Por: Redação OD
A Força Aérea Brasileira (FAB) passará por
mudanças. No Rio Grande do Sul, nova nomenclatura e atribuições, além da
transferência de um esquadrão de Florianópolis para Canoas, integram a
reestruturação concebida para modernizar as operações e reduzir gastos com
pessoal. Sediado em Canoas, o V Comando Aéreo
Regional (V Comar) será desativado até 31 de dezembro.
Em seu lugar, a FAB
criará a Ala 5, que manterá os efetivos e a representação institucional no sul
do país e terá foco nas operações, como atividades de defesa aérea, patrulha e
transporte. Comandante do V Comar, o brigadeiro Jeferson Domingues ficará
à frente da Ala 5.
"Ala" é um termo utilizando mundialmente em forças
aéreas. As novidades ocorrem em todo o país,
em um processo que mira o centenário da FAB, daqui a 25 anos. Na análise do
comando da Aeronáutica, a atual estrutura tem aspectos que remetem ao
nascimento da instituição, em 1941, durante a II Guerra Mundial.
A meta é garantir em 2041 uma força
aérea enxuta, eficiente e com forte capacidade de dissuasão. Nessa linha, a FAB
decidiu regionalizar o controle das operações. Atualmente, os esquadrões que
ficam nas bases de Canoas e Santa Maria atuam segundo as orientações de
comandos localizados em Brasília e no Rio de Janeiro.
Com a mudança, a execução das tarefas
fica com a Ala 5, que também absorve a base de Canoas e responderá pelas de
Santa Maria e Florianópolis. No caso catarinense, a base ficará sem um esquadrão
fixo, mas será utilizada com frequência, modelo repetido em outros locais do
Brasil. No mesmo projeto, a reformulação da FAB prevê a redução de 25% do
efetivo, realocando recursos para as operações.
A FAB ainda pretende ampliar a
contratação de temporários, que ficam por até oito anos. No momento, cerca de
9,5% do efetivo de 75 mil pessoas é temporário — o percentual exclui soldados
que cumprem serviço militar obrigatório. A reestruturação diminui profissionais
de carreira em áreas como medicina, engenharia, jornalismo e administração. A
medida corta despesas, já que os temporários não demandam gastos de
transferência, residência e aposentadoria.
A nova FAB
V COMAR:
Localizado em Canoas, tem unidades
subordinadas no interior do Estado, Santa Catarina e Paraná. Os esquadrões
sediados na região respondem nas operações aos comandos que ficam em Brasília e
Rio. Canoas tem modelos F-5EM e F-5FM. O V Comar será desativado até 31 de
dezembro.
ALA 5:
A nova estrutura mantém a representação da
Aeronáutica no sul do país. Além disso, todos os esquadrões do Estado
responderão operacionalmente ao comando da ALA. Composto por aeronaves P-95, o
Esquadrão Phoenix será transferido até dezembro de Florianópolis para Canoas. A
ALA terá sete esquadrões, entre caças, aviões de patrulha e transporte,
helicópteros e aeronaves remotamente pilotadas. As estruturas das bases de
Canoas, Santa Maria e Florianópolis ficam na ALA 5.
"Queremos as aeronaves que
planejamos ter", diz brigadeiro Rossato
Em entrevista a ZH, brigadeiro Nivaldo
Rossato explica que, apesar das mudanças na Força Aérea Brasileira (FAB), não
está previsto o fechamento de bases.
ZH - O que muda na FAB?
Ten.-Brig Rossato: Fizemos um estudo sobre a necessidade de modernizar
a Força Aérea tanto na administração quanto no uso do meio aéreo. O objetivo é
a melhoria das operações e a redução de custos na atividade-meio, de forma com
que a atividade-fim tenha mais recursos. Esse é o ponto fundamental.
ZH - Qual a diferença entre COMAR e ALA?
Ten.-Brig Rossato: O comandante do V Comar tinha mais tarefas de
administração e representação. A representação permanece, com a
operação. As questões administrativas ficam com grupos de apoio, que
reúnem atividades como boletins, comida e rancho, garagem e compras. É
responsabilidade do comandante a segurança de voo, se os aviões são mantidos de
forma correta.
ZH - Por que transferir um esquadrão de
Florianópolis para Canoas?
Ten.-Brig Rossato: Envolve economia de recursos, vamos concentrar as
unidades aéreas em um número menor de bases pelo país. Quando há mais um
esquadrão em Canoas, o aumento de efetivo para dar apoio à nova unidade é
pequeno. Quando você opera em Florianópolis sozinho, a estrutura de uma base
não muda muito se tiver um, dois ou três esquadrões.
ZH - A base de Florianópolis pode fechar?
Ten.-Brig Rossato: Não vamos fechar nenhuma base. Haverá redução
gradual de efetivo. Florianópolis ficará com uma base pronta para o uso.
ZH - A FAB pretende ampliar o número de
temporários. Por quê?
Ten.-Brig Rossato: Há uma infinidade de atividades administrativas que
podem ser realizadas por temporários. Temos médicos, advogados, jornalistas,
contadores, administradores que ficam até oito anos. Uma banda de música, por
exemplo, tem 50 militares. Posso ter 20 de carreira e 30 temporários. Acharemos
músicos qualificados, selecionados por concursos.
ZH - Reportagem do jornal Estado de São
Paulo aponta que 60% da frota da FAB está no chão. A redução de custos vai
colocar mais aviões para voar?
Ten.-Brig Rossato: Não é verdadeiro falar que os aviões estão no chão.
Um avião civil, que o empresário paga US$ 50 milhões a US$ 100 milhões, tem de
voar mil horas por ano. Na atividade militar, é normal que aeronave voe 200 a
300 horas por ano. Ter 50% de disponibilidade, ou seja, aeronaves prontas para
voo, é normal em qualquer força aérea. Temos de ter reserva de contingência,
que são os outros aviões.
ZH - No futuro, é possível adquirir mais
aeronaves?
Ten.-Brig Rossato: Queremos as aeronaves que planejamos ter. O
fundamental é termos o Gripen (comprado da empresa suéca SAAB) e o KC-390
(projeto da Embraer). Uma força aérea precisa de um avião de transporte, como o
KC-390, e um caça multiemprego, como o Gripen, que faz defesa aérea, ataque ao
solo e tem força de dissuasão.
ZH - A PEC do teto de gastos pode
prejudicar projetos estratégicos?
Ten.-Brig Rossato: A sensibilidade do governo para cada projeto define
a priorização. O KC-390 tem potencial de exportação anual de US$ 1,5 bilhão
a US$ 2 bilhões, com milhares de empregos na fase de desenvolvimento e de
produção. É um investimento na capacitação tecnológica do país.
ZH - Em 2007, tivemos o caos aéreo. Qual o
cenário hoje?
Ten.-Brig Rossato: O tráfego aumentou demais de 2007 para hoje.
Atualmente, a formação dos graduados é melhor, o nível da proficiência em
inglês é melhor, os radares estão atualizados. No caso dos aeroportos
concedidos, foram ampliados os pátios, o que ajuda muita. Temos uma estrutura
mais consolidada.
FONTE: ZH Notícias
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