Por: Redação OD
Quarto pais a fazer parte do clube de potências nucleares hoje mostra todo seu poderio debaixo da água, com quatro submarinos de fabricação e design nacional. O silencioso arsenal nuclear francês foi analisado por Kyle Mizokami, especialista em defesa e segurança nacional, da revista National Interest. A França realizou seu primeiro teste nuclear (o chamado Gerboise Bleue) em 13 de fevereiro de 1960, tornando-se assim a quarta potência nuclear. O teste fora realizado no âmbito do programa atômico iniciado em 1955, que não foi bem-sucedido em seu início.
"A primeira tentativa de construir um submarino nuclear, o Q 244, não deu certo, porque os engenheiros franceses não foram capazes de reduzir suficientemente o tamanho do reator nuclear. O submarino foi cancelado em 1959, explicou Mizokami.
O
projeto seguinte foi coroado de êxito e dele surgiu a primeira
classe de submarinos nucleares franceses: Le Redoutable. Foi o início
do poderio militar francês no mar."
A
primeira classe: Le Redoutable
A
primeira classe era composta de cinco submarinos, retirados a partir
de 2008: Le Redoutable, Le Foudroyand, L'Indomptable, Le Tonnant e
L'Inflexible, construídos nos estaleiros de Cherborg entre 1971 e
1980. Inicialmente, a classe Le Redoutable foi equipada com mísseis
franceses M1, de dois estágios, com uma ogiva nuclear de 500
quilotons de potência e com o alcance de dois mil e quinhentos
quilômetros, o que era suficiente para "atingir Moscou a partir
do golfo da Biscaia", ao norte da Espanha, lê-se no atrigo.
Os
submarinos da classe Le Redoutable estavam equipados com quatro tubos
de torpedos de 533 milímetros com sistema de autodefesa e eram
capazes de lançar mísseis de cruzeiro antinavio SM 39 Exocet. Le
Foudroyant transportava mísseis M2, uma atualização dos M1, com um
alcance de 2.962 mil quilômetros.
Os
submarinos L'Indomptable e Le Tonnant, também da classe Le
Redoutable, lançavam tanto M2 como os novos M20, com o mesmo alcance
de 2.962 quilômetros, mas "com uma cabeça termonuclear gigante
de um megaton", indicou Mizokami. O último submarino da
primeira classe, L’Inflexible, foi equipado com misseis balísticos
M4 com um alcance de 2.981 mil quilômetros, o suficiente para
alcançar Kazan, cidade russa nas margens do rio Volga.
Na
época do maior esplendor do arsenal atômico francês, 87% de suas
forças nucleares eram constituídas por submarinos. Essa frota, a
Força Oceânica Estratégia (FOST na sigla em francês), tinha sua
base em Ile Longue, em Brest, "e seus submarinos costumavam
patrulhar as costas francesas e portuguesas, três submarinos
tinham que estar na água em todos os momentos e um quarto tinha que
estar pronto para isso", disse o autor.
A
segunda classe: Le Triomphant
Construídos
entre 1986 e 2010 e, portanto, preparados para enfrentar o período
pós-Guerra Fria, os submarinos da classe Le Triomphant começaram
sendo construídos em 1986. O primeiro deles, Le Triomphant, entrou
na frota francesa em 1997. O segundo desta classe, Le Téméraire,
entrou em 1999. O terceiro submarino, Le Vigilant, não viu a luz do
dia até 2004 e o quarto e último, Le Terrible, foi construído
apenas em 2010.
"Os
submarinos da classe Le Triomphant são maiores que os da geração
anterior e usam o mesmo reator nuclear que o porta-aviões Charles de
Gaulle, o K-15. Os quatro submarinos desta classe estão armados com
mísseis de médio alcance M4B, a combustível sólido e com um
alcance de seis mil quilômetros."
O
último submarino, Le Terrible, está equipado com mísseis M51,
idênticos ao M4B, mas com um alcance um pouco mais longo, disse o
especialista. "Cada ogiva nuclear é capaz de manobrar
independente durante a descida", comentou ele.
"Provavelmente, com o surgimento do poder militar de outras potências, faz com que continue a impulsionar Paris a se manter sendo uma potência nuclear
durante as próximas décadas", disse Mizokami,
acrescentando que "sendo tão pequeno como é hoje, o arsenal
nuclear da França não se destina a ganhar uma guerra, mas a não
perdê-la".
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