Na foto, o Navio NSS K-11 "Felinto Perry" nosso especializado em salvamento de submarinos da nossa Marinha. |
Por: Yam Wanders.
Nesse final de semana surgiram nas redes sociais os mais diversos questionamentos do por quê a Marinha do Brasil se envolver na operação de resgate do submarino da Armada Argentina, o ARA "San Juan" que está dado como "desaparecido" desde a quarta-feira dia 15 de novembro, conforme amplamente noticiado. O que acontece é que apesar do momento ser de um acontecimento lamentável enquanto não chegam mais informações, é que o Brasil deve ter mais um motivo para ter orgulho de sua Marinha, pois pertencemos à um selecto grupo de apenas 16 países que possuem uma estrutura mínima para efetuar a busca e salvamento de submarinos em emergência, bem como dar o adequado tratamento para as vítimas resgatadas.
Poucos sabem mas existe uma entidade internacional que ajuda a organizar e, eventualmente, coordenar atividades de resgates à submarinos e outras embarcações afundadas que necessitem de apoio para o resgate, e, essa entidade é a ISMERLO ou "International Submarine Escape and Rescue Liaison Office". E felizmente o Brasil faz parte dessa organização, colaborando e recebendo colaboração quando necessário para as atividades de prevenção e resgate quando necessário para submarinos em emergência que estejam em nossas águas ou nas proximidades.
Estabelecida em 2003 como resposta internacional ao acidente do submarino russo Kursk em agosto de 2000, a ISMERLO é na prática uma organização que funciona como um escritório de ligação entre nações que operam submarinos de todos os tipos, e, seu principal objetivo e missão é fomentar a prevenção de acidentes com submarinos e organizar os meios necessários para uma eventual operação de resgate coordenando meios diversos dos países mais próximos que possam oferecer ajuda.
Além de escritório de ligação, a ISMERLO reúne permanentemente um time internacional de experts (Submarine Escape and Rescue Working Group-SMERWG) em uma base permanente em Norfolk, estado da Virgínia-USA, e que trabalham permanentemente para estabelecer procedimentos padrões para as ações de resgates à submarinos em qualquer parte do mundo em tempos de paz.
A Marinha do Brasil e sua estrutura de resposta à acidentes com submarinos
Na América Latina, o Brasil possui uma estrutura única e pioneira para as atividades de apoio a mergulho profundo e também para o treinamento, apoio e operações de resgate de submarinos, estrutura essa que compreende não só o navio especializado NSS K-11 "Felinto Perry" como o sino de resgate (SRS) e toda uma estrutura hospitalar espalhada pelo Brasil para o atendimento e tratamento de vítimas de acidentes em profundidade.
O SRS brasileiro ( Sino de Resgate Submarino ) é um sino de resgate submarino projetado e construído no Brasil. É baseado em um sino de mergulho de saturação com um assento de resgate adicionado. É operado a partir do navio especializado NSS K-11 "Felinto Perry", um navio de resgate submarino cuja missão básica é salvar tripulações de um submarino desabilitado e também para apoiar atividades de mergulho profundo.
O NSS K-11 "Felinto Perry"Ex-Holger Dane, ex-Wildrake, em 1988, foi adquirido pela Marinha do Brasil à empresa norueguesa A/S Sentinel Offshore para substituir o navio NSS Gastão Moutinho nas tarefas de socorro de pessoal e salvamento de material e de apoio ao mergulho profundo.
O NSS Felinto Perry tem esse nome em homenagem ao almirante Felinto Perry (Rio de Janeiro, 12 fev. 1871 - 2 dez. 1929), filho do comandante Felinto Perry (Rio Grande, RS 16 jan. 1844 - 02 abr. 1892) que participou de batalhas na Guerra do Paraguai, tendo recebido por isso o título de cavaleiro da Ordem de Cristo, além de medalhas e condecorações. Ao morrer, era Capitão dos Portos do estado e Administrador da Barra do Rio Grande. A fototeca da Biblioteca Rio-Grandense possui uma fotografia desse militar.
Detalhes da popa do NSS K-11 Felinto Perry, e seus guindastes para manobras e trabalhos. |
As características do navio especializado NSS K-11 "Felinto Perry" incluem o Sistema de Posicionamento Dinâmico e um complexo de sino e câmara hiperbárica de mergulho para divisões saturadas além de 300 metros de profundidade, o qual é o limite de sua capacidade de resgate submarino. As pessoas resgatadas de um DISSUB pressurizado podem ser tratadas no complexo hiperbárico integrado do navio, embora ainda não seja possível realizar uma Transfer Under Pressure (TUP). Se necessário, eles também podem ser tratados na câmara hiperbárica da plataforma traseira.
A Marinha Brasileira tem uma série de câmaras hiperbáricas distribuídas ao longo da costa, que podem ser usadas em apoio às operações de Escape e Salvamento Submarino. 5 dessas câmaras são colocadas em hospitais navais e um enorme centro hiperbárico está localizado na Base Submarina Brasileira no Rio de Janeiro. Este complexo hiperbárico é capaz de testar equipamentos a grandes profundidades, simular mergulho saturado e tratar um grande número de pessoas que sofrem de distúrbios de mergulho por vez. A Marinha do Brasil tem a única escola de mergulho no Brasil capaz de treinar Deep Divers. Estes cursos são realizados no Centro Hiperbárico. Além de formar mergulhadores saturados e supervisores de mergulho no mar profundo para as marinhas brasileiras e de nações amigas, também recebe estudantes civis de mergulho que serão designados para trabalhar na indústria do petróleo após completar o curso.
Recursos adicionais no campo de Submarine Escape and Rescue incluem uma instalação de treinamento de fuga composta por uma torre de escape de 20 m de profundidade, também localizada na Base Submarina Brasileira no Rio de Janeiro.
Eu em uma das muitas visitas na Base da ComForSub no Rio de Janeiro. |
Referências e fontes: ISMERLO International Submarine Escape and Rescue Liaison Officehttp://www.ismerlo.org/, U.S. Navy/Exercise Dynamic Monarch, publicações Marinha do Brasil. El Snorkel Int.
Nenhum comentário:
Postar um comentário