A partir de sexta-feira, os blindados brasileiros não poderão mais circular. O controle do país ficará a cargo da Polícia Nacional Haitiana (Foto: EVELSON DE FREITAS / AE) |
Por: Redação OD
“Unidos
pela paz: Brabat!” O slogan do batalhão brasileiro da missão
de paz no Haiti é repetido sempre que uma patrulha entra ou sai
da base militar em Porto Príncipe. No Urutu branco do Exército Brasileiro com as letras UN, de Nações Unidas (em inglês), vão
um motorista, um militar na cabine de observação, outro
militar com um fuzil na mão, o coronel Sandro Vasconcelos,
chefe da Comunicação Social do Brabat, e a equipe jornalística.
A
patrulha será por um bairro vizinho à base, chamado Tabarre.
É
uma região de classe média, com algumas construções recentes e a
grande maioria das casas de tijolo aparente.A
falta da pintura tem um motivo, explica o coronel. Em Porto
Príncipe, quem tem casa pintada paga mais imposto. É como se o
IPTU fosse mais barato para imóvel sem reboque. Assim
como outros bairros da capital haitiana, Tabarre também tem
problemas de iluminação pública. Só há oferta de luz elétrica
três dias por semana. Nos outros, os moradores precisam se
virar com geradores, oferecidos em mercados e outdoors de Pétion
Ville, o distrito mais rico do país.
Por
estar perto da base da Minustah, a Missão das Nações Unidas para
Estabilização do Haiti, o bairro de Tabarre tem patrulhas diárias.
É uma questão de segurança do entorno, explicam os brasileiros.
Mas hoje em dia é raro o uso de blindados – geralmente, o
patrulhamento é feito a pé ou em viatura. Para acompanhar o
trajeto, coronel Vasconcelos pede à equipe jornalística que
use capacete azul, objeto de proteção que acabou se tornando um dos
símbolos da missão de paz. Mas dispensa o uso do colete à
prova de balas. Diferentemente de algumas áreas da capital
haitiana, como Cité Soleil, Tabarre é considerada uma área
verde, de baixo risco.
Por
determinação da ONU, Porto Príncipe foi dividida em três
zonas – vermelhas, amarelas e verdes – segundo o grau de
periculosidade. Apesar da pacificação, Cité Soleil é vermelha e
requer o que os militares chamam de “tudão”: capacete, colete e
armamento – leia-se fuzil. A circulação do urutu parece não
chamar a atenção da maioria dos pedestres em Tabarre. Há 13 anos,
os haitianos convivem com os blindados brancos com a sigla das Nações
Unidas. Uns poucos se manifestam quando o veículo passa.
Enquanto
um homem repete o gesto de joia feito por um dos militares, outro
grupo dá tchau. Alguns metros adiante, na avenida que conduz à
base, uma jovem levanta o dedo médio para xingar os brasileiros.
“Não é fácil para um país soberano ter uma tropa de outro
país”, comenta o coronel Vasconcelos. “Temos de ter esse
entendimento. É só a gente se colocar na posição deles.” A
partir de sexta-feira, os blindados brasileiros não poderão mais
circular. O controle do país ficará a cargo da Polícia Nacional
Haitiana e os urutus serão embarcados num navio da ONU com destino
ao Rio de Janeiro.
FONTE: O Estado de São Paulo
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