinha certeza e coragem para enfrentar o desafio. Dois meses depois, um novo convite foi disparado para o efetivo e a militar encontrou ali a oportunidade para o desejo se tornar realidade. Tratava-se de uma convocação exclusivamente para mulheres oficiais participarem de um curso da ONU com ênfase em exploração e abuso sexual em áreas de conflito. “A militar que fosse para o curso, automaticamente, seria incluída no banco de dados de voluntários. Nesse momento, me candidatei”, afirma.

Na oportunidade, Capitão Luanda conheceu 38 mulheres de nacionalidades diferentes que já tinham participado de várias missões da ONU. “Fiquei extremamente motivada em querer viver essa experiência na minha vida e na carreira, ajudar os mais necessitados no que for possível e ter a satisfação como militar de participar de uma missão real”, comemora. Para assumir tamanha responsabilidade, Capitão Luanda se habilitou em inglês - requisito indispensável para atuar pela ONU.

Paralelamente participou do estágio de preparação para Missões de Paz, oferecido pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), a fim de receber todas as instruções necessárias para desempenhar com sucesso as atividades como Observador Militar. Para surpresa e felicidade dela, a militar foi consultada se havia interesse em integrar a Missão das Nações Unidas e da União Africana em Darfur. “Espero que eu regresse daqui a um ano com a bagagem cheia de experiências, lições aprendidas e histórias para contar e possa motivar os futuros peacekeepers”, conclui.

FONTE: CECOMSAER

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