Por: Anderson Gabino
Há 151 anos, na manhã de 11 de junho de 1865, domingo da
Santíssima Trindade, ao avistar o inimigo que se aproximava, o vigia dá o
alarme: "Inimigo à vista". Então, o Almirante Francisco Manoel
Barroso da Silva, a bordo da Fragata Amazonas, ordena que seja içado o sinal:
"O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!", seguido de outro,
com instruções de combate: "Atacar e destruir o inimigo o mais de perto
que puder!". Com a vitória da Esquadra brasileira é considerada a Data Magna da
Marinha do Brasil. A importância da vitória nessa
batalha está ligada ao fato que, até 1865, o Paraguai tinha a iniciativa na
guerra e, com a derrota para o Brasil, a situação foi invertida. A partir
daquela data, a frota brasileira garantiu o bloqueio e o uso dos rios da
região. Uma conquista fundamental no contexto da Guerra da Tríplice Aliança.
O que foi a Batalha
Naval do Riachuelo
A
Batalha Naval do Riachuelo, ou apenas Batalha do Riachuelo, é considerada uma das mais importantes da Guerra do Paraguai
(1864-1870) por historiadores e militares. O confronto ocorreu às margens do
Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de Corrientes, na
Argentina. De um lado estavam as tropas do Paraguai e, do outro, as do Império
do Brasil. Na época do conflito, o acesso aos rios na região da Bacia do
Prata era estratégico, já que não havia estradas por ali até a segunda metade
do século XX. O Paraguai não possuía uma saída direta ao mar, e a bacia era
controlada por Argentina e o Uruguai. Este último, por sua vez, vivia ameaçado
por tropas do Império do Brasil e da Argentina.
Os
paraguaios já haviam ocupado áreas do atual Mato Grosso do Sul, no Brasil, e
caso ganhassem a batalha do Riachuelo, poderiam descer pelos rios e conquistar
Montevidéu, no Uruguai, além de ocupar o atual Rio Grande do Sul. Para a
batalha, a Força Naval Brasileira contava com nove navios e um total de 2.287
homens, do lado do Paraguai, havia oito navios armados e, aproximadamente, 1200
homens. A força naval brasileira,
comandada pelo chefe-de-divisão Francisco Manuel Barroso da Silva, estava
fundada no Rio Paraná próximo à Cidade de Corrientes, na noite de 10 para 11 de
junho de 1865. O plano paraguaio era surpreender os navios brasileiros na
alvorada do dia 11 de junho, abordá-los e, após a vitória, rebocá-los para
Humaitá. Para aumentar o poder de fogo, a força naval paraguaia, comandada pelo
capitão-de-fragata Pedro Ignácio Mezza, rebocava seis chatas com canhões. A
Ponta de Santa Catarina, próxima à foz do Riachuelo, foi artilhada pelos
paraguaios. Havia, também, tropas de infantaria posicionadas para atirar sobre
os navios brasileiros que escapassem.
As forças Navais travam um combate de
força e nervos
No dia 11 de junho, aproximadamente às 9
horas, a força naval brasileira avistou os navios paraguaios descendo o rio e
se preparou para o combate. Mezza se atrasara e desistiu de iniciar a batalha
com abordagem. Às 9 horas e 25 minutos, dispararam-se os primeiros tiros de
artilharia. A força paraguaia passou pela brasileira, ainda imobilizada, e foi
se abrigar junto à foz do Riachuelo, onde ficou aguardando. Após suspender, a
força naval brasileira desceu o rio, perseguindo os paraguaios, e avistou-os
parados nas proximidades da foz do Riachuelo. Desconhecendo que a margem estava
artilhada, Barroso deteve sua capitânia, a Fragata Amazonas, para cortar
possível fuga dos paraguaios. Com sua manobra inesperada, alguns dos navios
retrocederam, e o Jequitinhonha encalhou em frente às baterias de Santa
Catalina. O primeiro navio da linha, o Belmonte, passou por Riachuelo separado
dos outros, sofrendo o fogo concentrado do inimigo e, após passar, encalhou
propositadamente, para não afundar. Corrigindo sua manobra, Barroso, com a
Amazonas, assumiu a vanguarda dos outros navios brasileiros e efetuou a
passagem, combatendo a artilharia da margem, os navios e a chatas, sob a
fuzilaria das tropas paraguaias que atiravam das barrancas.
Enfim a Batalha é vencida pela Marinha
do Brasil
Com a vitória em Riachuelo, com a retirada dos paraguaios da margem
esquerda do Paraná e a rendição dos invasores em Uruguaiana, a opinião dos
aliados era de que a guerra terminaria logo. Isso, porém, não ocorreu. O
Paraguai era um país mobilizado e Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável
para os navios de madeira que venceram a Batalha Naval do Riachuelo. A guerra
foi longa, difícil e causou muitas mortes e sacrifícios. A vitória foi decisiva para a Tríplice
Aliança, que passou a controlar, a partir de então, os rios da bacia platina
até à fronteira com o Paraguai, ganhando vantagem logística e
também fechando os acessos paraguaios por aquela rota. Do lado dos derrotados,
foram 351 mortos e 567 feridos, além de quatro navios afundados. Pelo Império
do Brasil, morreram 104 pessoas, outros 142 foram feridos, além de 20
desaparecidos e um navio afundado.
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