Aeronave da Marinha que caiu há um mês no mar de Saquarema é igual ao modelo da foto (Foto: Rebeca Nascimento/G1) |
Por: Redação OD
Na tarde do dia 26 de julho, dois caças
da Marinha do Brasil colidiram nas proximidades de Saquarema, no
litoral da Região dos Lagos do Rio. O treinamento de ataques a alvos de
superfície, que era rotina para os dois pilotos experientes, terminou de forma
inesperada: uma aeronave caiu no mar e desapareceu junto com o piloto a cerca
de 44 Km da costa. Um mês depois, apesar da grande mobilização de pessoal e
equipamentos da corporação, a frustração das buscas se mistura com a
comemoração do Centenário da Aviação Naval, completado no dia 23 de agosto e
celebrado nesta sexta-feira (26) na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia,
onde o piloto desaparecido atuava.
Os últimos 30 dias foram
marcados por um trabalho intenso e ininterrupto da Marinha nas buscas. Além
disso, comoção social, depoimentos de quem viu os últimos minutos da aeronave
no ar, investigações, dúvidas suposições sobre o
destino do caça e do piloto vêm sendo acompanhados. Nesta sexta, em resposta
aos questionamentos do G1,
a Marinha informou que "as buscas prosseguem de forma contínua e intensa,
na área compreendida entre Saquarema e Búzios".
Em relação ao piloto que
voltou para a base, a Marinha informou nesta sexta que ele foi "submetido
a exames de saúde regulamentares e encontra-se aguardando um parecer para a
realização de novos voos". Pelos olhos dele, o caça
desaparecido foi visto entrando "de barriga na água", como contou o Capitão de Mar e Guerra Fonseca Júnior, Chefe de
Estado Maior do Comando da Força Aeronaval, em entrevista.
Piloto pode não ter conseguido sair da cabina do caça que caiu, segundo relato do piloto sobrevivente à Marinha (Foto: Rebeca Nascimento/G1) |
O piloto desaparecido, que não teve o nome divulgado, era
instrutor e tinha experiência com missões de ataques a alvos de
superfície, a mesma do treinamento praticado durante o acidente. Cada piloto
militar passa por uma formação específica durante três anos para pilotar caças.
O último ano da formação é feito com a Força Aérea dos Estados Unidos. Da aeronave AF-1 Skyhawk, até
o momento, foram encontrados dois pneus do trem de pouso do caça.
Eles foram
localizados nas praias de Monte Alto, em Arraial do Cabo, e do Peró, em Cabo Frio, nos dias 28 e 30 de julho. Os locais
onde as peças apareceram ampliaram as buscas da corporação, antes focadas no
litoral de Saquarema. A ejeção do piloto ainda é
uma dúvida. O piloto que voltou não conseguiu ver se o colega ejetou antes da
queda da aeronave. O caça, que era visto nos radares, sumiu no ponto da queda.
Ele não tinha equipamento GPS (Sistema de Posicionamento Global), apenas dois
equipamentos de localização pessoal do piloto, que não tiveram sinal detectado
até o momento. A Marinha diz que
Efetivo
de buscas
A operação de buscas conta, desde o dia 26 de julho, com navios, helicópteros,
lanchas e viaturas. Entre eles, dois deles se destacam: os navios de Socorro
Submarino “Felinto Perry” e o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de
Oliveira”, principais embarcações da Marinha na área de buscas. Além disso, a operação vem recebendo o apoio de Petrobrás especializados em varredura
submarina. De acordo com a Marinha, a embarcação fornecida pela Petrobras
possui um veículo submarino operado remotamente. O objetivo é que o submarino
possa vasculhar o fundo do mar em locais de visibilidade restrita.
Imagem mostra rota feita pelo navio Felinto Perry e o Vital de Oliveira na costa de Saquarema (Foto: Reprodução MarineTraffic) |
A Marinha, que já
informou saber o local exato em que a aeronave caiu, também tem pontos
específicos possíveis, apontados pelos equipamentos de sonda. Esses pontos são
vistoriados por mergulhadores. Nos locais apontados pelas sondas, segundo o
Capitão de Mar e Guerra Fonseca Júnior, o fundo do mar é cheio de sedimentos, o
que dificulta a visibilidade. Na última semana,
a Marinha informou que passou a contar também com um navio pesqueiro
especializado em redes de arrasto. O objetivo é localizar vestígios da
aeronave.
Aeronaves e
pilotos
A aeronave que caiu no mar é do modelo AF-1 Skyhawk:
um caça projetado em 1950, construído em 1979 e comprado pelo Brasil do Kuwait
após a Guerra do Golfo. A Marinha do Brasil possui 23 exemplares do Skyhawk da
versão A-4KU. O processo
de modernização inclui
12 delas. Apenas duas já estavam com o processo de modernização concluído: as
duas envolvidas no acidente. Segundo o Capitão
de Mar e Guerra Fonseca Júnior, todo o equipamento da aeronave estava
funcionando perfeitamente, até mesmo os dois localizadores que estavam na
cadeira e no colete do piloto.
Investigações até o momento,
duas investigações correm sobre o caso. No dia seguinte ao acidente, a Marinha
abriu um Inquérito
Policial Militar, para apurar as causas do
choque entre os dois caças. Uma Comissão de Investigação de Acidentes
Aeronáuticos (ComInvAAer) também foi estabelecida, ainda no dia 26, com o
objetivo de identificar os fatores que contribuíram para o acidente e visando
prevenir novas ocorrências. Ao final da investigação, será emitido um relatório. Em resposta ao G1 nesta sexta, a Marinha
disse que "as investigações prosseguem normalmente, obedecendo aos prazos
preestabelecidos pela legislação de 60 dias para o Inquérito Policial Militar e
de 180 para a conclusão do Relatório Preliminar do Acidente Aeronáutico".
Centenário da Aviação Naval
Centenário da Aviação Naval foi comemorado em São Pedro da Aldeia (Foto: Renato Cosme Fulgoni / Notícias de São Pedro da Aldeia) |
A Marinha do Brasil comemorou, no dia 23 de agosto, o Centenário da Aviação
Naval. Sediado em São, o Comando da Força Aeronaval coordena as atividades
de dez Organizações Militares (OM) diretamente subordinadas, sendo seis
operativas e quatro de apoio. Os cinco esquadrões de helicópteros e o esquadrão
de aviões compõem o setor operativo da Força. No setor de apoio encontram-se a
Base Aérea Naval, o Centro de Instrução e Adestramento, o Centro de Intendência
e a Policlínica Naval. A base da Marinha
em São Pedro da Aldeia celebrou a data nesta sexta-feira (26) com uma programação
presidida pelo Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Barcellar
Leal Fonseca.
O evento, que começou às 9h, contou com desfile da Companhia de
Honra e demonstrações aéreas das aeronaves da Aviação Naval. Diversas
autoridades civis e militares foram convidadas para o evento, que contou ainda
com entrega de Diplomas do Mérito Aeronaval
para militares e civis agraciados além dos lançamentos de medalha, selo e livro
comemorativos ao Centenário da Aviação Naval. Participam também da cerimônia alunos da Escola Almirante Carneiro Ribeiro, de São
Pedro da Aldeia, e de militares da reserva que ajudaram a escrever a história
da Aviação da Marinha do Brasil.
FONTE: G1
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