Por Major Sylvia Martins
A
cerimônia na noite da última quinta-feira (31), na Base General
Bacellar, em Porto Príncipe, marcou a despedida do Contingente
Brasileiro (CONTBRAS) da Missão de Paz para Estabilização do Haiti
(MINUSTAH). A partir de agora, as operações das tropas estão
encerradas e a etapa final de desmobilização será concluída em 15
de outubro, que compreende as medidas de repatriação de pessoal e
material. Pela
segunda vez no Haiti, o ministro Jungmann, ressaltou que o componente
militar deixa o país caribenho, mas não o Brasil, que continuará
suas relações em outras áreas, como saúde e assistência
humanitária.
“Somos muito agradecidos ao povo do Haiti, com o qual
nós ganhamos laços de amizade que serão absolutamente permanentes.
Tenho certeza que tenderão a ser ampliados, para o benefício de
nossos dois países”, afirmou. Antes
da solenidade, o ministro da Defesa, Raul Jungmann foi recebido pelo
primeiro-ministro do Haiti, Jack Guy Lafontant, na sede do governo
haitiano. Sobre o encerramento da MINUSTAH, o representante do
governo haitiano afirmou ter de enfrentar com os próprios meios os
desafios do país, mas conta com o apoio de países amigos como o
Brasil. “Isso nos permitiu ter uma estabilidade política no
Haiti e esperamos mantê-la”, disse.
Cerimônia
de encerramento
Jungmann foi recebido pelo primeiro-ministro do Haiti |
Na
chegada à base brasileira, na área do Batalhão Brasileiro de Força
de Paz (BRABAT), o ministro Raul Jungmann recebeu as honras militares
e foi acompanhado pelo Force Commander da MINUSTAH, general Ajax
Porto Pinheiro, que mostrou ao ministro o monumento construído em
homenagem aos militares mortos na ocasião do Terremoto de 2010. Antes
do evento de encerramento, o ministro Jungmann esteve ainda, em
reunião fechada, com a representante especial do secretário geral
da ONU, chefe da MINUSTAH, Sandra Honoré. A
solenidade de despedida teve início com a formatura do 26º
Contingente Brasileiro, o último a atuar na MINUSTAH, cantando a
canção do Expedicionário. Logo em seguida, após a apresentação
da tropa pelo comandante do BRABAT, coronel Alexandre Catanhede, à
chefe da missão, Sandra Honoré, o contingente cantou os hinos do
Haiti, do Brasil e da ONU.
Em
seu discurso o Force Commander, general Ajax, lembrou que a missão
no Haiti é a maior mobilização de tropas brasileiras no exterior,
numa missão real, desde da guerra da Tríplice Aliança. Ainda
mencionou a perda de 25 militares durante os 13 anos de atuação e
os momentos marcantes que envolveram os contingentes anteriores, como
os enfrentamentos violentos do início, o terremoto, o furacão
Mathew e as eleições. “O trabalho feito por aquelas tropas
permitiu que nós estivéssemos chegando ao final da missão com o
dever cumprido”. Nunca se esqueçam, vocês já estão partindo,
mantenham o seu coração de soldado e a alma de peacekeeper
(mantenedores da Paz)”, finalizou o general.
O
ministro da Defesa, Raul Jungmann falou da capacidade do Brasil de
ser provedor de paz e suas demais atuações. “Esta missão, em que
pese ser uma missão com mandato de estabilidade e de resgatar a
segurança no Haiti, mas ela tem outras dimensões. Dimensão do
apoio a infraestrutura, o trabalho que foi feito, extraordinário,
pela companhia de engenharia; o trabalho que foi feito com o maior
programa de cooperação na área de saúde, igualmente na área
agrícola, da assistência social e da capacitação profissional”,
destacou. Jungmann,
durante sua mensagem, pediu um minuto de silêncio a todos em
homenagem aos peacekeepers brasileiros falecidos na missão, ao todo
25, incluindo dois oficiais generais.
“Nós
nos comprometemos nos últimos 13 anos no empreendimento conjunto com
as autoridades haitianas para construir uma base sólida, para uma
estabilidade duradoura de um futuro melhor para o país." Estas
foram as palavras da representante da ONU e chefe da MINUSTAH, Sandra
Onoré. Ela afirmou ainda que o grau de segurança e estabilidade que
o povo haitiano aproveita hoje é em parte devido ao trabalho da
MINUSTAH. “26º
contingente brasileiro, unidos pela paz, bon bagay, missão
cumprida”, assim se despediu Sandra Honoré, da última tropa
brasileira no Haiti. Bon bagay é a expressão em creole, língua do
Haiti, que significa boa gente, usada comumente em referência aos
brasileiros.
A
representante da ONU ressaltou que a contribuição do contingente
brasileiro reafirmou o espírito humanitário das operações de
manutenção da Paz e é uma fonte de orgulho para as Nações
Unidas. O
País foi o maior contribuidor de tropas na MINUSTAH, mas para Sandra
Onoré fez muito mais. "O Brasil forneceu apoio crítico para
garantir a efetiva tomada de decisões sobre a implementação do
mandato da MINUSTAH e sobre o ambiente operacional da missão”,
completou a representante da ONU.
Ainda
compareceram à cerimônia de encerramento das operações do
contingente os comandantes da Marinha, Leal Ferreira; da
Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato; do Comando Militar do
Sudeste, general Campos (representando o comandante do Exército); do
chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa,general César
Augusto Nardi; os embaixadores, do Ministério das Relações
Exteriores, Nelson Tabajara, Maria Luzia Escorel e Fernando Simas; do
presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Fernando
Collor e a presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional, deputada Bruna Furlan, além de outras autoridades.
Mais
de 37 mil militares brasileiros em 13 anos de MINUSTAH
A
MINUSTAH contou com a participação do Brasil desde 2004, sempre com
o maior contingente de tropa, além da honra e responsabilidade de
manter um oficial general como Force Commander do componente militar. Mais
de 37 mil militares brasileiros estiveram na Operação de Paz no
Haiti nesses 13 anos. Eles cumpriram os objetivos destinados ao
componente militar: contribuir para a manutenção do ambiente seguro
e estável no Haiti; cooperar com as atividades de assistência
humanitária e de fortalecimento de instituições nacionais; e
realizar operações militares de manutenção da paz na sua área de
responsabilidade.
Os
maiores desafios enfrentados pela tropa brasileira foram a
pacificação de Cité Soleil, no início da missão, além da
atuação nos episódios do terremoto em 2010 e do Furacão Mathew,
em 2016. O
26º Contingente, que a partir de hoje (01) encerra suas operações,
é constituído pelo Batalhão de Infantaria de Força de Paz
(BRABAT), que tem 181 militares da Marinha do Brasil, 639 do Exército
Brasileiro, 30 da Força Aérea Brasileira e uma Companhia de
Engenharia de Força de Paz (Braengcoy), composta por 120 do
Exército. O
Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças
Armadas (EMCFA) e sua Subchefia de Operações de Paz, trabalha na
coordenação dos acertos finais da desmobilização. Até 15 de
setembro, quando 90% do efetivo deverá ter deixado o país
caribenho.
Para
o chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, general
César Augusto Nardi de Souza, esses 13 anos foram importantes para a
pacificação do Haiti. "Nossa participação foi fundamental,
junto com outras nações, para o estabelecimento de uma situação
estável e segura no Haiti, sem a qual O desenvolvimento econômico e
social não aconteceriam. Além disso, para as Forças Armadas foi
uma grande experiência na parte operacional, logística e a projeção
do País no conceito entre as demais nações com o profissionalismo
das tropas brasileiras", comentou o general. Sobre
a próxima missão de Paz na qual as Forças Armadas Brasileiras
poderão ser empregadas, segundo o ministro da Defesa, já foi citada
a República Centro Africana, porém depende de decisão do
presidente da República e do Congresso Nacional.
FONTE: Assessoria
de Comunicação Social (Ascom)/Ministério da Defesa, Fotos: Tereza
Sobreira
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