A Estratégia Nacional de Defesa, lançada em 2008, estabeleceu que o Brasil venha a ter uma "força naval de envergadura". Neste mesmo ano, foi firmado um acordo de transferência de tecnologia entre os governos do Brasil e e da França, o qual veio viabilizar a produção de quatro submarinos convencionais (S-BR), que se somarão à frota de cinco submarinos Classe Tupi já existentes, e culminará na fabricação do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear (S-BRN). Passados 10 anos, desde que fora firmado o primeiro acordo Brasil/França, és chegada a data que todos esperam ansiosamente. Durante visita no último dia 04/06, a imprensa especializada foi convidada pela Marinha do Brasil para realizar um check-out, nas instalações da Itaguaí Construções Navais (ICN), onde foi confirmada que a data prevista para o lançamento do submarino Riachuelo (S-40) ao mar, seja no dia 12 de dezembro.
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Contra-Almirante Eng Koga, Gerente de Empreendimento Modular de Obtenção de Submarinos |
O nosso anfitrião, foi o Contra-Almirante Eng Koga, Gerente de Empreendimento Modular de Obtenção de Submarinos, o qual fez uma breve explanação sobre os dois projetos em andamento na Marinha: O PROSUB e o Programa Nuclear da Marinha (PNM), onde nos fora explicado as árduas tarefas em que o Brasil vem tendo, na tentativa de nos tornarmos auto suficientes em enriquecer urânio. Para
garantir o prazo do
cronograma,
três turnos, com 80 operários em cada, trabalham
24h “full time” com a incumbência de
garantir que a
montagem do
primeiro submarino Classe
Riachuelo esteja
em pleno funcionamento para o
seu lançamento ao mar, na data prevista.
Enquanto
que,
na
ala sul do complexo de Itaguaí o
S-40 Riachuelo é finalizado, os outros
dois submarinos (o
Humaitá
e o Tonelero)
já
se encontram também em fase avançada de construção
na
Unidade
de Fabricação de Estruturas Metálicas, e
o
quarto submarino convencional está
tendo a
parte do seu
casco
resistente finalizado pela Nuclep.
Orçado em mais de R$ 15 bilhões o investimento do PROSUB, quer resgatar a capacidade do Brasil de construir submarinos. Esta espertice teve seu auge nas décadas de 80 e 90, onde o Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro, construiu os submarinos de modelo alemão Classe Kilo (na Marinha Classe Tupi) que são hoje a nossa força silenciosa no mar, mas essa capacidade fora perdida pela total falta de interesse de cunho político. “A Marinha entende a necessidade de manter essa capacidade, e com o advento do PROSUB pudemos resgatar esta nossa capacidade”, enfatizou o Contra-Almirante Koga, durante à visita. Dando
prosseguimento a visita, fomos levados até o Estaleiro de Construções
(ESC), onde verificou-se a evolução nos canteiros de obras. Um dos
prédios que nos foi apresentado, é o que abrigará seis diferentes simuladores. São eles: Simulador
de Plataforma; Simulador Baseado em Computador; Simulador
de Superfície; Simulador Tático; Simulador
de Controle de Alagamento e Simulador
de Procedimentos de Escape. Em
função do cronograma de visitas apertado e por alguns dos
simuladores ainda estarem sendo montados, só se pode ter acesso
visual aos três primeiros simuladores listados acima.
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Simulador Tático de Combate e de imersão |
Um
dos simuladores apresentados foi o “Simulador
de plataforma”, conhecido
também
como
simulador de imersão, onde
o qual simula os
movimentos do submarino em relação aos seus três eixos. Na verdade
a capacidade do simulador vai além da capacidade normal de um
submarino, podendo chegar até 40º
em qualquer eixo. Foi dito que no interior do simulador está
reproduzida atualmente apenas o lado de bombordo da parte de
comando do
submarino. Um segundo simulador apresentado foi o de parâmetros, onde toda e
qualquer situação a bordo do submarino possa vir a ser simulado,
ali o tripulante irá poder ir de um tour virtual pelo interior do
submarino e acionar qualquer equipamento, como também poderá fazer
isso remotamente. O terceiro, que na verdade são dois, mas pelo
tempo corrido só um foi apresentando, é o Simulador Tático de
Combate e de imersão. Nestes simuladores, os futuros tripulantes e
operadores de sistemas irão se aperfeiçoar nos sistemas que serão
utilizados a bordo do Riachuelo e de seus continuados. Por fim, a
visita mais esperada foi ao Main Hall, onde o Riachuelo está sendo
finalizado. E vimos o quanto agora de fato, ele já se parece com um
submarino. A imprensa foi levada ao interior do submarino para uma
breve visita e viu-se um emaranhado de fios e cabos que logo estarão
esticados e alinhados.
Enfim,
transferir
da França todo este
conhecimento do
projeto de um submarino classe Scorpène certamente foi e
está sendo ainda um
grande desafio, enfrentado pelos engenheiros e técnicos brasileiros.
Antes porém, uma decisão capital teve que ser tomada: dentre as
várias opções, por que se decidir por essa classe, e não
continuar na linha alemã, ou mesmo optar por uma terceira? Aspectos
políticos, táticos, estratégicos, tecnológicos (conteúdo local,
transferência de tecnologia inclusive treinamento de engenheiros e
técnicos), econômico-financeiros, gerenciais e outros certamente
foram considerados para a tomada de decisão. A cerimônia de
início da montagem do Submarino Riachuelo foi
sem dúvida um marco da maior relevância para a Marinha e
terá seu primeiro grande ápice no dia 12 de dezembro. Trata-se
sem dúvida de um
importante e
enorme
passo
no contexto do PROSUB, antes de enfrentarmos as etapas seguintes
muito mais complexas, da construção do
submarino a propulsão nuclear Álvaro Alberto.
Quando
atingirmos este
nível de
capacidade, então,
estaremos
em um seleto grupo
de
sete
países que
irão ter
tal capacidade: EUA, Rússia, Reino Unido, França, China Índia e
futuramente
o
Brasil, mas
as
dificuldades
para
tal empreitada são evidenciadas pelos problemas enfrentados pela
Marinha Indiana em seu projeto. Os
sistemas
e equipamentos que
serão
instalados nos
submarinos
já foram selecionados, o que nos obrigou a difíceis decisões: de
se usar itens
já testados, logo passíveis de ficarem ultrapassados ao longo da
vida útil do submarino, ou se seria
válido corrermos
o risco de utilizar material de última geração, porém ainda em
nível de protótipo ou cabeça-de-série, logo não testado na
prática? Aí entram considerações baseadas em rigorosa gestão de
riscos. O
mais importante de tudo é vermos, ainda que sofrendo alterações em
seu cronograma devido as contingências exercidas pelo Governo, o
andamento do projeto como um todo. As interferências externas,
infelizmente deixam a Marinha de mãos atadas, o que pode ser feito
está sendo feito, tenham certeza. Breve teremos o orgulho de
ostentar um novo submarino, o qual será o precursor de uma nova
história que será contada para as futuras gerações.
Reator
multipropósito Brasileiro
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