No dia 02 de julho comemoramos o dia do Bombeiro Brasileiro, independente se somos militares, civis profissionais e/ou voluntários, somos todos voltados para o mesmo espírito de vocação de salvar vidas, proteger patrimônios e o meio ambiênte, mesmo que com isso sacrifiquemos a própria vida.
Sabemos muito bem que cada Corpo de Bombeiro do Brasil tem o seu valor e curiosidades próprias, mas como dita a regra em todo o mundo militar, "antiguidade é posto", portanto nossa homenagem vai para o Corpo de Bombeiros mais antigo do Brasil, que é o do Estado do Rio de Janeiro que está completando seus 160 anos. Em novembro de 2015 tive a grata oportunidade de conhecer o quartel do Comando Geral do CBERJ, tendo como guia o Tenente Magno Araújo e Silva, que estava já em um de seus últimos serviços de oficial de dia após mais de 30 anos de serviços prestados à essa gloriosa corporação, e que nos prestou não só uma excelente acolhida como também nos contou diversos fatos históricos do Bombeiro do Rio de Janeiro e muitas de suas histórias pessoais de ocorrências e assuntos técnicos.
Uma das mais interessantes características do prédio do comando do CBERJ é sua arquitetura única no Brasil, todo em estilo barroco/neo-colonial com estruturas em ferro fundido importada da Inglaterra no século 19 e um dos raros quartéis a ainda possuir em seu centro uma torre de treinamento nos moldes dos antigos quartéis europeus e as portas de saídas dimensionadas para as estreitas carroças do século 19, bem como o museu do CBERJ em suas dependências da antiga oficina de manutenção, com estrutura toda em aço também e ainda com os trilhos de suspensão de carga em excelente estado de conservação, bem com um dos acervos mais ricos do mundo em viaturas e outras peças antigas em perfeito estado de conservação.
Um pouco de história
Apesar de oficialmente o CBERJ datar sua criação oficial de 02 de julho de 1856 por decreto do Imperador Dom Pedro II e com seu primeiro regulamento datando de abril de 1860 com inicial subordinação ao Ministério da Justiça, então, pois a história da instituição é bem mais antiga em termos de atividades e organizações com outras denominações prévias, então vamos reproduzir um histórico do próprio CBERJ que relata os fatos mais importantes da corporação datando do perído colonial ainda:
Diversas
tragédias atingiram a cidade do Rio de Janeiro antes da criação do Corpo
de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro:
1710 — Incêndio causado pelo invasor Duclerc destruindo a Alfândega do Rio de Janeiro.
1732 — Grande incêndio acabou com parte do Mosteiro de São Bento, que acabara de ser reconstruído.
1789 — Incêndio de grandes proporções consumiu todo o Recolhimento do Parto.
1790 — Um
incêndio de proporções catastróficas aconteceu no Largo do Paço (hoje
Praça XV), destruindo o sobrado onde funcionavam o Tribunal da Relação e
o Arquivo Municipal.
1824 — O Teatro São João (atual João Caetano) foi reduzido a cinzas por causa de um incêndio.
E foi no
ano de 1856 que o Imperador Dom Pedro II organizou o Corpo Provisório de
Bombeiros da Corte. Para tal reuniu sob uma mesma administração as
diversas seções que até então existiam para o serviço de extinção de
fogo nos Arsenais de Guerra e de Marinha, Repartição de Obras Públicas e
Casa de Correção. A criação do Corpo Provisório de Bombeiros da Corte
consta do Decreto Imperial 1775, de 02 de julho de 1856.
Poucos
dias depois, a 26 de julho, foi nomeado Diretor-Geral da Corporação o
Major do Corpo de Engenheiros João Baptista de Castro Moraes Antas. No
mesmo ano da sua criação, o Corpo de Bombeiros recebeu a primeira bomba a
vapor, especialmente destinada aos incêndios à beira-mar e que podia
ser usada também para a extinção de fogo a bordo de navios.
O
Material de combate compunha-se basicamente de quatro bombas manuais,
algumas escadas, baldes de lona, mangueiras e cordas. Os bombeiros
tinham como principal característica o porte atlético, além da
disposição física aliada a uma coragem destacada e um caráter íntegro.
Somente
em 15 de julho de 1880, pelo Decreto nº 7666, foram concedidas aos
oficiais da Corporação graduações militares, com o uso das respectivas
insígnias. Ao Diretor-Geral foi conferida a patente de Tenente-Coronel,
ao ajudante a de major, aos comandantes de seções a de capitão e aos
instrutores a de tenente.
Até a
promulgação do referido decreto, apesar de militarmente organizado e
aquartelado, o Corpo de Bombeiros não era considerado como unidade
militar. Seus oficiais não podiam usar insígnias nem mesmo no quartel. E
quando concorriam em serviço com outras autoridades militares eram
tidos como simples soldados. É somente a partir da publicação deste
decreto que começa a verdadeira organização militar da Corporação,
confirmada posteriormente no regulamento de 1881.
Com a
chegada da República, em 1889, a Corporação passou a se chamar Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal e adquiriu nova organização, atingindo um
desenvolvimento profissional na capital e adquirindo organização e
regulamentos.
Da mesma
forma, com a transferência da capital federal para Brasília, a
Corporação mais uma vez teve seu nome alterado, passando a se chamar
Corpo de Bombeiros do Estado da Guanabara, pelo Decreto-Lei Nº 3752
assinado em 14 de abril de 1960 pelo Governador do Estado.
Nesta
altura, o CBERJ contava com 3.500 (três mil e quinhentos) homens,
distribuídos por 10 (dez) batalhões, 08 (oito) de incêndio e 02 (dois)
de serviços auxiliares. O Estado da Guanabara era dividido na época em
06 (seis) zonas de incêndio.
A
partir de 15 de março de 1975, a Corporação altera novamente sua
denominação, passando a ser Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de
Janeiro, em decorrência da fusão da Guanabara com o antigo Estado do
Rio. A partir de então a atribuição da Corporação estendia-se por uma
área de mais de 40.000 km2 (quarenta mil quilômetros
quadrados). Aos poucos o CBERJ foi assumindo os quartéis de bombeiros
que pertenciam à então Polícia Militar do antigo Estado do Rio.
O novo
Corpo de Bombeiros foi estruturado através do Decreto-Lei Nº 145, de 26
de julho de 1975, recebendo nova organização básica que estabelecia sua
destinação, missões e subordinação.
A partir
de 1975, com a área de atuação ampliada vertiginosamente, o CBERJ teve
de dividir seu efetivo, viaturas e equipamentos com o interior do
Estado. Para ajudar na proteção às comunidades, foi criado o COSCIP
(CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO), elaborado pelos oficiais
da Corporação e implementado pelo Decreto Nº 897, de 21 de setembro de
1976.
Com este
código, pode a Corporação ter uma atuação incisiva na área de prevenção
estrutural, tornando obrigatório o cumprimento das normas técnicas
contidas no instrumento. Determinava o COSCIP que todas as edificações e
instalações contassem com sistemas preventivos de incêndios e
disposições contra a disseminação do pânico.
Data daí,
também, o início da formação e do aperfeiçoamento dos integrantes do
CBERJ com os cursos de Guarda-Vidas, Mergulho no Mar, curso de Combate a
Incêndio Florestal, Comunicações, estágios de Contenção Farmacológica
de Animais com Dardos, Curso Superior de Bombeiro Militar, Curso de
Formação de Oficiais, Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, Curso de
Habilitação de Oficiais Administrativos e Especialistas (CHOAE), Curso
de Formação de Sargentos (CFS), Curso de Formação de Cabos (CFC) e
Soldados (CFSD).
O Corpo
de Bombeiros executa os seguintes serviços à comunidade: além do combate
à incêndios, Busca e Salvamento, Socorro de Emergência em Via Pública,
Socorro Florestal e Meio-Ambiente, Remoção de Cadáveres, Salvamento
Marítimo, Transporte Inter-Hospitalar de Pacientes , Prevenção de
Sinistro e Apoio nas ações de Defesa Civil.
(Fonte: Site oficial do CBERJ)
Agradecimentos especiais
Quero agradecer aos Sr. Tenente CBPMESP R/R João Castro de Souza, sem o qual essa matéria fotográfica não poderia ser possível pois foi quem "achou" o quartel do CBERJ durante nossas voltas no Rio de Janeiro, quando estávamos na missão de cobertura da Operação UNITAS Amphibious 2015 e o mesmo deu a idéia da visita de última hora ao local devido a sua ainda infinita vibração com a vida e o dever de honra de ser Bombeiro, bem como ao Sr. Tenente Bombeiro R/R Magno Araújo e Silva que estava de oficial de dia junto ao quartel, e por coincidência estava em seu último serviço escalado de permanência antes de partir para a reserva, e, o mesmo nos recebeu muitíssimo bem, com toda a atenção e companheirismo como se todos fossem antigos amigos de décadas.
Da esquerda para a direita: Yam Wanders, Tenente Magno Araújo e Silva e Tenente João Castro de Souza. |
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