quarta-feira, 6 de junho de 2018

PROSUB: S-40 Riachuelo tem data prevista para o seu lançamento ao mar, no dia 12 de dezembro


Por: Anderson Gabino

A Estratégia Nacional de Defesa, lançada em 2008, estabeleceu que o Brasil venha a ter uma "força naval de envergadura". Neste mesmo ano, foi firmado um acordo de transferência de tecnologia entre os governos do Brasil e e da França, o qual veio viabilizar a produção de quatro submarinos convencionais (S-BR), que se somarão à frota de cinco submarinos Classe Tupi já existentes, e culminará na fabricação do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear (S-BRN). Passados 10 anos, desde que fora firmado o primeiro acordo Brasil/França, és chegada a data que todos esperam ansiosamente. Durante visita no último dia 04/06, a imprensa especializada foi convidada pela Marinha do Brasil para realizar um check-out, nas instalações da Itaguaí Construções Navais (ICN), onde foi confirmada que a data prevista para o lançamento do submarino Riachuelo (S-40) ao mar, seja no dia 12 de dezembro. 

Contra-Almirante Eng Koga, Gerente de Empreendimento
Modular de Obtenção de Submarinos
O nosso anfitrião, foi o Contra-Almirante Eng Koga, Gerente de Empreendimento Modular de Obtenção de Submarinos, o qual fez uma breve explanação sobre os dois projetos em andamento na Marinha: O PROSUB e o Programa Nuclear da Marinha (PNM), onde nos fora explicado as árduas tarefas em que o Brasil vem tendo, na tentativa de nos tornarmos auto suficientes em enriquecer urânio. Para garantir o prazo do cronograma, três turnos, com 80 operários em cada, trabalham 24h “full time” com a incumbência de garantir que a montagem do primeiro submarino Classe Riachuelo esteja em pleno funcionamento para o seu lançamento ao mar, na data prevista. Enquanto que, na ala sul do complexo de Itaguaí o S-40 Riachuelo é finalizado, os outros dois submarinos (o Humaitá e o Tonelero) já se encontram também em fase avançada de construção na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas, e o quarto submarino convencional está tendo a parte do seu casco resistente finalizado pela Nuclep.

Orçado em mais de R$ 15 bilhões o investimento do PROSUB, quer resgatar a capacidade do Brasil de construir submarinos. Esta espertice teve seu auge nas décadas de 80 e 90, onde o Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro, construiu os submarinos de modelo alemão Classe Kilo (na Marinha Classe Tupi) que são hoje a nossa força silenciosa no mar, mas essa capacidade fora perdida pela total falta de interesse de cunho político. “A Marinha entende a necessidade de manter essa capacidade, e com o advento do PROSUB pudemos resgatar esta nossa capacidade”, enfatizou o Contra-Almirante Koga, durante à visita. Dando prosseguimento a visita, fomos levados até o Estaleiro de Construções (ESC), onde verificou-se a evolução nos canteiros de obras. Um dos prédios que nos foi apresentado, é o que abrigará seis diferentes simuladores. São eles: Simulador de Plataforma; Simulador Baseado em Computador; Simulador de Superfície; Simulador Tático; Simulador de Controle de Alagamento e Simulador de Procedimentos de Escape. Em função do cronograma de visitas apertado e por alguns dos simuladores ainda estarem sendo montados, só se pode ter acesso visual aos três primeiros simuladores listados acima.

Simulador Tático de Combate e de imersão
Um dos simuladores apresentados foi o “Simulador de plataforma”, conhecido também como simulador de imersão, onde o qual simula os movimentos do submarino em relação aos seus três eixos. Na verdade a capacidade do simulador vai além da capacidade normal de um submarino, podendo chegar até 40º em qualquer eixo. Foi dito que no interior do simulador está reproduzida atualmente apenas o lado de bombordo da parte de comando do submarinoUm segundo simulador apresentado foi o de parâmetros, onde toda e qualquer situação a bordo do submarino possa vir a ser simulado, ali o tripulante irá poder ir de um tour virtual pelo interior do submarino e acionar qualquer equipamento, como também poderá fazer isso remotamente. O terceiro, que na verdade são dois, mas pelo tempo corrido só um foi apresentando, é o Simulador Tático de Combate e de imersão. Nestes simuladores, os futuros tripulantes e operadores de sistemas irão se aperfeiçoar nos sistemas que serão utilizados a bordo do Riachuelo e de seus continuados. Por fim, a visita mais esperada foi ao Main Hall, onde o Riachuelo está sendo finalizado. E vimos o quanto agora de fato, ele já se parece com um submarino. A imprensa foi levada ao interior do submarino para uma breve visita e viu-se um emaranhado de fios e cabos que logo estarão esticados e alinhados.

Enfim, transferir da França todo este conhecimento do projeto de um submarino classe Scorpène certamente foi e está sendo ainda um grande desafio, enfrentado pelos engenheiros e técnicos brasileiros. Antes porém, uma decisão capital teve que ser tomada: dentre as várias opções, por que se decidir por essa classe, e não continuar na linha alemã, ou mesmo optar por uma terceira? Aspectos políticos, táticos, estratégicos, tecnológicos (conteúdo local, transferência de tecnologia inclusive treinamento de engenheiros e técnicos), econômico-financeiros, gerenciais e outros certamente foram considerados para a tomada de decisão. A cerimônia de início da montagem do Submarino Riachuelo foi sem dúvida um marco da maior relevância para a Marinha e terá seu primeiro grande ápice no dia 12 de dezembro.  Trata-se sem dúvida de um importante e enorme passo no contexto do PROSUB, antes de enfrentarmos as etapas seguintes muito mais complexas, da construção do submarino a propulsão nuclear Álvaro Alberto. 

Quando atingirmos este nível de capacidade, então, estaremos em um seleto grupo de sete países que irão ter tal capacidade: EUA, Rússia, Reino Unido, França, China Índia e futuramente o Brasil, mas as dificuldades para tal empreitada são evidenciadas pelos problemas enfrentados pela Marinha Indiana em seu projeto. Os sistemas e equipamentos que serão instalados nos submarinos já foram selecionados, o que nos obrigou a difíceis decisões: de se usar itens já testados, logo passíveis de ficarem ultrapassados ao longo da vida útil do submarino, ou se seria válido corrermos o risco de utilizar material de última geração, porém ainda em nível de protótipo ou cabeça-de-série, logo não testado na prática? Aí entram considerações baseadas em rigorosa gestão de riscos. O mais importante de tudo é vermos, ainda que sofrendo alterações em seu cronograma devido as contingências exercidas pelo Governo, o andamento do projeto como um todo. As interferências externas, infelizmente deixam a Marinha de mãos atadas, o que pode ser feito está sendo feito, tenham certeza. Breve teremos o orgulho de ostentar um novo submarino, o qual será o precursor de uma nova história que será contada para as futuras gerações.

Reator multipropósito Brasileiro


Na próxima sexta-feira (8) ocorrerá, em Iperó (SP), o lançamento da pedra fundamental do reator multipropósito brasileiro (RMB) e o início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene). O RMB é um reator nuclear com objetivo de tornar o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos – insumo importante para fabricação de radiofármacos, hoje importado pelo país. O Labgene, parte do Programa Nuclear da Marinha (PNM), é o protótipo em terra da planta nuclear do futuro submarino com propulsão nuclear brasileiro. Parte do submarino de propulsão nuclear é desenvolvida pelo Programa Nuclear da Marinha, em parceria com o Prosub. O PNM foi criado com objetivo de dominar com tecnologia nacional o ciclo completo do combustível, desde a prospecção e enriquecimento do urânio até a fabricação do elemento combustível para uso no submarino de propulsão nuclear e geração de energia elétrica.

Galeria de Imagens




S-BR 2 Humaitá

S-BR 2 Humaitá

S-BR 2 Humaitá

S-BR 2 Humaitá

Futuras instalações dos Simuladores

Simulador de plataforma

Simulador de plataforma

Simulador de parâmetros

Simulador de parâmetros

S-40 Riachuelo

S-40 Riachuelo

Interior do S-40 Riachuelo

Interior do S-40 Riachuelo

Interior do S-40 Riachuelo

Interior do S-40 Riachuelo

Operários trabalham no S-40 Riachuelo

Operários trabalham no S-40 Riachuelo

Operários trabalham no S-40 Riachuelo
Nosso editor chefe, Anderson Gabino em conversa com o  Contra-Almirante Koga


Imprensa Especializada com o CA Koga

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