Imagem via Defense.gov/ Ministére des Armées. |
Por: Redação OD.
O General Pierre de Villiers, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas da França, anunciou hoje, no começo da manhã na França, o seu pedido de demissão.
Acontecimento inédito em toda a história moderna da França, o pedido de demissão de um Chefe de Estado Maior das Forças Armadas causa surpresa e indignação de situação no meio militar francês.
O fato ocorre após uma série de intempéries, e desentendimentos com o Presidente Emanuel Macron, que também anda se desentendendo com a liderança militar do pais desde sua posse como presidente em julho desse ano.
Não obstante os fatos de polêmicas políticas que vão da condução da defesa nacional, passando por promessas quebradas e até mesmo envolvendo a eleição com resultados duvidosos, a falta de harmonia e até mesmo de respeito que envolve a classe política francesa atualmente no poder desde o governo Hollande para com os militares, tem fomentado um crescente descontentamento entre todos.
Tido pelos militares franceses e seus colegas da NATO/OTAN como um dos Generais mais capazes e competentes do século XXI, muito já se comentava sobre sua possível saída devido às evidentes divergências que já vem do governo Hollande e ao atual desconforto causado pelas políticas de cortes de verbas e uso político das forças armadas francesas, desviando-as de suas finalidades originais constitucionais.
Entre as polêmicas mais recentes que causam descontentamento não só entre militares, mas como en toda a população francesa bem esclarecida estão os fatos:
- O então candidato Emanuel Macron promete em sua campanha que aumentará as verbas para todos os setores militares, em especial para a defesa interna contra o terrorismo.
- Em diversos discursos o já eleito Presidente Macrom começa a quebrar suas promessas de campanha, algumas feitas pessoalmente aos Chefes Militares, e corta o orçamento militar.
- Ocorrem reduções e complicações para o apoio das atividades de segurança interna na luta contra o terrorismo, o que causa o descontentamento justamente em uma época que a França e franceses estão extremamente visados pela Jihad Islâmica no mundo todo.
- A França, conhecida como uma das maiores fabricantes de armas do mundo, fecha acordos de venda de armas e equipamentos para países de clara inclinação de apoio direto e indireto ao terrorismo internacional, apesar de diversos avisos dos militares.
A gota d'água veio em um discurso na véspera da comemoração da festa magna nacional francesa do 14 de Julho (comemoração da queda da Bastilha), durante um discurso inflamado do Presidente Macron, no qual ele afirmou com tom visivelmente alterado, "Eu sou o seu CHEFE", dirigindo -se aos militares franceses, dando a entender com expressões típicas da língua francesa que, não havia a necessidade dos postos do então Chefe de Estado Maior, o General de Villiers.
Apesar da constituição francesa afirmar que o Presidente da República é o chefe das Forças Armadas, existe o detalhe do caráter simbólico da situação, pois a "chefia" administrativa, disciplinar e moral do cargo de Chefe das Forças Armadas está posicionada na figura do "Chefe de Estado Maior".
Nas palavras do General de Villiers(parte da carta de demissão):
Dans ce texte, il considère « ne plus être en mesure d’assurer la pérennité du modèle d’armée auquel [il] croit pour garantir la protection de la France et des Français, aujourd’hui et demain ». Le général a donc présenté sa démission au président, « qui l’a acceptée ».
Fonte: FranceInfo/France2/Le Monde.
Tradução e adaptação:
Nesse contexto ele ( General de Villiers) considera; que as medidas atuais não asseguram a perenidade do modelo de Forças Armadas que garantirão a proteção da França e dos Franceses, hoje e amanhã. O General apresentou sua demissão ao presidente, que, a aceitou de imediato.
Breve descrição da pessoa e da carreira do General Pierre de Villiers.
Inscrito na Escola Especial Militar de Saint Cyr em 1975, ele escolheu no final da sua formação para servir na cavalaria blindada e ingressou na escola de aplicação da arma em Saumur.
Entre 1978 e 2003, ele alterna responsabilidades em regimentos: AMX-30 líder tanque pelotão no 2º Regimento de Dragões em Haguenau em Bas-Rhin, capitão comandando o esquadrão de iluminação da 7ª Divisão Blindada em Valdahon Doubs, comandante dos quinhentos e primeiro-quinhentos e terceiro tanques regimento na Mourmelon-le-Grand, no Marne.
Em junho de 1999, ele comandou durante 5 meses, o batalhão de infantaria mecanizada da Brigada Leclerc, que entrou pela primeira vez no Kosovo (sob KFOR).
Três vezes, ocupa o cargo de instrutor de sargentos e tenentes em Saumur no Maine-et-Loire.
Finalmente, em 12 anos (em duas temporadas) em Paris na sede do Exército, ocupa a inspeção do Exército, mas também para os assuntos financeiros do Departamento Defesa.
De setembro de 2003 a junho de 2004, ele foi selecionado como auditor na sessão 53th do Centro de Estudos Militares Avançados (CHEM) / 56ª sessão do Instituto de Estudos de Defesa Nacional Superior (IHEDN).
Foi chefe militar adjunto de gabinete do primeiro-ministro em 1 de Julho de 2004, foi promovido a General em 1 de Dezembro de 2005. Foi nomeado comandante do 2º comandante Brigada blindada de Exército da Place d'Orléans em 1 de Agosto de 2006.
Entre dezembro de 2006 e abril de 2007, comandou o Comando Regional da Capital no Afeganistão, uma das cinco áreas de ação da OTAN como parte da segurança Assistência Força Internacional (ISAF), comandando 2.500 soldados de 15 países.
Foi nomeado chefe do escritório militar do primeiro-ministro em 15 de setembro de 2008. Ocupou o cargo de conselheiro chefe deste governo no Ministério da Defesa até 11 de Março de 2010, quando foi nomeado Major General das Forças Armadas.
Assume a chefia do Estado Maior 15 de fevereiro de 2014.
O General Pierre de Villiers é Grande Oficial da Ordem da Legião de Honra e Oficial da Ordem Nacional do Mérito. Ele detém a Cruz de Valor Militar com uma citação.
Ele é casado e tem seis filhos. Adora futebol, ele jogou o esporte em todas as suas atribuições anteriores.
Fontes: EMA
Direitos: Ministério da Defesa
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