Por: Redação OD
O
ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou nesta quinta-feira que o Ministério
da Defesa está revisando as resoluções que tratam da licença de exportação de
armas por empresas brasileiras, que dependem de autorização prévia das Forças
Armadas. "Estamos fazendo uma atualização da resolução dessa área buscando objetividade e transparência", disse o ministro.
"Tem que atualizar."
Há cerca de três semanas, a Reuters revelou que a Taurus vendeu
8 mil armas ao Iêmen, país sob sanção da Organização das Nações Unidas, através
de Fares Mana'a, listado também pela ONU como um dos maiores traficantes de
armas do mundo. [nE6N1B3005] Uma segunda venda, de 11 mil armas, foi suspensa
depois de ter sido descoberta pela Polícia Federal.
Para fazer a venda, que precisa de autorização das Forças
Armadas, a Taurus obteve uma licença prévia de exportação autorizada pelo
Comando Militar do Sul, de número 788/2013, como se as armas estivessem sendo
exportadas para o Djibouti, país separado do Iêmen apenas por um braço de mar,
o estreito de Bab al-Mandab.
As informações constam de uma denúncia feita pelo Ministério
Público Federal contra dois ex-executivos da empresa, Leonardo Sperry e Eduardo
Pezzuol, diretamente ligados à negociação com Mana'a. De acordo com o MPF, a
empresa cometeu crime de falsidade ideológica ao pedir a licença para vendas ao
Djibouti para redirecioná-las ao Iêmen.
Secretário-geral do Ministério da Defesa, o general Joaquim
Silva e Luna reconheceu nesta quinta que a Taurus fez a venda em cinco
remessas, mas repetiu o discurso da empresa, de que ao saber do real destino
das armas - pistolas e revólveres - suspendeu a venda e devolveu o dinheiro ao
país. Ressaltou, ainda, que a Defesa apenas "verifica a legalidade da
documentação".
Luna afirma que a informação de que Mana'a teria intermediado a
venda e vindo ao país, como denunciaram os procuradores "nunca foi
confirmada", apesar de o Ministério Público ter documentos provando não
apenas a entrada de Mana'a no país com um passaporte falso, mas a tentativa da
empresa de obter um convite oficial, via Itamaraty, para que o traficante
viesse ao Brasil conhecer a fábrica, no Rio Grande do Sul.
O processo contra os ex-executivos da Taurus corre em segredo de
Justiça. Os advogados de Sperry e Pezzuol afirmam que todas as suas ações foram
feitas dentro da política da empresa. Já a Taurus alega desconhecimento das
ações dos seus funcionários e que, ao saber do real destino das armas, teria
sustado a venda.
FONTE: Reuters
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