Por: Anderson Gabino
Na última terça feira dia 14/06, o
Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal
Ferreira, recebeu a bordo do Navio Veleiro (Nve) Cisne Branco, representantes
da imprensa do Rio de Janeiro, para uma café manhã, onde a imprensa pode
conhecer mais dos trabalhos feitos pela Marinha do Brasil, e com isso gerar uma
aproximação maior entre a MB e a mídia. O evento começou com uma explanação via
slides e vídeos dos programas, as principais ações e as missões que hoje são executadas,
tanto no Brasil como no exterior pela Marinha, tendo à frente desta explanação,
o Contra Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, atual Diretor do Centro de
Comunicação Social da Marinha (CCSM), que foi de grande brilhantismo em sua
apresentação aos jornalistas, que ouviram com grande atenção a todos os tópicos
descritos.
Ao término da apresentação do Contra.-Almirante
Rocha, que levou cerca de 50 minutos o Alm. Leal Ferreira, antes do começo das
perguntas, falou aos presentes que a Marinha do Brasil está de portas abertas a
todos os veículos de imprensa do país. Após estas palavras de agrado a
imprensa, o almirante se colocou à disposição para começar as perguntas dos
jornalistas.
Esquadrões HU- 1 e HI-1
A primeira pergunta partiu deste editor,
que procurei saber mais detalhes do processo de substituição das aeronaves dos
esquadrões HI-1 e HU-1, levando em consideração que nos últimos anos os esquadrões
da Força Aeronaval, terem sido agraciados com modernizações de suas aeronaves
(no caso o VF-1, com os A-4 e o HA-1 com os AH-11) e com a implementação de novas
aeronaves (caso do HS-1, com os Sea Hawks e o HU-2 com os UH-15) o almirante respondeu:
“A baixa disponibilidade existe de fato, e as aeronaves precisam ser
trocadas a curto prazo pois são aeronaves com um bom tempo de uso. A Diretoria
de Aeronáutica da Marinha (DAerM) já está realizando estudos necessários, que
envolvem a capacidade das aeronaves pois como são dois esquadrões distintos
(HI-1 e de formação de pilotos) e o HU-1 e de um esquadrão altamente operacional,
que opera em nossos navios e no apoio ao PROANTAR, por isso a DAerM, está
detalhando este estudo para que possamos ter um custo definido e aí irmos em
busca dos recursos para efetivar a troca. ”
A Crise Financeira do País
Foi questionado ao almirante Leal
Ferreira como os cortes no orçamento da Força, que
chegam a cerca de 30% no orçamento deste ano prejudicou projetos estratégicos
para a área da defesa. “Hoje a Marinha não
tem o mesmo grau de prontidão que deveria ou precisaria ter. No momento,
estamos vulneráveis”, disse o almirante. E o mesmo continuou, as ameaças ao
Brasil hoje são muito difusas, mas elas existem e podem aparecer. "Há dois
anos, ninguém falava em Estado Islâmico. As surpresas surgem a cada ano, e a
preparação de uma defesa demora uma geração para ser feita. Podemos ter uma
crise a qualquer momento e a fronteira brasileira mais vulnerável é a marítima”,
destacou.
Além da falta de verba
para renovar a esquadra (que já está começando a ficar obsoleta) o almirante
relatou que os cortes dos recursos para 2016, estimados em cerca de R$ 4
bilhões, obrigou a Marinha a adiar vários projetos. Um deles é o Programa de
Construção de Submarinos da Marinha do Brasil (Prosub). O submarino de
propulsão nuclear, cuja conclusão estava prevista para 2023, deve começar a
funcionar em 2027. “O orçamento do Programa Nuclear, que chegou a R$ 400
milhões, teve que ser cortado e caiu a R$ 200 milhões, e já tínhamos vários
compromissos assumidos que tivemos que saldar. Não foi uma transição fácil.
Tivemos que readequar programas, renegociar contratos e atrasar muita coisa. ” O almirante também ressaltou a grande ajuda
que o General de Exército Joaquim Silvio Luna, secretário geral do Ministério
da Defesa, tem prestado junto a Marinha na busca por recursos para a execução
dos projetos.
A operação Lava Jato e os projetos
da Marinha
Foi questionado ao
almirante se a lava jato estaria também atrapalhando o andamento dos projetos
da marinha já que uma das empresas envolvidas nas investigações, é a Odebrecht que
faz parte do consócio vencedor para a construção do primeiro submarino de
propulsão nuclear brasileiro, o almirante foi enfático ao responder “A Lava Jato
ainda não chegou à Marinha”.
O Prosub é desenvolvido pela Marinha em parceria
com a empresa francesa DCNS e pela Odebrecht, cujo presidente está preso por
suspeita de crimes de corrupção investigados na Operação Lava Jato. ‘O Prosub
está sendo auditado de forma rigorosa desde o início da assinatura do contrato,
temos vários órgãos auditando os vários setores e até agora, nenhuma
irregularidade chegou a mim. O contrato está sendo executado”, afirmou
Ferreira, ressaltando que a Odebrecht está cumprindo os prazos e que a questão
orçamentária foi o principal fator para o atraso das obras.
Jogos Olímpicos e a crise
O almirante garantiu que
os cortes não irão afetar em nada a atuação da Marinha durante os Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro, “Em termos militares, a operação é
muito simples. É uma área restrita. O nível de ameaça é considerado
relativamente baixo. Estamos prontos para a Olimpíada. ”A Marinha irá atuar na
área de Copacabana, que engloba a zona sul da capital fluminense, com a força
de contingência, e na área marítima e na área de Salvador (BA), onde ocorrerá alguns
jogos de futebol olímpicos.
Envelhecimento da esquadra e a sua
renovação
Foi questionado sobre a compra e
modernização dos navios de Superfície, o almirante relatou: “ De fato os navios
da Esquadra estão envelhecendo e a Marinha está gastando muito com manutenção desses
meios, impedindo que possamos envia-los em operações mais complexas,
demonstrando sua vulnerabilidade ante a ameaças externas. A idade da maior
parte da Esquadra é elevada, criando uma defasagem tecnológica enorme para a
MB.
O almirante lembrou ainda que 10% do que
é comercializado no mundo, sai ou chega pelos nossos portos, ainda dentro da
mesma explanação almirante enfatizou que a corveta Barroso, que recentemente
retornou do Líbano, onde esteve operando na operação de paz da ONU, como a nau
capitânia da Força-Tarefa Marítima
da Força Interina das Nações Unidas no Líbano ( FTM-UNIFIL)
naquele país, onde mesmo operando por 8 meses “fora da base”, a corveta se
encontra em excelentes condições, comprovando a qualidade do projeto nacional,
o que traz ótimas perspectivas para a futura classe de corvetas Tamandaré.
Aproveitando
este gancho dado pelo almirante emplaquei nova pergunta sobre o que se tem
ventilado sobre uma ’possível’ compra de oportunidade junto a Armada Italiana
de Fragatas de Segunda mão, o Almirante Leal Ferreira informou que se tratam de
meios similares em termos de idade aos que possuímos aqui, e que se encontram
no fim de seus ciclos operativos, ou seja, caso realmente viéssemos a adquirir
tais embarcações, teríamos que desembolsar recursos para coloca-los em
operação adequada. Resumidamente o almirante deu a entender, que não é uma
opção válida para a Marinha, e que este tipo de ação está totalmente fora dos
planos da força.
Programas Estratégicos
Foi perguntado ao almirante sobre o
futuro dos projetos estratégicos, o almirante Leal Ferreira, respondeu assim: “Possuímos
importantes programas estratégicos atualmente, como o Prosub, o Prosuper, o
SisGAAz, o Pronae, mas, infelizmente a realidade é dura, o Prosuper se voltou
basicamente para a construção das corvetas Tamandaré ( que terá como base o
projeto da Corveta Barroso), o Prosub está caminhando, o SisGAAz está parado e
o Pronae se encontra em estudos para a definição da nova planta propulsora do
nosso porta aviões.
O almirante Leal Ferreira fez questão de enfatizar que o
porta aviões NAe São Paulo, será modernizado, “temos uma equipe do Arsenal de
Marinha trabalhando em conjunto com os Franceses (DCNS) que foram os
construtores do NAe, pois o navio apesar de ter 50 anos, ainda aguenta mais 50
anos de trabalho, seu casco e sistemas estão em perfeita ordem, mas o grande X
do momento é a sua propulsão, que esperamos em breve ser refeita e aí voltarmos
a operar o navio”.
Corveta Tamandaré
Questionado sobre a construção,
fabricação e prazos para as futuras corvetas da Classe Tamandaré, o almirante
respondeu: “As corvetas da Classe Tamandaré irão alavancar a indústria naval
brasileira na construção de navios de guerra, proporcionando a criação de
empregos e qualificando mão de obra especializada.
Perguntado se o estaleiro vencedor
para a construção dos navios seria anunciado ainda este ano, o almirante
respondeu que não. Um ponto chave foi dito pelo almirante que o desejo dele, é
que o AMRJ tenha uma participação importante na construção das corvetas, “temos
pessoas qualificadas no Arsenal, é impensável projetarmos este nosso futuro sem
a participação do AMRJ, e como os estudos estão em sua fase final, não é possível
anunciar ainda qual será o estaleiro, mas é possível que o AMRJ venha a receber
modernizações para a construção de navios de guerra modernos!
Prosub
Ao chegar neste tópico o almirante fez
questão de explicar a importância para o país de um projeto deste nível,
lembrando que nossas riquezas se encontram em áreas distantes (PréSal). Com o
nosso submarino de propulsão nuclear, a Marinha poderá patrulhar nossa Zona
Econômica Exclusiva (ZEE) com mais eficiência, protegendo também nossas Linhas
Comerciais Marítimas (LCM).
Ao término da “coletiva de imprensa” o
almirante Leal Ferreira, fez questão de agradecer novamente a todos os
presentes, ressaltando que esta pareceria Marinha do Brasil/Imprensa precisa
ser mais abrangente, e que todos estão convidados a poderem participar de
ventos e manobras, para que o conhecimento seja levado a um estágio de maior
visibilidade junto a população Brasileira, logo em seguida os jornalistas foram
agraciados com um belíssimo livro “Amazônia Azul” e fomos levados para
registrar este momento ímpar!!
Nota do Editor: Gostaria de agradecer ao
Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira (Comandante da Marinha),
ao Almirante de Esquadra Sergio Roberto Fernandes dos Santos, (Comandante de
Operações Navais), ao Contra Almirante Flávio Augusto Viana Rocha (Diretor do
CCSM, ao Capitão de Mar e Guerra João Alberto de Araújo Lampert (Comandante do Navio Cisne Branco), ao Capitão de Fragata Vagner Berlarmino de Oliveira (Chefe
do Departamento de Imprensa do CCSM-BR) ao Capitão de Corveta Henrique Afonso Lima
(CCSM-BR) e a Tenente Vanessa Soares (CCSM-RJ) pelo convite de poder estar
presente no evento e pelo apoio na produção desta matéria.
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