Os
ministros da Defesa dos países membros da OTAN deverão aprovar, durante reunião do conselho nesta
quarta-feira em Bruxelas, o projeto para enviar uma missão militar ao Iraque, que
possa contribuir para a estabilização da situação de segurança e
apoiar os esforços de reconstrução do país após a derrota e
expulsão das forças do Daesh, no fim do ano passado. “Não
podemos deixar o Iraque agora”, justificou o secretário-geral da
OTAN, Jens Stoltenberg, explicando que depois de terem ganho a guerra
contra os jihadistas, onde eles chegaram a ocupar um terço do território,
também “é preciso ganhar a paz”.
Numa
conferência ministerial, o secretário-geral da OTAN manifestou a sua convicção
de que, apesar das divisões e receios de alguns dos parceiros
europeus relativamente ao envolvimento da aliança numa nova operação
militar no Oriente Médio, os ministros deverão dar luz verde ao
projeto, que poderá ser ativado oficialmente em Julho. A
“sugestão” partiu do secretário norte-americano da Defesa, Jim
Mattis, que no início deste ano solicitou formalmente que a OTAN considerasse a possibilidade de enviar uma missão de aconselhamento
e treino das forças nacionais iraquianas, que nos últimos três
anos combateram os militantes do Daesh na região.
“Não podemos deixar o Iraque agora”, justificou o secretário-geral da OTAN |
O
“pedido” dos Estados Unidos foi também subscrito pelo
primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, que tem um encontro
marcado com Stoltenberg esta semana sobre a Conferência de
Segurança de Munique. Mas o pedido tem que partir do Governo iraquiano, pois é eles que precisam convidar os instrutores da OTAN a entrarem no país, e isso ainda dependerá
do resultado das próximas eleições legislativas marcadas para Maio. Segundo o secretário-geral, a missão que a Aliança preparara para o Iraque, passa sobretudo pelo
“desenvolvimento das capacidades locais”, e deverá de ser semelhante
àquela que já está em curso no Afeganistão desde Novembro de 2009, lembrando que vários aliados reforçaram os seus meios
nessa missão, que deverá crescer de 13 mil militares para cerca de 16
mil este ano.
Mas ao contrário do que aconteceu no Afeganistão, a OTAN não participou
diretamente das operações de combate no Iraque, onde a iniciativa
militar foi assumida por uma força de coalizão liderada pelos Estados
Unidos. No entanto, a aliança integra esta coalizão anti-terrorismo
que luta pela erradicação do Estado Islâmico. Stoltenberg
não falou em números, mas disse que a missão deverá trabalhar em coordenação com as forças de coalizão internacional e da
União Europeia no terreno, por exemplo nos aspectos técnicos de
desenvolvimento de doutrinas e políticas de defesa em academias
militares. Outras vertentes que a missão poderá assumir diz respeito a formação de pessoal da área médica, e/ou de especialistas em desativar material explosivo.
Novos
comandos
No
mesmo encontro, os ministros da Defesa devem também dar o seu aval
ao projeto de modernização e adaptação da estrutura de comando
da OTAN, pensado em garantir que a aliança tenha a flexibilidade
necessária para responder a novos desafios e ameaças que
contribuíram para “uma mudança dramática” do ambiente de
segurança com a postura agressiva e expansionista da Russia, a guerra híbrida e a cibernética. O
plano prevê o estabelecimento de dois novos comandos conjuntos,
cujas localizações só serão discutidas nos próximos meses. Um
abrangerá a Europa central, e será responsável pela movimentação
de tropas em território europeu, isto é, pela gestão logística,
mobilidade e reforço das forças da aliança na fronteira Leste.
O
outro é um novo comando marítimo para o Atlântico, que terá como
missão assegurar a proteção das linhas de comunicação do
Atlântico. Tendo em conta que, em tempos de crise, esse comando
conjunto responderá à Segunda Esquadra dos EUA, o
mais provável é que seja integrado na base naval de Norfolk. Mas
por conta de sua situação geográfica, Portugal poderia (teoricamente) vir a acolher a nova estrutura. De
resto, a OTAN prevê criar um novo centro de operações cibernético, e
também novas estruturas específicas para enfrentar os desafios da
guerra híbrida.
*Com Informações de Agência de Notícias Internacionais
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