quinta-feira, 30 de junho de 2016

GRAU-SP e GATE realizam palestra sobre ocorrências com explosivos.


 Por Yam Wanders

Casa lotada em mais um evento com qualidade "GRAU"
Nessa quarta dia 29, o GRAU - Grupo de Resgate e Atendimento às Urgências e Emergências junto com o GATE da PMESP, realizaram mais uma excelente palestra e encontro científico entre profissionais de segurança pública e profissionais de saúde e urgências médicas no auditório da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo.
Em nosso cenário atual de extrema preocupação com a segurança em amplo espectro devido não só ao aumento da criminalidade organizada bem como principalmente pela realização em nosso país das Olimpíadas do Rio de Janeiro, o tema de lida com ocorrências com explosivos é uma preocupação imperativa para todos, desde autoridades, passando pelos profissionais mais diversos que poderão atuar diretamente ou indiretamente com situações inerentes e também para o público que frequenta e trabalha com grandes eventos internacionais.

Estudos superficiais quanto as motivações terroristas são um escopo secundário na abordagem dessa matéria e das intenções da palestra que participamos, o que realmente importa para os profissionais da segurança e emergências em uma instrução/debate como esse é a troca de experiências entre todos que podem atuar nesse cenário do ataque a civis com explosivos na intenção de causar terror ou no nosso caso mais comum, acidentes envolvendo explosivos em situações de ações da criminalidade.

 
Dr. Ricardo Galesso ( 2° da esquerda p/ direita) junto com integrantes do GATE ao fim da palestra.

Na observação inicial de leigos, o tema pode não ser relevante pela imaginação que não temos guerras em nosso país e as atividades terroristas são aparentemente "inexistentes" em comparação com outros países, porém quem bem observa os fatos do dia a dia sabe que a gama de situações com explosivos e explosões vai bem além do terrorismo e em sua base nos incidentes com botijões de gás domésticos.
Como podemos ver no slide abaixo, temos uma média anual somente no Estado de São Paulo um total de 841 ocorrências diversas, fato esse que torna o Estado que lidera esse tipo de situação no país.


Mas até mesmo entre profissionais existem dúvidas sobre o campo de atuação de equipes altamente especializadas, sendo assim é importante deixar claro que existem situações que são devidamente catalogadas como "ocorrência para o CBPMESP"(Bombeiros) e as específicas para o GATE, sendo obviamente o resgate e pronto atendimento uma tarefa para o Resgate e SAMU quando a mesma não é avaliada em um nível de gravidade extrema da vítima que exija a presença do GRAU. Essa triagem é feita pelos atendentes dos serviços de 193/190 da Polícia Militar e/ou confirmados pelos policiais que atendem as ocorrências em questão.

Na foto, o Capitão PM Gustavo Mercadante, detalhando as ações do GATE em seus diversos cenários possíveis bem como a missão principal.

Os equipamentos:
Entre uma gama de equipamentos utilizados, o destaque é para o traje usado pelos explosivistas (designação do especialista da atividade) bem como os "robos" usados para a remoção ou desativação de artefatos explosivos.
Equipados com modernas câmeras e sensores, são remotamente controlados podendo efetuar os mais diversos tipos de missões.
A roupa resistente à explosão oferece aos técnicos especializados em desativação de bombas uma proteção mais completa. Quando a explosão atinge o tecido da roupa a força do seu impacto é
reduzido, já que as fibras do tecidos estão fortemente entrelaçadas, ocorrendo desta ser dissipada por toda a roupa, logo abaixo há várias placas balísticas, que também ajudam a dissipar a
força e a repelir os estilhaços e a fragmentação secundária.
O calor e as chamas produzidas durante a explosão são neutralizadas pela qualidade da roupa, que pode ter resistência ao fogo.
O material utilizados na confecção das roupas normalmente é o kevlar ou de algum outro produto à base de aramida(nome genérico dado para kevlar), ele tratasse de um polímero que é oriundo
da união de dois polímeros menores, detalharemos melhor o seu processo de formação em outro artigo.
A aramida apresenta uma excelente relação resitência-peso o que faz dele um ótimo material para ser utilizado em equipamentos de blindagem em geral.
Além disto há na roupa um enchimento de espuma ou qualquer outro tipo de enchimento para que o técnico seja protegido dos fragmentos lançados, e também na situação em que ele for
arremessado esta proteção extra fará com que a queda seja amortecida.
Dentro da  roupa há bolsos de velcro onde podem ser inseridas as placas balísticas, estas podem ser feitas de aço, aramida ou cerâmica revestida, úteis na hora de proteger o técnico contra a
fragmentação.
A roupa resistente à explosão tam bém inclui os seguintes itens:
O capacete- O capacete apresenta um núcleo em aramida, e uma camada externa protetora moldada e um cinto de suspensão para que seja oferecido mais conforto ao usuário, o seu visor é
claro e anti-balístico, alguns modelos vem com fone e microfone embutido.
Alguns tipos podem ter um sistema de ventilação interno que refresca o usuário e não deixa embaçar o vidro, o que comprometeria a visibilidade.
Além disso alguns vem com um suporte para que seja possível colocar luz e camêra.
Um outro item que vem também é o colarinho que pega o pescoço e se estende até o capacete, servindo de proteção.
Temos as galochas que são presas à roupa e envolvem o calçado do técnico.
 Placas Anti-balística
 As placas anti-balísticas são distribuídas principalmente na região do pescoço, do peito e da virilha. Elas também podem ser colocadas em bolsos internos localizados na frente dos braços, das
pernas e costelas.
 Tiras removíveis
O traje especial resistente à explosão é todo feito de modo que tenham tiras que se soltem facilmente, próprio para situações de emergência, onde o técnico precisar ser atendido por causa de algum ferimento.
 Resfriamento
 Como o traje é muito fechado o calor dentro da roupa acaba sendo insuportável, assim dentro dele tem um mecanismo de resfriamento.
  Este é uma bolsa cheia de gelo a qual é inteligada em uma rede de tubos, todos preso à roupa.
 A área da roupa onde encontram-se as mão é feita sem proteção, já que o técnico precisará ter uma  maior movimentação nelas.
 Apesar dos constantes esforços para que seja aprimorada estas roupas, elas apresentam alguma limitação. Bombas maiores destroem todo e qualquer tipo de material, além de um material não
ser completamente à prova de bombas.



As lesões causadas pelas explosões e outras consequências

A parte mais importante da palestra foi o debate entre médicos e outros especialistas sobre o que fazer/não fazer quando no ato de atendimento para as vítimas de explosões bem como procedimentos de segurança para as equipes de resgate/atendimento que socorrem uma vítima em um local em que se encontram múltiplas vítimas de uma explosão, que é o cenário mais comum quando na ocorrência de atentados terroristas.
Mas antes de determinar o que fazer é sempre bom saber como é o comportamento e o raio de ação de cada bomba e/ou carga explosiva que geralmente são usadas pelos terroristas e/ou crimininosos, bem como participar de maneira atenta ao local, mantendo o equilíbrio emocional e sempre obedecendo as orientações e/ou ordens das autoridades militares, policiais e bombeiros presentes ou em comunicação.
Para que os leitores leigos possam efetivamente saber o que fazer, é sempre recomendado que façam algum tipo de formação em primeiros socorros por mais básica que seja, a capacidade e o auto-controle de efetuar um socorro bem feito advém sempre de uma formação adequada por menor que seja.

Exemplos de recomendações de distâncias de segurança para uma avaliação inicial quando da descoberta de um ou mais objetos suspeitos, no tocante à proteção citada, entende-se barreiras com efetiva solidez tais como muros ou outras construções de efetiva rigidez.

A distância efetiva do objeto e/ou da explosão em si, já podem ser usadas como uma ferramenta de uso imediato para a triagem de feridos no local de um ataque. Cenário que pode varias de acordo com as características do local e tipo de explosivo.

Sempre válido lembrar que a pressão do deslocamento do ar (onda de choque) também causa danos graves ao corpo humano que podem varias de lesões permanentes nos tímpanos até a hemorragia e ruptura de orgãos internos.
 Lesões e consequências Imediatas nas ocorrências com explosivos

Para os casos de amputações e desmembramentos o uso do torniquete é óbviamente obrigatório, evicerações e outras hemorragias também se aplicam os procedimentos padrões de atendimento para a minimização dos traumas e imediata remoção da vítima para um hospital.


No caso de queimaduras, será evidente que quanto maior a proximidade do centro da explosão, maior será a gravidade das mesmas salvo situações de focos de incêndios secundários causados pela explosão ou outros fatores, independente da gravidade da vítima, o uso de cobertores de poliéster aluminizado (cobertor espacial) é de importâcia suma para proteger a vítima de mais contaminações externas e evitar a contaminação de membros de equipes de socorro.
  Conclusões 
Para os profissionais de resgate e bombeiros, será evidente a aplicação da doutrina do "Stay and Play"(estabilização da vítima antes da remoção) ou do "Scoop and Go"(remoção imediata para o hospital), que obviamente para sua maior eficiência, só pode ser aplicada após a análise rápida da vítima, aliada a experiência dos profissionais presentes no local da ocorrência para a tomada de decisões rápidas.
Detalhamentos de ações sempre devem ser deixadas à cargo dos profissionais e autoridades especializadas, o que nós na posição de civis inicialmente sem treinamento específico devemos ter sempre em mente é não só a cultura da prevenção na doutrina diária como o bom senso de que, se caso nos encontrarmos em uma situação de uma deflagração de artefato explosivo em um cenário de atentado é: 
- Ter certeza que você está bem, caso tenha sido atingido pela explosão, pois sangramentos e outras lesões nem sempre são percebidas de imediato.
- Entrar em contato com a Polícia Militar ou Bombeiros para alertar sobre o ocorrido e pedir orientações.
- Abandonar o local o mais rápido possível caso esteja em condições e ajudar vítimas que estejam fáceis de serem removidas, pois existe sempre o risco de uma segunda explosão ou ataques com disparos de armas de fogo quando se trata de um ataque terrorista.  

Cartaz do Ministério da Defesa Brasileiro sobre prevenção e informação em cenários suspeitos.

Conheça mais sobre o GRAU SP em sua página no Facebook:

https://www.facebook.com/grausp/ 

GRAU no Youtube:



  
  Leia também outras matérias da Orbis Defense sobre o tema:
Sobrevivência Urbana, a necessidade de uma vida tática?

Conscientizando contra o terrorismo.

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