quarta-feira, 19 de julho de 2017

P-122 "Araguari" em CAv - Controle de Avarias, no mar todo são Bombeiros também.


Por: Yam Wanders.

Qualquer embarcação seja civil ou militar tem seu time/equipe de CAv, ou, "Controle de Avarias", que entre toda a tripulação do navio serão aqueles a efetuarem uma série de ações específicas para controlar e neutralizar eventos que coloquem em risco a operação e navegação/flutuabilidade segura da embarcação caso o princípio de dano/fogo não seja inicialmente debelado por aqueles que o detectam e/ou o encontram primeiro. As ações são as mais diversas no que se concerne ao CAv, e uma das mais importantes e difíceis é o combate à incêndios, devido as características da maioria das embarcações, com seus compartimentos diversos com tamanho dos mais variados, alguns chegando a ser verdadeiros espaços confinados. 



Uma das questões iniciais sobre a doutrina de segurança e controle de avarias é como funciona o sistema de prevenção de combate ao fogo à bordo das embarcações mais modernas e as ações iniciais desse combate ao incêndio.
Atendendo a uma série de regulamentações internacionais, no Brasil tudo o que toca a segurança e respectivamente a prevenção e combate à incêndios em embarcações e outras especificações de segurança e salvatagem, são  regulamentadas pelas "Normas da Autoridade Marítima Brasileira" ou simplesmente "NORMAM", pelo "Manual de Combate à Incêndio" CBINC D-001 e pelo "Livro de CAv" específico de cada embarcação. Existe ainda uma diversidade de cursos e/ou especializações que são oferecidas pela Marinha do Brasil aos seus integrantes , e um dos que se destaca é o "Curso de Fiel de Cav" entre muitos outros desenvolvidos pela Marinha do Brasil. Recomendamos a consulta dos mesmos em caso de dúvidas mais específicas e para maior abrangência de conhecimentos aos profissionais que desejam se aprofundar no tema.


No tocante a prevenção, o navio segue e aplica especificações muito rígidas quanto a avaliação de riscos potenciais para cada tipo de embarcação, suas finalidades de usos e; para cada embarcação em específico, existe uma planta técnica que detalha o que cada compartimento do navio terá como sistema de detecção de incêndio, os acessórios de extinção automática e os acessórios e equipamentos  manuais de combate ao fogo para a particularidade de risco de cada local. Todos os equipamentos de detecção eletrônica são ligados a mais de uma central de detecção e alarme assim como câmeras de vigilância monitoradas as 24h pelas equipes de serviço.

Porém o equipamento mais valioso que a Marinha possui é o a qualidade de seus recursos humanos, com a atenção aos detalhes, a conscientização constante e mútua entre os tripulantes para a prevenção, e, a certeza da proatividade em caso de sinistros iminentes ou já em curso. Atualmente a grande maioria dos materiais que são usados na construção de embarcações é resistente ao fogo e não propaga chamas, bem como a doutrina de carregamento de cargas perigosas que segue todos os padrões internacionais de segurança.



O Exercício de CAv à bordo do NPAOc P-122 "Araguari"

No caso de embarcações que possuem convôo ou deck de pouso, são realizados exercícios de CAv específicos somente para as operações com as aeronaves que irão operar embarcadas com o respectivo navio, incluíndo-se nesse exercício, todos os procedimentos de abertura convencional e forçada de cada aeronave em operação bem como os procedimentos de incursão e extricação* de vítimas da aeronave. Obviamente todo exercício é acompanhado também do treinamento específico de primeiros socorros e remoção da vítima do local para o hospital ou enfermaria do navio.


Nos exercícios de CAv que acompanhamos à bordo do "Araguari", vamos ilustrar a seguinte sequência de ações:

O exercício é dividido nas ações de três turmas principais:

01/03: Ataque, que é a primeira equipe ou grupo de tripulantes que chega ao local do incêndio ou avaria do jeito que estiver, efetua a tentativa inicial de extinção ou controle do incêndio e estabelece a linha de mangueiras para o combate inicial;

02/03: Suporte alfa, rende a equipe ataque com macacão operativo e máscara/EPI de proteção respiratória e permanece combatendo fogo até ser rendida pela equipe principal;

03/03: Suporte bravo, time já está vestido com o uniforme completo para o combate ao fogo. Capuz e luvas antiflash, botas de aproximação, capacete "Gallet" ou "MSA" com lanterna, roupa de aproximação, máscara "Draguer" ou "MSA" e cilindro de ar comprimido respirável com 30 minutos de duração (PA -Proteção autônoma ou ERI - Equipamento de respiração individual; os termos usados variam para os Bombeiros de terra e outras instituições, mas o equipamento é o mesmo variando somente o fabricante).


Resumo tático na prática

Conversando com todos os envolvidos na organização do exercício de CAv à bordo do NPAOc P-122 "Araguari" chegamos a um check-list prático de 8 ações básicas a serem adotadas em caso de ocorrência de incêndio à bordo.

1- Todo princípio de fogo pode e deve ser extinto em seus primeiros minutos o mais rápido possível. Prontidão e ações corretas são essenciais à uma ação eficaz.

2- Detectado o foco de incêndio o alarme deve ser acionado e a "Ponte de Comando" avisada imediatamente. Se o navio estiver no porto, as autoridades portuárias devem ser alertadas para fornecer o devido apoio.

3- Todos os tripulantes devem estar aptos ao uso dos extintores e suas respectivas aplicações para os diferentes tipos de materiais e incêndios, sempre salientando a atenção de não usar extintores de água ou espuma em equipamentos elétricos energizados ou não.

4- Nunca abrir portas, janelas ou escotilhas que aumentem o fluxo de ar para o interior de compartimentos com fogo, pois o fluxo de ar alimenta o fogo de oxigênio e promove sua propagação e intensidade.

5- Sendo possível, todo material combustível e/ou inflamável deve ser retirado da proximidade do fogo.

6- Se um compartimento ou cabine começar a sofrer infiltração de fumaça, abandone o mesmo o mais rápido possível, sempre agachado ou andando de joelhos, usando os CAF/Smoke Hoods (capuz anti fumaça ou do inglês EEBD - emergency escape breathing devices). Lembre-se sempre que mesmo com pouca fumaça, em casos de incêndios existe a possibiidade de emanação de gases tóxicos diversos que são incolores e inodoros.

7- Após a extinção do fogo, manter o nível de atenção e mobilização no resfriamento dos compartimentos afetados para evitar uma possível re-ignição.

8- Nenhuma pessoa deve entrar sem equipamento individual respiratório em um ambiente que sofreu incêndio, mesmo que não haja mais risco de re-ignição, devido à possível presença de gases tóxicos ainda em suspensão, ventilação adequada deve ser usada sempre para a exaustão de fumaça e gases nos ambiêntes sinistrados.

Galeria de imagens:






































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