Por: Redação OD
A Atividade de
Observação Aérea Brasileira tem sua origem em 1867, por iniciativa do Duque de
Caxias, no transcurso da Guerra da Tríplice Aliança. Naquela oportunidade, o
Exército havia empregado balões cativos de observação como instrumento de
batalha para reconhecer as posições defensivas de Curupaiti e Humaitá. Passado o combate, mais precisamente no ano de 1907, o então
Ministro da Guerra, Marechal Hermes da Fonseca,
enviou à França o Tenente de Cavalaria Juventino da Fonseca,
militar que viria a ser o primeiro Observador Aéreo brasileiro. Na Europa, esse
valoroso oficial aprendeu a arte de observar o campo de batalha e de pilotar os
balões cativos de observação. Com seu regresso, deu-se a montagem do primeiro
parque de aero estações em solo pátrio.
Em 1919, com a chegada da Missão Militar Francesa ao Brasil, foi
criada a Escola de Aviação Militar, no campo Délio Martins de Matos, atual
Campo dos Afonsos, com sede no Rio de Janeiro (RJ). Esse Estabelecimento passou
a ser responsável pela formação das quatro categorias de aviadores, concebidas
então para a Força Terrestre: os pilotos, os observadores aéreos, os mecânicos
de voo e os metralhadores. Nesse contexto, formou-se, em 1921, a primeira turma de
Observadores Aéreos do Exército, que teve como observador número 01, o então 1º
Tenente de Artilharia Eduardo
Gomes, que, anos mais tarde, tornara-se o Brigadeiro do Ar Eduardo
Gomes, Patrono da Força Aérea Brasileira.
Em 1942, por ordem do então Presidente da República Getúlio
Vargas, foi criada a Força Aérea Brasileira (FAB), que passou a
concentrar todos os meios aéreos do Exército e da Marinha. A partir desse
momento histórico, foi facultado aos militares da área de aviação optar por
continuar em sua Força de origem ou migrar para a Força irmã recém-criada. De 1942 a 1944, o Exército possuía apenas alguns militares
Observadores Aéreos que preferiram permanecer na Força Terrestre. Contudo, no
início do ano de 1944, fruto da decisão brasileira de combater na Segunda
Guerra Mundial em apoio às tropas aliadas, foi criado um curso expedito de
Observador Aéreo, nas instalações da antiga Escola de Aviação Militar, para
preparar militares do Exército e da FAB que integrariam a 1ª Esquadrilha de
Ligação e Observação (1ª ELO).
A FAB participou da composição da Força Expedicionária Brasileira
(FEB) com um contingente de 30 homens à serviço da ELO, pertencente à
Artilharia Divisionária. Tal Esquadrilha destinava-se aos trabalhos de
regulação do tiro de artilharia, de observação do campo de batalha e às missões
de ligação. Os pilotos e o pessoal de manutenção dos aviões pertenciam à Força
Aérea; e os observadores aéreos eram oficiais do Exército, da Arma de
Artilharia. Durante a Campanha na Itália, a lª Esquadrilha de Ligação e
Observação realizou 1.654 horas de voo, 682 missões de guerra e mais de 400
regulações de tiro de Artilharia. Dentre estas, cada Observador Aéreo executou,
em média, 60 missões solo de guerra.
Estas, por sua vez, se caracterizavam por
serem longas e árduas, devido à topografia dos Montes Apeninos; às condições
atmosféricas durante o inverno, com nuvens que dificultavam a visibilidade e a
passagem entre os morros; à pouca potência de seus pequenos aviões (modelo L-4,
do tipo Piper Cub, com motor de 65 CV, desprovido de armamento); ao desconforto
da cabina não aquecida; à longa permanência sobre as linhas de frente; às
pistas de pouso precárias de onde os militares tinham que operar; e ao fogo
antiaéreo inimigo. Cessada a guerra, a Esquadrilha foi extinta e seus militares
voltaram para as suas respectivas Forças.
Em 1954, o Curso de Especialização em Observação Aérea foi
recriado na Escola de Instrução Especializada (EsIE), no Rio de Janeiro, onde,
até os dias atuais, são especializados Oficiais Observadores Aéreos do
Exército, da Marinha e de Nações Amigas. A capacitação desses militares tem duração de 33 semanas de
instrução, nas modalidades de ensino à distância e presencial, nas quais, além
do conhecimento teórico, são realizadas as adaptações e qualificações
operacionais necessárias para a atividade aérea, o estudo das 17 categorias de
alvos de reconhecimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN),
dos principais dispositivos tecnológicos em voga, bem como a realização dos
voos e das Missões de Observação Aérea.
Atualmente, a atividade de observação é realizada de forma
tripulada, quando há a presença humana, em aeronaves (de asa fixa ou rotativa),
ou não tripulada, por intermédio das aeronaves remotamente pilotadas (ARP), nas
quais o uso da tecnologia se sobrepõe à existência física de indivíduos nos
planadores. Quanto ao emprego desses especialistas, ocorre quando há
necessidade, em missões de guerra e não guerra, de reconhecimento tático
visual, da ligação entre os Grandes Comandos, do controle aéreo avançado, da condução
do tiro de Artilharia e das missões de Inteligência. Destaca-se a participação
desses experts em Operações como a Timbó, a Tucunaré
e a Curare, na Amazônia; as Operações Jaurú e Àgata, na fronteira oeste do
País; as Operações Pampa, no Rio Grande do Sul; no Haiti, empregando aeronaves
do Exército do Chile; e, mais recentemente, nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Assim sendo, o Exército Brasileiro, por intermédio da EsIE, e de
sua Seção de Ensino de Observação Aérea, mantém viva a chama acesa há 150 anos,
pelas mãos do Duque de Caxias, no acompanhamento da evolução da expertise, em paralelo ao avanço tecnológico,
garantindo à Força, em presença, informações seguras, precisas e eficientes do
Teatro de Operações, de modo a aproveitar ao máximo o uso da terceira dimensão
do combate.
FONTE: Escola de Instrução Especializada, Via CCOMSEx
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