Veículos e outros objetos infláveis ajudavam a despistar o inimigo (Foto: Getty Images) |
Por: Redação OD
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército americano criou uma unidade secreta para enganar os nazistas nos campos de batalha na Europa. O
23º quartel-general das Tropas Especiais, também conhecido como
Exército Fantasma, usou ilusionismo e outros truques para se passar
por tropas reais e confundir os alemães sobre o tamanho e a
localização das forças aliadas. Estima-se
que, em 21 operações, o Exército Fantasma tenha salvo milhares de
vidas. Acredita-se que nunca tenha sido descoberto. Rick
Beyer e Elizabeth Sayles, autores de The Ghost Army of World War II
(2015; O Exército Fantasma da 2ª Guerra Mundial, em tradução
livre), revelaram as formas como essa unidade despistava inimigos.
1)
Objetos infláveis
O
Exército Fantasma empregou centenas de tanques, caminhões, itens de
artilharia, jipes e outros veículos infláveis. Esses
objetos podiam ser reposicionados da noite para o dia, fazendo
parecer com que as tropas americanas haviam se movimentado. A
atenção aos detalhes era algo crítico: usava-se uma escavadeira
para criar marcas no chão como se fossem rastros dos tanques falsos. Era
preciso tomar cuidado para que civis não chegassem muito perto, como
certa vez quando dois franceses em bicicletas conseguiram ultrapassar
a barreira de segurança e viram o que pareciam ser quatro soldados
levantando um tanque de 40 toneladas. Quando
o cabo Arthur Shilstone foi mandá-los embora, deu a primeira
explicação que lhe veio à mente: "Os americanos são muito
fortes".
2)
Flashes
De
noite, o Exército Fantasma usava flashes para simular disparos e,
assim, atrair o fogo inimigo para longe da artilharia americana. A
unidade montava itens de artilharia infláveis a cerca de 500 metros
de distância. Os flashes eram produzidos com cartuchos com pólvora,
acionados eletricamente. Linhas
telefônicas entre a artilharia real e a falsa eram usadas para
sincronizar os disparos reais e os flashes.
Flashes tinham de ser sincronizados com disparos reais (Foto: Getty Images) |
3)
Efeitos sonoros
Engenheiros
de som gravaram ruídos de tanques, caminhões, escavadeiras e até
da montagem de pontes flutuantes, usadas para cruzar rios. Diferentes
efeitos podiam ser mixados para criar determinados cenários e depois
tocados com potentes caixas de som, colocadas em veículos para
simular unidades em movimento. Com
um alcance de mais de 16 km, isso não só enganou os alemães como
também tropas americanas próximas.
4)
Mensagens fictícias
Na
guerra, a maioria das mensagens importantes eram enviadas em código
Morse. A inteligência alemã era tão sofisticada que conseguia
reconhecer o estilo de cada operador de rádio americano. Então,
os membros do Exército Fantasma tinham de imitá-los, aprendendo a
copiar suas técnicas particulares para que ninguém notasse quando a
transmissão de mensagens falsas desse lugar à das verdadeiras. Até
hoje, alguns especialistas dizem que isso é impossível, mas o fato
é que os integrantes do Exército Fantasma faziam isso
rotineiramente.
5)
Tinta e pincéis
Parte
do trabalho dessa unidade era criar uma farsa para os espiões
alemães infiltrados nas cidades. Chamavam isso de "efeitos
especiais". Se,
por exemplo, fingissem ser a 75 ª divisão chegando a uma cidade,
pintavam os símbolos dessa unidade em seus veículos e circulavam
com eles pelas ruas. Cada
caminhão trazia dois homens na parte de trás para fazer parecer que
estivessem repletos de soldados. Os caminhões podiam ser repintados
com símbolos diferentes e conduzidos pela cidade novamente.
"Blindado Inflável", parte do Exército Fantasma |
6)
Agulha e linha
Outro
efeito especial empregado era costurar nas roupas identificações
das unidades pelas quais estavam se passando e depois interagir com
os moradores. Em
alguns casos, símbolos maiores cobriam outros menores em um mesmo
uniforme para que fosse possível se passar por várias unidades com
uma mesma roupa. Eles
podiam ir a um bar e criar uma confusão e remover o símbolo que
estava por cima para fazer o mesmo em outro bar. O cabo Jack Masey
lembra que suas camisetas ficaram estragadas por costurar e arrancar
diferentes identificações nelas.
7)
Generais falsos
Em
nome do realismo, o Exército Fantasma criava um quartel-general
falso para as unidades pelas quais se passavam, e, claro, isso exigia
que houvesse no local um general falso. Assim,
mesmo que fosse expressamente proibido, militares de baixo escalão
colocavam as estrelas de generais em seus uniformes para se passar
por militares de instâncias superiores. Em
um episódio, um general falso acompanhado soldados armados fez uma
inspeção no front. Seu maior temor era se deparar com um general de
verdade, o que faria a farsa cair por terra.
*Com Informações dos site BBC Brasil
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