Por: Redação OD
A expectativa tem sido um sentimento constante na vida da Capitão Luanda dos Santos Bastos, a primeira mulher da Força Aérea Brasileira (FAB) designada para atuar em missões de paz da ONU na função individual de observador militar. “Confesso que sinto um friozinho na barriga pelo medo do desconhecido, pelos desafios que, com certeza, irei me deparar e, principalmente, pela distância e saudade da minha família”, comenta. No último sábado (26/08), a oficial viajou para o país africano Sudão, onde deve ficar por um ano atuando na região oeste do país, denominada Darfur.
A Capitão
Luanda vai participar da Missão das Nações Unidas e da União
Africana em Darfur (UNAMID), região que, desde 1950, enfrenta graves
problemas políticos que resultaram numa guerra civil entre os
guerrilheiros cristãos e o governo muçulmano. Segundo levantamento
da ONU, mais de 300 mil pessoas morreram no conflito e mais de 2,7
milhões tiveram de abandonar suas áreas de origem. Para atuar num
cenário de guerra como esse, a bandeira e o capacete azul das Nações
Unidas serão a principal arma e o escudo da Capitão Luanda, que vai
trabalhar desarmada na região africana.
Como observador militar, a
oficial da FAB vai monitorar os acordos de paz na região e promover
diálogos de cessar-fogo. “Estou
buscando informações específicas da missão, dos cenários
político, econômico e social do país e aperfeiçoar o meu inglês,
a fim de chegar bem preparada para contribuir no que for possível
para a manutenção da paz em Darfur, no Sudão”, disse.
Desafio
Capitão
Luanda é Oficial Intendente da FAB e servia no Gabinete do
Comandante da Aeronáutica (GABAER). A ideia de participar de uma
missão de paz surgiu no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais,
quando passou a ter contato com assuntos como liderança, doutrinas
de guerras, conflitos armados e direitos humanos. “Conversei com
alguns militares que dividiram comigo suas inesquecíveis e marcantes
experiências profissionais. Eles me motivaram e me inspiraram a
querer viver uma experiência semelhante na minha carreira”,
relembra.
A
FAB fez um convite para voluntários participarem da missão de paz
no Haiti, mas confessa que não tinha certeza e coragem para
enfrentar o desafio. Dois meses depois, um novo convite foi disparado
para o efetivo e a militar encontrou ali a oportunidade para o desejo
se tornar realidade. Tratava-se de uma convocação exclusivamente
para mulheres oficiais participarem de um curso da ONU com ênfase em
exploração e abuso sexual em áreas de conflito. “A militar que
fosse para o curso, automaticamente, seria incluída no banco de
dados de voluntários. Nesse momento, me candidatei”, afirma.
Na
oportunidade, Capitão Luanda conheceu 38 mulheres de nacionalidades
diferentes que já tinham participado de várias missões da ONU.
“Fiquei extremamente motivada em querer viver essa experiência na
minha vida e na carreira, ajudar os mais necessitados no que for
possível e ter a satisfação como militar de participar de uma
missão real”, comemora. Para
assumir tamanha responsabilidade, Capitão Luanda se habilitou em
inglês - requisito indispensável para atuar pela ONU.
Paralelamente participou do estágio de preparação para Missões de Paz, oferecido pelo Centro
Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), a fim de receber
todas as instruções necessárias para desempenhar com sucesso as
atividades como Observador Militar. Para
surpresa e felicidade dela, a militar foi consultada se havia
interesse em integrar a Missão das Nações Unidas e da União
Africana em Darfur. “Espero que eu regresse daqui a um ano com a
bagagem cheia de experiências, lições aprendidas e histórias para
contar e possa motivar os futuros peacekeepers”,
conclui.
FONTE: CECOMSAER
Nenhum comentário:
Postar um comentário