Por: Redação OD
Os
trens eram blindados e os canhões saídos das fundições e
metalúrgicas de São Paulo tinham alcance inesperado; a força
constitucionalista usava metralhadoras com as quais a tropa federal
não contava e, no mar, navios pesados ameaçavam com a devastação
causada pela grossa artilharia embarcada. Tudo novo, tudo velho. A
novidade da guerra civil brasileira estava no ar - aviões de caça,
pequenas e ágeis máquinas de voar, usadas em missões aéreas pelos
dois lados da luta.
Os
paulistas tinham 4 aeronaves. Os federais operavam uma frota maior
de, talvez, até 30 “veículos aeroplanos” de variada origem.
Embora os bombardeios tenham sido pesados, não foi esse o batismo de
fogo da cidade de São Paulo. Na Revolta de 1924, dois monomotores
Morane-Salnier e Nieuport 21 despejaram granadas de 60 kg sobre os
bairros do Brás, Mooca, Belém, Aclimação, Vila Mariana e
Ipiranga. Os ataques eram complementados pelo fogo dos canhões. As
pessoas abandonaram as suas casas e permaneceram em abrigos
improvisados durante os 23 dias de duração do conflito, que fez 503
mortes e cerca de 4,8 mil feridos.
Em
32, oito anos depois, a ação aérea foi mais sofisticada. Os
modelos Potez 25, francês, e Waco CSO, americano, foram os
principais protagonistas - em ambas as aviações envolvidas. Os
‘reides’, como eram chamadas as incursões se estenderam até
cidades do interior do Estado. Campinas sofreu 10 bombardeios
conduzidos pelo então major Eduardo Gomes. Em Casa Branca e Mogi
Mirim dois federais foram abatidos a tiros de metralhadora. Em um
único dia foram realizadas sete incursões e lançadas 36 bombas.
A
tecnologia estava chegando ao combate no ar. Os aviões eram
empregados para fotografar o terreno e a eventual movimentação do
inimigo. Foram mobilizados para lançar panfletos da propaganda
política dos constitucionalistas paulistas e também do governo
provisório de Getúlio Vargas. O trabalho principal, entretanto, era
o de fazer fogo sobre o inimigo. Na média, cada avião podia levar
110 kg de bombas, algumas delas com cargas incendiárias. Vários
deles incorporavam uma metralhadora 7 mm. Não havia equipamentos
óticos para dirigir os explosivos, despejados de seus suportes pelo
acionamento manual de uma alavanca no momento em que o piloto passava
sobre o alvo, localizado visualmente, a pouco mais de 130 km por
hora.
FONTE: Estadão
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