segunda-feira, 1 de maio de 2017

Operação PANGA/BAYARD no Mali, e a Orbis Defense "quase no front"...

 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.
Por: Yam Wanders.

Tropas de Commandos de Montanha do 27° BIM (Armée de Terre)
em ação em algum lugar do Mali.
 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.
De 27 de março à 10 de abril, forças especiais francesas em operação no deserto do Mali e na região de fronteira de Burkina Fasso (África Ocidental sub-sahaariana) neutralizaram 20 ou mais terroristas em condução da Operação PANGA, a maior até então desde a chegada das forças francesas no Mali. A operação principal cobriu a área do "Foulsaré", uma região de floresta e chegou a se extender à algumas regiões do deserto aonde estavam agindo novos "jhiadistas" do grupo conhecido como "Ansarul Islam", cooptando e recrutando novos colaboradores e combatentes, bem como já estavam em curso de planejamento avançado de ataques na região e além.

Tropas de Commandos de Montanha do 27° BIM (Armée de Terre) em ação em algum lugar do Mali.
 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.

Foram mobilizados e empregados na operação, um contingente de 1.300 homens, 200 veículos, uma dezena de drones do modelo MQ-9 Reaper, todas as aeronaves Mirage 2000 baseados no Mali e Níger, e, pelo menos uma dezena de helicópteros entre EC-725 Caracal, NH-90 Caymam e EC-665 Tigre que estão também baseados na região desde o começo das operações no Mali. Separada em 2 fases (PANGA e BAYARD), a operação inicial (PANGA) levantou e re-confirmou informações em uma área de aproximadamente 2.500km² de floresta, e nestas ações, 2 jihadistas foram neutralizados e 8 foram presos. Nessa fase também foram identificados e neutralizados dezenas de postos de apoio logístico com dezenas de toneladas de materiais diversos que seriam usados em operações de guerrilha na região da floresta do Foulsaré.

Tropas de Commandos de Montanha do 27° BIM (Armée de Terre) em ação em algum lugar do Mali.
 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.

Na fase seguinte denominada BAYARD, começaram a partir do dia 29 de abril uma série de ataques aéreos com aeronaves  Mirage 2000 e helicópteros de ataque EC-665 Tigre e NH-90 Caymam da Armée de Terre. Os Mirages 2000 utilizados na operação são modelos 2000N e 2000D que estão baseados en Niamey (Níger) e utilizaram bombas do modelo GBU-12 guiadas a laser. Os alvos compreenderam diversos postos avançados em montanhas das áreas deserticas e instalações das florestas da região de fronteira com Burkina Fasso. 

Em todas as regiões foram desembarcadas tropas de Commandos de Montanha (27e Brigade d’Infanterie de Montagne-BIM), Commandos Paraquedistas  e equipes de Deminagem, sendo que, os últimos foram retirados das regiões de ação ao anoitecer desse domingo, dia 30 de abril. Nessa fase da operação, pelo menos 20 jhiadistas foram "neutralizados", outras dezenas foram capturados, além de uma quantidade enorme de armas curtas diversas, fuzis, RPG´s e IED´s (explosivos improvisados) entre outros materiais diversos.

Tropas de Commandos de Montanha do 27° BIM (Armée de Terre) em ação em algum lugar do Mali.
 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.

Vale citar que desde o dia 18 de abril estão ocorrendo confrotos violentos entre as forças jhiadistas na região, que constantemente tem atacado bases militares das forças governamentais do Mali causando grandes estragos e deixando um grande número de mortos entre militares e civis das regiões atacadas, e como sempre, as forças francesas são sempre chamadas em auxílio, em especial a 27e Brigade d’Infanterie de Montagne.

Tropas de Commandos de Montanha do 27° BIM (Armée de Terre) em ação em algum lugar do Mali.
 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.

A operação em todas as suas fases, foi coordenada pessoalmente pelo Général Xavier de Woillemont, o atual Comandante da "Force Barkhane" (com 3.500 militares), que, somente nos últimos 12 meses de operação já conduziram mais de 800 missões entre patrulhamentos e incursões, já neutralizaram mais de 200 jhiadistas, capturaram 16 toneladas de armas e materiais diversos, mas também já perderam 5 militares em combates diretos contra jhiadistas na região. O Général Xavier de Woillemont já é um veterano nesses tipos de operações, con seu batismo de fogo em operações em Sarajevo nos anos de 1992 e 1994, e continuou a participar de ações noTchad em 1993, 1998 e 2000.
Tropas de Commandos de Montanha do 27° BIM (Armée de Terre) em ação em algum lugar do Mali.
 Imagem cortesia French Army/World Armies-UK.

De acordo com o próprio governo do Mali, somente 1/4 do país é considerado "relativamente seguro" e os governos da França e Reino Unido não aconselham a viagem de seus cidadãos ao país. Nos últimos 3 anos, pelo menos uma centena de jornalistas já foram presos na região por supostos policiais e 2 foram sequestrados. Imagem via France Diplomatie.
Nota do Autor: Estive no Mali na semana que se sucedeu a fase final da operação PANGA/BAYARD com a intenção de cobrir algo da mesma, porém essa pequena aventura será descrita com detalhes em breve em outra matéria, pois o mesmo e outros jornalistas de uma rede de TV da França, que foram por iniciativa própria cobrir uma provável apresentação dos resultados da operação.

Acabamos sendo detidos por supostos policiais do Mali, após uma confusão com guias locais que prometeram levar todos para próximo de uma das áreas das operações que ocorriam em conjunto com as forças do Mali e da França. Infelizmente no decorrer da confusão toda, nossos equipamentos fotográficos e celulares com as  fotos já efetuadas acabaram sendo "apreendidos" pelos supostos policiais do Mali e ficamos sem imagens originais para ilustrar a nossa aventura na África... 

Voltamos para a França no sábado à noite, com a ajuda prestimosa do pessoal da Embaixada da França no Mali, que providenciou nosso transporte para o aeroporto, somente com as roupas do corpo, mas pelo menos, voltamos... rsrs!
 
Nem todos que vão ao Mali tem sorte de voltar... Palavras do Chefe de Polícia Nacional. Imagem cortesia Exército do Mali.
Nota da Redação: O autor da matéria desconhece se as imagens que ilustram essa matéria correspondem às operações Panga/Bayard, pois as mesmas foram gentilmente cedidas por pessoas ligadas à órgãos governamentais presentes no local e que preferem não se identificar. 

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