sábado, 24 de junho de 2017

Exército Brasileiro e os 150 anos da atividade de Observação Aérea no Brasil


Por: Redação OD

A Atividade de Observação Aérea Brasileira tem sua origem em 1867, por iniciativa do Duque de Caxias, no transcurso da Guerra da Tríplice Aliança. Naquela oportunidade, o Exército havia empregado balões cativos de observação como instrumento de batalha para reconhecer as posições defensivas de Curupaiti e Humaitá. Passado o combate, mais precisamente no ano de 1907, o então Ministro da Guerra, Marechal Hermes da Fonseca, enviou à França o Tenente de Cavalaria Juventino da Fonseca, militar que viria a ser o primeiro Observador Aéreo brasileiro. Na Europa, esse valoroso oficial aprendeu a arte de observar o campo de batalha e de pilotar os balões cativos de observação. Com seu regresso, deu-se a montagem do primeiro parque de aero estações em solo pátrio.


Em 1919, com a chegada da Missão Militar Francesa ao Brasil, foi criada a Escola de Aviação Militar, no campo Délio Martins de Matos, atual Campo dos Afonsos, com sede no Rio de Janeiro (RJ). Esse Estabelecimento passou a ser responsável pela formação das quatro categorias de aviadores, concebidas então para a Força Terrestre: os pilotos, os observadores aéreos, os mecânicos de voo e os metralhadores. Nesse contexto, formou-se, em 1921, a primeira turma de Observadores Aéreos do Exército, que teve como observador número 01, o então 1º Tenente de Artilharia Eduardo Gomes, que, anos mais tarde, tornara-se o Brigadeiro do Ar Eduardo Gomes, Patrono da Força Aérea Brasileira.



Em 1942, por ordem do então Presidente da República Getúlio Vargas, foi criada a Força Aérea Brasileira (FAB), que passou a concentrar todos os meios aéreos do Exército e da Marinha. A partir desse momento histórico, foi facultado aos militares da área de aviação optar por continuar em sua Força de origem ou migrar para a Força irmã recém-criada. De 1942 a 1944, o Exército possuía apenas alguns militares Observadores Aéreos que preferiram permanecer na Força Terrestre. Contudo, no início do ano de 1944, fruto da decisão brasileira de combater na Segunda Guerra Mundial em apoio às tropas aliadas, foi criado um curso expedito de Observador Aéreo, nas instalações da antiga Escola de Aviação Militar, para preparar militares do Exército e da FAB que integrariam a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO).


A FAB participou da composição da Força Expedicionária Brasileira (FEB) com um contingente de 30 homens à serviço da ELO, pertencente à Artilharia Divisionária. Tal Esquadrilha destinava-se aos trabalhos de regulação do tiro de artilharia, de observação do campo de batalha e às missões de ligação. Os pilotos e o pessoal de manutenção dos aviões pertenciam à Força Aérea; e os observadores aéreos eram oficiais do Exército, da Arma de Artilharia. Durante a Campanha na Itália, a lª Esquadrilha de Ligação e Observação realizou 1.654 horas de voo, 682 missões de guerra e mais de 400 regulações de tiro de Artilharia. Dentre estas, cada Observador Aéreo executou, em média, 60 missões solo de guerra. 


Estas, por sua vez, se caracterizavam por serem longas e árduas, devido à topografia dos Montes Apeninos; às condições atmosféricas durante o inverno, com nuvens que dificultavam a visibilidade e a passagem entre os morros; à pouca potência de seus pequenos aviões (modelo L-4, do tipo Piper Cub, com motor de 65 CV, desprovido de armamento); ao desconforto da cabina não aquecida; à longa permanência sobre as linhas de frente; às pistas de pouso precárias de onde os militares tinham que operar; e ao fogo antiaéreo inimigo. Cessada a guerra, a Esquadrilha foi extinta e seus militares voltaram para as suas respectivas Forças.


Em 1954, o Curso de Especialização em Observação Aérea foi recriado na Escola de Instrução Especializada (EsIE), no Rio de Janeiro, onde, até os dias atuais, são especializados Oficiais Observadores Aéreos do Exército, da Marinha e de Nações Amigas. A capacitação desses militares tem duração de 33 semanas de instrução, nas modalidades de ensino à distância e presencial, nas quais, além do conhecimento teórico, são realizadas as adaptações e qualificações operacionais necessárias para a atividade aérea, o estudo das 17 categorias de alvos de reconhecimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), dos principais dispositivos tecnológicos em voga, bem como a realização dos voos e das Missões de Observação Aérea.


Atualmente, a atividade de observação é realizada de forma tripulada, quando há a presença humana, em aeronaves (de asa fixa ou rotativa), ou não tripulada, por intermédio das aeronaves remotamente pilotadas (ARP), nas quais o uso da tecnologia se sobrepõe à existência física de indivíduos nos planadores. Quanto ao emprego desses especialistas, ocorre quando há necessidade, em missões de guerra e não guerra, de reconhecimento tático visual, da ligação entre os Grandes Comandos, do controle aéreo avançado, da condução do tiro de Artilharia e das missões de Inteligência. Destaca-se a participação desses experts em Operações como a Timbó, a Tucunaré e a Curare, na Amazônia; as Operações Jaurú e Àgata, na fronteira oeste do País; as Operações Pampa, no Rio Grande do Sul; no Haiti, empregando aeronaves do Exército do Chile; e, mais recentemente, nos Jogos Olímpicos Rio 2016.


Assim sendo, o Exército Brasileiro, por intermédio da EsIE, e de sua Seção de Ensino de Observação Aérea, mantém viva a chama acesa há 150 anos, pelas mãos do Duque de Caxias, no acompanhamento da evolução da expertise, em paralelo ao avanço tecnológico, garantindo à Força, em presença, informações seguras, precisas e eficientes do Teatro de Operações, de modo a aproveitar ao máximo o uso da terceira dimensão do combate. 





FONTE: Escola de Instrução Especializada, Via CCOMSEx

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