Por: Yam Wanders.
EXCLUSIVO - Quando se imagina um navio de qualquer Marinha, leigos apenas imaginam a cena de "marujos" a limpar convés e preparar equipamentos náuticos diversos dos quais a maioria mal sabe o nome, porém as atividades que uma Marinha moderna efetua em suas missões, hoje vai muito além do simples "navegar por navegar". A Marinha do Brasil é um dos bons exemplos de modernidade e empenho em aprimoramento tático e estratégico, com oficiais e praças sempre se empenhando em aperfeiçoamentos, evoluções de doutrinas em uma diversidade de conhecimentos que hoje são indispensáveis à operação de modernos navios e das necessidades que se fazem necessárias ante as atuais ameaças assimétricas que abrangem o mundo.
A lancha rápida Pacific 24, o veículo de transporte do Grupo de Visita e Inspeção. ágil, resistente e com capacidade para até 8 combatentes completamente equipados e carga adicional. |
Uma dessas atividades específicas é a dos NPAOc, ou Navios Patrulhas Oceânicos, modernos, ágeis, velozes e de dimensões bem pensadas para as atividades fins de manter a segurança de águas territoriais, e, se caso necessário, atingir rapidamente uma região específica para realizar as suas ações, sejam de defesa ou de SAR (Search and Rescue / Busca e Salvamento).
O momento de abordagem é o mais critico, e que demanda atenção e experiência do piloto e de seu auxiliar. |
Porém para a ação específica de defesa, as atuais necessidades incluem não só a interceptação de embarcações como também a abordagem por um grupo que realizará uma "visita e inspeção" da embarcação em questão, tudo de forma criteriosa, dentro da legalidade internacional e com o devido respeito aos tripulantes da embarcação abordada.
Devemos nos atentar ao fato que nos dias atuais, riscos assimétricos diversos estão projetados por todo o mundo, não existindo região que possa se julgar livre da ameaça, mesmo inexistindo históricos locais de ações tais como terrorismo e pirataria.
Para que nossos militares mantenham o nível de proficiência sempre alto, os mesmos realizam cursos diversos e também efetuam treinos e simulações muito próximos da realidade, sempre à bordo das embarcações e com variações de situações diversas que podem ocorrem quando das ações reais.
Da preparação inicial, passando pelo recebimento de instruções, abordagem e a finalização da "Visita e Inspeção" em si, tudo é criterioso, pensado e efetuado com extrema atenção, afinal podemos deduzir, mas, jamais adivinhar o que poderão encontrar quando de uma abordagem a uma embarcação em alto mar, oriunda de porto desconhecido e com tripulação quase sempre incógnita.
A preparação
Em um local reservado da embarcação, o grupo em alerta inicia a sua rápida paramentação com equipamentos de proteção individual, armas, munições extras e recebem as últimas instruções da situação e procedimentos adicionais, embarcam em uma das lanchas rápidas do tipo PACIFIC 24, baixada ao mar com 8 militares a bordo, sendo 6 do Grupo de Visita e Inspeção e 2 tripulantes da lancha.
A preparação na "sala de operações", aonde recebem seus equipamentos, armas e instruções finais . |
Antes de embarcar na lancha, o teste de segurança das armas, sempre direcionadas ao mar para evitar acidentes. |
A incursão
A incursão ocorre utilizando técnicas de CQB, que é uma sigla que possui origem na língua inglesa, que significa "Close Quarters Battle" ou, combate a curta distância.
Para ações CQB normalmente são utilizados fuzis mais curtos, complementados por pistolas, ou, somente pistolas. É importante não utilizar rifles mais longos, pois, devido ao espaço mais restrito neste tipo de combate eles poderão dificultar e atrasar as ações e movimentações.
Uma vez à bordo da embarcação abordada, a segurança de perímetro é mantida todo o tempo. |
Uma vez dentro da embarcação o "Team" se divide e inicia a ação, que pode se desenrolar de várias maneiras, sendo a mais usual, um team subindo a ponte de comando do navio abordado (passadiço) e o outro team securisando a parte externa e/ou efetuando incursões em áreas suspeitas da embarcação.
Um dos momentos mais críticos são as subidas de escadarias. Atenção sempre para todos os ângulos. |
As instruções e ações são todas previamente codificadas, e, portanto é impossível aos tripulantes da embarcação abordada saberem o que vai se desenrolar.
Em uma incursão padrão, a prioridade é sempre primeiro estabelecer o contato com o Comandante da embarcação (se possível) e tripulantes, para em seguida proceder a checagem de documentos, número de tripulantes embarcados e civis à bordo, para em seguida checar carregamentos, equipamentos e se necessário, efetuar a busca por armas e outros ilícitos prováveis.
O importante momento do contato inicial com o Comandante da embarcação abordada, quando tudo é explicado de maneira rápida e objetiva, sempre dentro da legalidade internacional. |
Todos os militares que tomam parte nesse tipo de operação sabem fazer amplo uso da língua inglesa para ações em embarcações estrangeiras, e sempre usam da polidez e cordialidade que é regra na Marinha do Brasil, mas sem jamais descuidar da atenção aos detalhes que podem salvar vidas.
Já no passadiço, são iniciados os procedimentos básicos da inspeção, sempre com a presença do Comandante da embarcação. |
Todos os procedimentos são embasados por leis nacionais do Brasil em consonância com regulamentação internacional das Nações Unidas, que concedem o poder de polícia para as Forças Navais do Brasil em nossas águas territoriais e se for necessário, na nossa Zona Econômica Exclusiva e além, quando acordado com outras nações limítrofes ou em conjunto com as mesmas.
maiores detalhes podem ser encontrados no site da ONU dedicado ao assunto, e, também na página dedicada a EUNAVFOR/Operação Atalanta.
http://www.un.org/Depts/los/general_assembly/general_assembly_resolutions.htm
http://eunavfor.eu/
Galeria de imagens:
Esse treinamento foi um dos muitos efetuados à bordo do NPAOc- Navio de Patrulha Oceânico P-122 "Araguari", durante a comissão APOIEX 2017 ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo de 19 à 30 de junho de 2017.
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