quinta-feira, 12 de maio de 2016

PM do Rio de Janeiro treina com as novas carabinas que serão usadas na Zona Sul e locais de competições


Agente treina no Comando de Operações Especiais com o novo equipamento, que tem maior poder para neutralizar o alvo e menor alcance Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por: Redação OD


Policiais militares começaram a treinar com as novas carabinas que substituirão os fuzis nos bairros da Zona Sul e onde houver aglomerações de pessoas, como as regiões no entorno das competições da Rio 2016. O armamento tem menor alcance, reduzindo o risco de balas perdidas, e também será uma segunda opção ao fuzil para agentes de Unidades de Polícia Pacificadora. “A imagem da carabina agride menos. É complicado você andar na Zona Sul com uma arma de guerra, como o fuzil. Em áreas que não são de confronto, pacificadas, a carabina é mais eficiente”, afirmou o major Joelmir dos Santos, que coordena o treinamento.A mesma justificativa foi usada pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que acompanhou o primeiro dia de treinamento no Comando de Operações Especiais.

“Esse é o fim de mais um processo que a gente sempre sonhou: colocar uma arma cada vez mais adequada ao uso do policial no meio em que ele se encontra. Então, um fuzil não é adequado no meio de um conglomerado de pessoas. A carabina também tem poder de parada maior que o fuzil e isso faz parte de uma polícia menos letal”, disse. Segundo Ronaldo Olive, especialista em armamento, o tiro de uma carabina ao atingir o alvo dificilmente irá passar pelo seu corpo, ao contrário do disparo de um fuzil. “O chamado poder de parada é maior, ou seja, o tiro para no alvo, evitando assim que o projétil transfixe o criminoso e atinja um inocente. Assim, irá diminuir o número de balas perdidas”, afirmou.

Ainda segundo Olive, a munição da carabina é do tipo expansiva, ou seja, ela expande no alvo, anulando qualquer reação. “É mais letal para o bandido, sim, mas atinge o objetivo: neutralizá-lo. Já o fuzil é usado em guerra pois pode passar o alvo e atingir outros inimigos.” Semanalmente, serão treinados 240 policiais militares de Unidades de Polícias Pacificadoras. “Os treinamentos de tiros reduzem o erro no disparo e aumentam o controle do policial em situação de estresse”, afirmou o major Santos.

Beltrame queria total substituição

O anúncio da compra das carabinas foi realizado em 2008, pelo próprio Beltrame. Na época, com uma visão otimista da expansão das Unidades de Polícia Pacificadora, o secretário queria trocar todos os fuzis por carabinas. Somente agentes das chamadas forças especiais, como Bope (Batalhão de Operações Especiais), iriam ter permissão de utilizar o armamento mais letal. Em depoimento à Comissão de Segurança, na Alerj, em dezembro do ano passado, o deputado Flavio Bolsonaro (PSC) chegou a perguntar se, com várias UPPs apresentando problemas de confrontos e mortes de policiais, não seria o momento do projeto ser revisto. Beltrame disse que não, e anunciou a substituição do armamento. “Policial de UPP, em tese, não tem que atirar em ninguém. A bala do fuzil atravessa barracos. Essas armas novas causam um estrago menor”, disse. A cúpula da PM reagiu à ideia de abandonar totalmente o fuzil e, agora, as carabinas serão usadas como segunda opção aos policiais militares.

Armas com defeito foram devolvidas

O modelo de carabina que será utilizado pelos agentes é a CT 40, que possui o mesmo calibre da pistola de uso dos policiais. A compra desse armamento, no entanto, atravessou percalços. Em 2009, a Secretaria de Segurança Pública investiu cerca de R$ 6 milhões na compra de 1.331 carabinas calibre CT 30, com inexigibilidade de licitação. Sete meses depois, 1.000 armas foram devolvidas à Taurus, empresa que as produziu. O motivo: as munições emperravam e não eram disparadas. Algumas armas chegaram a derreter após os disparos. Somente o lote entregue à Polícia Civil permanece ativo. O processo de licitação da compra do lote entregue à Polícia Militar não está disponível no site Transparência, sendo o único nessa condição entre todos os realizados com a mesma empresa.  Após o recall, a PM fez testes na fábrica e optou pelo calibre .40. A verba usada na compra das carabinas devolvidas foi utilizada, mas ainda não há detalhes de quantas armas foram entregues. Procurada pelo DIA, a secretaria de Segurança não retornou ao contato.

FONTE: Jornal O Dia

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