quarta-feira, 15 de junho de 2016

Jornalistas Cariocas são recebidos pelo Comandante da Marinha, a bordo do Navio Veleiro Cisne Branco

Em café da manhã com jornalistas no Navio Veleiro Cisne Branco, o comandante da Marinha, Almirante Leal Ferreira, diz que corte de recursos prejudicou projetos estratégicos na área da defesa brasileira   Flávia Villela/Agência Brasil

Por: Anderson Gabino

Na última terça feira dia 14/06, o Comandante da Marinha, Almirante ­de­ Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, recebeu a bordo do Navio Veleiro (Nve) Cisne Branco, representantes da imprensa do Rio de Janeiro, para uma café manhã, onde a imprensa pode conhecer mais dos trabalhos feitos pela Marinha do Brasil, e com isso gerar uma aproximação maior entre a MB e a mídia. O evento começou com uma explanação via slides e vídeos dos programas, as principais ações e as missões que hoje são executadas, tanto no Brasil como no exterior pela Marinha, tendo à frente desta explanação, o Contra­ Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, atual Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM), que foi de grande brilhantismo em sua apresentação aos jornalistas, que ouviram com grande atenção a todos os tópicos descritos.


Ao término da apresentação do Contra.-Almirante Rocha, que levou cerca de 50 minutos o Alm. Leal Ferreira, antes do começo das perguntas, falou aos presentes que a Marinha do Brasil está de portas abertas a todos os veículos de imprensa do país. Após estas palavras de agrado a imprensa, o almirante se colocou à disposição para começar as perguntas dos jornalistas.

Esquadrões HU- 1 e HI-1

A primeira pergunta partiu deste editor, que procurei saber mais detalhes do processo de substituição das aeronaves dos esquadrões HI­-1 e HU-1, levando em consideração que nos últimos anos os esquadrões da Força Aeronaval, terem sido agraciados com modernizações de suas aeronaves (no caso o VF-1, com os A-4 e o HA-1 com os  AH-11) e com a implementação de novas aeronaves (caso do HS-1, com os Sea Hawks e o HU-2 com os UH-15) o almirante respondeu:



“A baixa disponibilidade existe de fato, e as aeronaves precisam ser trocadas a curto prazo pois são aeronaves com um bom tempo de uso. A Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) já está realizando estudos necessários, que envolvem a capacidade das aeronaves pois como são dois esquadrões distintos (HI-1 e de formação de pilotos) e o HU-1 e de um esquadrão altamente operacional, que opera em nossos navios e no apoio ao PROANTAR, por isso a DAerM, está detalhando este estudo para que possamos ter um custo definido e aí irmos em busca dos recursos para efetivar a troca. ”


A Crise Financeira do País

Foi questionado ao almirante Leal Ferreira como os cortes no orçamento da Força, que chegam a cerca de 30% no orçamento deste ano prejudicou projetos estratégicos para a área da defesa. “Hoje a Marinha não tem o mesmo grau de prontidão que deveria ou precisaria ter. No momento, estamos vulneráveis”, disse o almirante. E o mesmo continuou, as ameaças ao Brasil hoje são muito difusas, mas elas existem e podem aparecer. "Há dois anos, ninguém falava em Estado Islâmico. As surpresas surgem a cada ano, e a preparação de uma defesa demora uma geração para ser feita. Podemos ter uma crise a qualquer momento e a fronteira brasileira mais vulnerável é a marítima”, destacou.


Além da falta de verba para renovar a esquadra (que já está começando a ficar obsoleta) o almirante relatou que os cortes dos recursos para 2016, estimados em cerca de R$ 4 bilhões, obrigou a Marinha a adiar vários projetos. Um deles é o Programa de Construção de Submarinos da Marinha do Brasil (Prosub). O submarino de propulsão nuclear, cuja conclusão estava prevista para 2023, deve começar a funcionar em 2027. “O orçamento do Programa Nuclear, que chegou a R$ 400 milhões, teve que ser cortado e caiu a R$ 200 milhões, e já tínhamos vários compromissos assumidos que tivemos que saldar. Não foi uma transição fácil. Tivemos que readequar programas, renegociar contratos e atrasar muita coisa. ” O almirante também ressaltou a grande ajuda que o General de Exército Joaquim Silvio Luna, secretário geral do Ministério da Defesa, tem prestado junto a Marinha na busca por recursos para a execução dos projetos.

A operação Lava Jato e os projetos da Marinha

Foi questionado ao almirante se a lava jato estaria também atrapalhando o andamento dos projetos da marinha já que uma das empresas envolvidas nas investigações, é a Odebrecht que faz parte do consócio vencedor para a construção do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro, o almirante foi enfático ao responder “A Lava Jato ainda não chegou à Marinha”.



O Prosub é desenvolvido pela Marinha em parceria com a empresa francesa DCNS e pela Odebrecht, cujo presidente está preso por suspeita de crimes de corrupção investigados na Operação Lava Jato. ‘O Prosub está sendo auditado de forma rigorosa desde o início da assinatura do contrato, temos vários órgãos auditando os vários setores e até agora, nenhuma irregularidade chegou a mim. O contrato está sendo executado”, afirmou Ferreira, ressaltando que a Odebrecht está cumprindo os prazos e que a questão orçamentária foi o principal fator para o atraso das obras.


Jogos Olímpicos e a crise

O almirante garantiu que os cortes não irão afetar em nada a atuação da Marinha durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro, “Em termos militares, a operação é muito simples. É uma área restrita. O nível de ameaça é considerado relativamente baixo. Estamos prontos para a Olimpíada. ”A Marinha irá atuar na área de Copacabana, que engloba a zona sul da capital fluminense, com a força de contingência, e na área marítima e na área de Salvador (BA), onde ocorrerá alguns jogos de futebol olímpicos.

Envelhecimento da esquadra e a sua renovação

Foi questionado sobre a compra e modernização dos navios de Superfície, o almirante relatou: “ De fato os navios da Esquadra estão envelhecendo e a Marinha está gastando muito com manutenção desses meios, impedindo que possamos envia­-los em operações mais complexas, demonstrando sua vulnerabilidade ante a ameaças externas. A idade da maior parte da Esquadra é elevada, criando uma defasagem tecnológica enorme para a MB. 



O almirante lembrou ainda que 10% do que é comercializado no mundo, sai ou chega pelos nossos portos, ainda dentro da mesma explanação almirante enfatizou que a corveta Barroso, que recentemente retornou do Líbano, onde esteve operando na operação de paz da ONU, como a nau capitânia da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano ( FTM-UNIFIL) naquele país, onde mesmo operando por 8 meses “fora da base”, a corveta se encontra em excelentes condições, comprovando a qualidade do projeto nacional, o que traz ótimas perspectivas para a futura classe de corvetas Tamandaré. 


Aproveitando este gancho dado pelo almirante emplaquei nova pergunta sobre o que se tem ventilado sobre uma ’possível’ compra de oportunidade junto a Armada Italiana de Fragatas de Segunda mão, o Almirante Leal Ferreira informou que se tratam de meios similares em termos de idade aos que possuímos aqui, e que se encontram no fim de seus ciclos operativos, ou seja, caso realmente viéssemos a adquiri­r tais embarcações, teríamos que desembolsar recursos para coloca­-los em operação adequada. Resumidamente o almirante deu a entender, que não é uma opção válida para a Marinha, e que este tipo de ação está totalmente fora dos planos da força.

Programas Estratégicos

Foi perguntado ao almirante sobre o futuro dos projetos estratégicos, o almirante Leal Ferreira, respondeu assim: “Possuímos importantes programas estratégicos atualmente, como o Prosub, o Prosuper, o SisGAAz, o Pronae, mas, infelizmente a realidade é dura, o Prosuper se voltou basicamente para a construção das corvetas Tamandaré ( que terá como base o projeto da Corveta Barroso), o Prosub está caminhando, o SisGAAz está parado e o Pronae se encontra em estudos para a definição da nova planta propulsora do nosso porta aviões.



O almirante Leal Ferreira fez questão de enfatizar que o porta aviões NAe São Paulo, será modernizado, “temos uma equipe do Arsenal de Marinha trabalhando em conjunto com os Franceses (DCNS) que foram os construtores do NAe, pois o navio apesar de ter 50 anos, ainda aguenta mais 50 anos de trabalho, seu casco e sistemas estão em perfeita ordem, mas o grande X do momento é a sua propulsão, que esperamos em breve ser refeita e aí voltarmos a operar o navio”.


Corveta Tamandaré

Questionado sobre a construção, fabricação e prazos para as futuras corvetas da Classe Tamandaré, o almirante respondeu: “As corvetas da Classe Tamandaré irão alavancar a indústria naval brasileira na construção de navios de guerra, proporcionando a criação de empregos e qualificando mão de obra especializada.



Perguntado se o estaleiro vencedor para a construção dos navios seria anunciado ainda este ano, o almirante respondeu que não. Um ponto chave foi dito pelo almirante que o desejo dele, é que o AMRJ tenha uma participação importante na construção das corvetas, “temos pessoas qualificadas no Arsenal, é impensável projetarmos este nosso futuro sem a participação do AMRJ, e como os estudos estão em sua fase final, não é possível anunciar ainda qual será o estaleiro, mas é possível que o AMRJ venha a receber modernizações para a construção de navios de guerra modernos!


Prosub

Ao chegar neste tópico o almirante fez questão de explicar a importância para o país de um projeto deste nível, lembrando que nossas riquezas se encontram em áreas distantes (PréSal). Com o nosso submarino de propulsão nuclear, a Marinha poderá patrulhar nossa Zona Econômica Exclusiva (ZEE) com mais eficiência, protegendo também nossas Linhas Comerciais Marítimas (LCM). 



Ao término da “coletiva de imprensa” o almirante Leal Ferreira, fez questão de agradecer novamente a todos os presentes, ressaltando que esta pareceria Marinha do Brasil/Imprensa precisa ser mais abrangente, e que todos estão convidados a poderem participar de ventos e manobras, para que o conhecimento seja levado a um estágio de maior visibilidade junto a população Brasileira, logo em seguida os jornalistas foram agraciados com um belíssimo livro “Amazônia Azul” e fomos levados para registrar este momento ímpar!!




Nota do Editor: Gostaria de agradecer ao Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira (Comandante da Marinha), ao Almirante de Esquadra Sergio Roberto Fernandes dos Santos, (Comandante de Operações Navais), ao Contra Almirante Flávio Augusto Viana Rocha (Diretor do CCSM, ao Capitão de Mar e Guerra João Alberto de Araújo Lampert (Comandante do Navio Cisne Branco), ao Capitão de Fragata Vagner Berlarmino de Oliveira (Chefe do Departamento de Imprensa do CCSM-BR) ao Capitão de Corveta Henrique Afonso Lima (CCSM-BR) e a Tenente Vanessa Soares (CCSM-RJ) pelo convite de poder estar presente no evento e pelo apoio na produção desta matéria.

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