Por: Redação OD
A FAB
(Força Aérea Brasileira) cogita a possibilidade de transferir a Base Aérea de
Florianópolis para Canoas (RS). Os estudos estão sendo feitos pelo Ministério
da Defesa, mas ainda não existe nenhuma determinação oficial ou data para o
início da mudança, segundo a própria FAB. Diante da possível saída, lideranças
políticas de Santa Catarina tentam impedir junto ao ministério que a
transferência seja feita para o Rio Grande do Sul. Em maio, a Base Aérea
completou 75 anos de instalação no bairro Tapera, no Sul da Ilha. O espaço
militar abriga apenas o Esquadrão Phoenix de aviões, porque em 1982 os
helicópteros do 2º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação foram transferidos para
Campo Grande (MS).
Para
evitar uma nova transferência políticos recorreram ao ministro da Defesa, Raul
Jungmann. Um encontro foi realizado na semana passada e outro está para ser
agendado pelo ministério, com o senador Dário Berger (PMDB) e o deputado
federal Mário Mariani (PMDB). De acordo com o tenente coronel da reserva da
Aeronáutica e vereador da Capital pelo PDT, Waldyvio da Costa Paixão Júnior, a
transferência da Base Aérea seria realizada em duas etapas: primeiro seria
levado o Esquadrão Phoenix e depois seria deslocada a parte administrativa da
unidade. “A maior perda para a cidade seria econômica, porque deixarão de ser
gastos aqui mais de R$ 130 milhões/ano, referente aos salários dos quase 1 mil
militares que servem na Capital”, disse reserva.
Por
meio de nota, a FAB informou que os estudos da Aeronáutica visam a adequação
das estruturas às necessidades operacionais e ao cumprimento da missão
constitucional. “Neste contexto, é natural que algumas unidades sejam
remanejadas, para tal, considera-se fatores operacionais, econômicos e
humanos. Cabe ressaltar que todas as medidas de reestruturação são fomentadas
para o aperfeiçoamento da Força”, diz trecho da nota. A FAB esclarece ainda que
a Base Aérea de Florianópolis e as unidades nela sediadas não serão fechadas e
que nenhuma transferência de esquadrão e aeronaves foi determinada. Mas garante
que existem estudos sobre o assunto. Controle aéreo e auxílio durante enchentes
A Base
Aérea sedia ainda o DTCEAFL (Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de
Florianópolis), setor responsável pelo controle das aeronaves que chegam, saem
ou apenas cruzam o céu. O local conta uma equipe especializada para a produção
e divulgação de informações meteorológicas e aeronáuticas. Militares da Base
Aérea desempenharam importante papel no socorro às vítimas das enchentes que
atingiram o Estado em 1980, em 2008 e 2011. O espaço para implantação de um
campo de aviação foi indicado pelos pilotos franceses SaintExupéry, Guillamet
e Hermoz durante os voos transatlânticos pela capital catarinense, após a
criação, em 1923, da Aéropostale, linha aérea francesa para a América Latina. A
Base Aérea de Florianópolis foi ativada em 22 de maio de 1941. A unidade
pertencia ao Centro de Aviação Naval, criado em 10 de maio de 1923.
Moradores
reclamam da falta de trânsito livre Morador há mais de 16 anos do entorno da
Base Aérea, Augusto Almeida, 76, afirma que se houver a transferência do espaço
militar para o Rio Grande do Sul a comunidade terá melhorias de mobilidade.
“Hoje só pode passar ali com passe. Eu tenho e renovei esse ano, mas é cada vez
mais difícil conseguir a autorização”, contou. De acordo com Almeida, a
comunidade se manifestou na semana passada pedindo pelo direito de ir e vir.
“Quem passa pela Base economiza no percurso, mas muitos não podem passar e
pegam o trânsito pelo Rio Tavares, que é bem trancado”, disse. “Economizo uns 20
minutos no trânsito porque tenho autorização”, completou Rudinei Fernando, 28.
O
direito de ir e vir é a única reclamação dos moradores sobre a Base Aérea.
Alguns lembram que muitos militares trabalham no local e há a possibilidade de
redução desse efetivo. “Tem bastante militar na Tapera. Não sei ainda ao certo
se haverá essa mudança, porque essa história é antiga. Mas, fora a questão da
mobilidade, a presença da Base Aérea e de seus militares não interfere em
nada”, afirmou o autônomo Ricardo Gomes, 44. O cozinheiro Eduardo Alves Gomes,
40, é filho de militar e adverte que a mudança para Canoas não irá minimizar os
problemas de acesso e permissões. “A área é da Marinha, e o acesso continuará a
ser restrito. Não mudará nada. As pessoas reclamam das dificuldades de acesso,
mas fora os horários de pico, andar pelo trajeto normal é mais rápido do que
pela base”, disse.
FONTE: ndonline.com.br
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