Por: Bernardo Hoffmann Schmidt
Este artigo tem por finalidade expor as lições aprendidas por militar do Exército Brasileiro durante a realização de curso no exterior, apresentando aspectos referentes ao Curso de Comandante de Subunidade Integrada, bem como a estrutura organizacional e alguns produtos de defesa do Exército Sul-africano. O Curso de Comandante de Subunidade Integrada (Integrated
Sub-Unit Commander Course – ISUC)
tem a duração aproximada de 3 (três) meses, sendo realizado
no South
African Army Combat Training Centre (SA
Army – CTC),
localizado em Lohatla-NC, uma base de treinamento do Exército
Sul-africano.
O
curso é realizado 3 (três) vezes ao ano, tendo como público-alvo,
em geral, capitães das armas, quadros e serviços do exército
sul-africano que estejam no quadro de acesso ao posto de Major. O
efetivo de alunos varia em torno de 70 (setenta) militares. O ISUC é
subdividido em duas fases: teórica e prática. A conclusão das duas
fases com aproveitamento é obrigatória somente para os militares
das armas combatentes (infantaria, cavalaria, artilharia,
inteligência, artilharia antiaérea, engenharia, etc). Para as armas
de apoio (logística, manutenção, cozinha, pessoal, advocacia, etc)
a conclusão da primeira fase com aproveitamento já habilita o
militar a promoção a major.
A primeira fase é destinada à teoria e revisão de conhecimentos, com uma duração de 8 (oito) semanas, e a segunda fase destinada à prática com a integração dos cursos de Estado-Maior (Junior
Command and Staff Duties – JCSD)
e o curso de Sargentos (Senior
Non-Commissioned Operational Duties Course – NCO Ops Duties).
Tem duração de 4 (quatro) semanas. Na primeira fase, são
ministradas instruções de conhecimento geral sobre as operações
ofensivas e defensivas, instruções do emprego das armas, quadros e
serviços em combate, instruções acerca de operações de paz,
guerra química, biológica, radiológica e nuclear, além de
instruções de trabalho de comando.
Na segunda fase, o foco é o trabalho de comando com execução de operações militares, em que pode se destacar o planejamento integrado do Estado-Maior de Unidade seguido do planejamento do Comando da Subunidade e da organização do apoio logístico pelos NCO’s. Para os oficiais Sul-africanos há um recesso escolar entre a primeira e segunda fase de 4 (quatro) semanas. Durante a fase prática de operações, pode-se observar a grande integração que possuem as Forças Armadas da África do Sul (South
Africa National Defense Force – SANDF),
facilitada pelo emprego do mesmo material rádio e das técnicas de
exploração das comunicações em todas as unidades das forças
armadas.
Fruto disso, as ligações entre as armas, o apoio logístico, a Força Aérea e a coordenação do exercício foi impecável. Durante as operações, cabe salientar o apoio de material e pessoal: 1 (um) Batalhão de Infantaria com 3 (três) companhias de infantaria mecanizada, dotadas de viaturas Ratel
60, Ratel 90, e Ratel PC;
1 (um) Esquadrão de Cavalaria com 1 (um) Pelotão de Reconhecimento,
dotado de viaturas Rooikat, e 1 (um) Pelotão de Carros de Combate,
com viaturas Olifant
Tank Mk1;
1 (uma) companhia de Forças Especiais que participaram de um
reconhecimento avançado; além dos apoios da Força Aérea com um
helicóptero Rooivalk,
que fez todo o suporte aéreo em combate, e uma aeronave Oryx que
fez o transporte de tropas de infantaria até a margem oposta do rio
onde ocorreria a transposição do curso d’água.
O Exército da República da África do Sul tem sua estrutura organizacional dividida em Organizações Militares (OM) componentes do serviço militar ativo ou integrantes da reserva mobilizável. As OM da reserva possuem uma estrutura física, comandante nomeado, estado-maior completo e um efetivo de militares destinados às tarefas básicas. Além disso, as OM da reserva não são dotadas de material de emprego militar, trabalham em meio período (por isso seus vencimentos não são integrais) e seus integrantes podem exercer atividade paralela. O ensino militar bélico se inicia no treinamento básico que é igual para todos os integrantes do exército.
Após o período básico, conforme desempenho individual e a seleção feita pelos instrutores, o militar é designado para a Escola de Oficiais, Escola de Sargentos ou como soldado para a formação em algum dos centros de formação específico. Após a formação na Academia ou Escola Militar, todo curso realizado na esfera da arma, quadro ou serviço é ministrado em estabelecimento de ensino específico da respectiva área. As FFAA são bem estruturadas com materiais de
emprego militar desenvolvidos pela própria indústria sul-africana,
o que facilita sobremaneira o apoio logístico das tropas. As
Forças Armadas Sul-africanas são ativos integrantes das operações
de paz da Organização das Nações Unidas no continente africano. A
participação de um oficial num curso de aperfeiçoamento em outra
Força Armada reveste-se de fundamental importância para a
valorização da dimensão humana do nosso Exército, bem como
propicia grande enriquecimento profissional ao militar e à
instituição.
AÇO!
Bernardo Hoffmann Schmidt – Cap
Chefe da 1ª Seção do 1º RCC
Ádamo Luiz Colombo da Silveira – Cel
Comandante do Centro de Instrução de Blindados
FONTE: Escotilha do Comandante Nº 76/Out-2017 - Centro de Instrução de Blindados
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