Por: Redação OD
A estruturação de projetos
para financiar investimentos de longo prazo em infraestrutura de geração
nuclear pode ser, hoje, a alternativa para o Brasil retomar o desenvolvimento
nacional. “O alto grau de desenvolvimento tecnológico e científico necessário para
o domínio da tecnologia nuclear abrange diversas ramificações estratégicas da
indústria (metal-mecânica, eletro-eletrônica, química, ensaios não destrutivos
etc.), que poderiam alavancar a inovação tecnológica no País na geração de
energia via nuclear e na produção de radioisótopos para uso na indústria,
medicina e agricultura”.
A
opinião é do Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben),
Antonio Teixeira, que participa nos próximos dias 20 e 21 do 7o Seminário Internacional de Energia
Nuclear (SIEN 2016), auditório da sede do Sinduscon – Rio (Sindicato da Indústria da
Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro), na Rua do Senado, 213, 2o andar,
no Centro do Rio de Janeiro. Segundo Teixeira, os investimentos são elevados, porém necessários,
visto que é imprescindível acrescentar fonte de energia firme na matriz
energética nacional num cenário de demanda crescente. “A dificuldade do governo
é estruturar projetos para financiar esses investimentos de longo prazo, o que
reforça a necessidade de uma política de Estado para o setor nuclear”, alerta.
O
presidente da Aben enxerga no momento um cenário promissor em todo o mundo para
o setor nuclear, pois existe uma demanda por fontes de energia que não emitam
gases de efeito estufa. “Neste contexto, a energia nuclear é a melhor opção.
Atualmente, há 60 usinas nucleares em construção no mundo em 15 países”,
acrescenta Teixeira. No Brasil, em decorrência de dificuldades econômicas e
políticas, os investimentos na área nuclear estão momentaneamente suspensos,
afetando tanto a construção de usinas de potência, como Angra 3, quanto o
projeto de reatores produtores de radioisótopos para uso na medicina, na
indústria e na agricultura, como o Reator Multipropósito Brasileiro
(RMB).
Decisão
política
Para
o Presidente da ABEN, falta ao Brasil hoje, principalmente, uma política de
Estado para a área nuclear, sendo, portanto, uma questão de decisão política.
Na sua visão, a participação privada pode ser o caminho para alavancar
recursos: “Na
realidade brasileira, a PPP (Parceria Público-Privada), mantendo o controle do
Estado, seria a forma mais indicada para viabilizar a participação privada nos
investimentos em infraestrutura da geração nuclear e fomentar a transferência
de tecnologia durante o processo, defende. Comparativamente com outras fontes
utilizadas para a geração de energia elétrica em larga escala, no seu entender
o investimento em energia nuclear se justifica também do ponto de vista
ambiental, pois essa fonte não é sazonal como as energias alternativas, não
emite gases de efeito estufa como as termoelétricas a combustível fóssil e não
requer o alagamento de vastas áreas como as hidrelétricas”.
Uma
barreira que precisa ser vencida é a aceitação pública da energia nuclear no
País, que continua sendo um grande desafio, necessitando o apoio da opinião
pública que pode ser obtido após uma ampla discussão de vantagens e
desvantagens da adoção dessa fonte de energia com a sociedade: “O acidente de
Fukushima, em março de 2011, teve um forte impacto negativo na aceitação
pública da energia nuclear, o que colaborou para reverter uma tendência mundial
de crescimento desta forma de energia. Os países que utilizam a energia nuclear
revisaram seus programas nucleares e políticas regulatórias, visando atender
novos aspectos de segurança e reforçar a confiança da opinião pública nesse
tipo de energia”, explica Antonio Teixeira.
Outra
questão, a seu ver, é a geração de mão de obra qualificada. Com muitos
profissionais se aposentando e outros buscando outras opções no Brasil e no
exterior, é preciso buscar maneiras de suprir o mercado e despertar o interesse
dos jovens. Na sua visão, o setor precisa adotar medidas urgentes para a
captação de novos talentos para repor os quadros que se aposentaram, treinamento
específico na área nuclear (tanto de nível superior como de nível médio) e
fixação do quadro de profissionais mediante um plano adequado de cargos e
salários e projetos inovadores e de relevância nacional que não sofram
descontinuidade.
SIEN
2016
O
SIEN 2016 tem por objetivo dinamizar o debate e apresentar soluções e novas
tecnologias para o desenvolvimento nuclear, criando um espaço importante para a
discussão e intercâmbio técnico-profissional, além de um ambiente favorável
para a realização de negócios. Tendo como tema central este ano “Um novo modelo
de financiamento para o negócio nuclear”, o SIEN reúne empresas públicas e
privadas, governo, fabricantes de equipamentos, suprimentos, tecnologia,
empresas de engenharia e projetos, institutos de pesquisa, associações
técnicas, profissionais e empresariais, nacionais e internacionais.
O
evento é promovido anualmente pela Planeja & Informa Comunicação e Casa
Viva Eventos. As inscrições para
o SIEN 2016 podem ser feitas pelo e-mail inscricao.planeja@gmail ou pelo site www.sienbrasil.com e telefones (5521) 2215-2245 /
2244-6211. As empresas interessadas em participar do evento e da feira de
negócios paralela EXPONUCLEAR como patrocinadoras ou trazendo suas tecnologias
para a mesa de debates, podem entrar em contato com a Planeja e Informa Comunicação
e Marketing através do e-mail informacoes@sienbrasil.com- telefone: (55 21)
2215-2245. Estudantes contam com 50% de desconto.
FONTE: Primeira Linha Comunicações
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