sábado, 11 de junho de 2016

Batalha Naval do Riachuelo - Data Magna da Marinha do Brasil




Por: Anderson Gabino

Há 151 anos, na manhã de 11 de junho de 1865, domingo da Santíssima Trindade, ao avistar o inimigo que se aproximava, o vigia dá o alarme: "Inimigo à vista". Então, o Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva, a bordo da Fragata Amazonas, ordena que seja içado o sinal: "O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!", seguido de outro, com instruções de combate: "Atacar e destruir o inimigo o mais de perto que puder!". Com a vitória da Esquadra brasileira é considerada a Data Magna da Marinha do Brasil. A importância da vitória nessa batalha está ligada ao fato que, até 1865, o Paraguai tinha a iniciativa na guerra e, com a derrota para o Brasil, a situação foi invertida. A partir daquela data, a frota brasileira garantiu o bloqueio e o uso dos rios da região. Uma conquista fundamental no contexto da Guerra da Tríplice Aliança.

O que foi a Batalha Naval do Riachuelo


A Batalha Naval do Riachuelo, ou apenas Batalha do Riachuelo, é considerada uma das mais importantes da Guerra do Paraguai (1864-1870) por historiadores e militares. O confronto ocorreu às margens do Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de Corrientes, na Argentina. De um lado estavam as tropas do Paraguai e, do outro, as do Império do Brasil. Na época do conflito, o acesso aos rios na região da Bacia do Prata era estratégico, já que não havia estradas por ali até a segunda metade do século XX. O Paraguai não possuía uma saída direta ao mar, e a bacia era controlada por Argentina e o Uruguai. Este último, por sua vez, vivia ameaçado por tropas do Império do Brasil e da Argentina. 


Os paraguaios já haviam ocupado áreas do atual Mato Grosso do Sul, no Brasil, e caso ganhassem a batalha do Riachuelo, poderiam descer pelos rios e conquistar Montevidéu, no Uruguai, além de ocupar o atual Rio Grande do Sul.  Para a batalha, a Força Naval Brasileira contava com nove navios e um total de 2.287 homens, do lado do Paraguai, havia oito navios armados e, aproximadamente, 1200 homens. A força naval brasileira, comandada pelo chefe-de-divisão Francisco Manuel Barroso da Silva, estava fundada no Rio Paraná próximo à Cidade de Corrientes, na noite de 10 para 11 de junho de 1865. O plano paraguaio era surpreender os navios brasileiros na alvorada do dia 11 de junho, abordá-los e, após a vitória, rebocá-los para Humaitá. Para aumentar o poder de fogo, a força naval paraguaia, comandada pelo capitão-de-fragata Pedro Ignácio Mezza, rebocava seis chatas com canhões. A Ponta de Santa Catarina, próxima à foz do Riachuelo, foi artilhada pelos paraguaios. Havia, também, tropas de infantaria posicionadas para atirar sobre os navios brasileiros que escapassem.

As forças Navais travam um combate de força e nervos


No dia 11 de junho, aproximadamente às 9 horas, a força naval brasileira avistou os navios paraguaios descendo o rio e se preparou para o combate. Mezza se atrasara e desistiu de iniciar a batalha com abordagem. Às 9 horas e 25 minutos, dispararam-se os primeiros tiros de artilharia. A força paraguaia passou pela brasileira, ainda imobilizada, e foi se abrigar junto à foz do Riachuelo, onde ficou aguardando. Após suspender, a força naval brasileira desceu o rio, perseguindo os paraguaios, e avistou-os parados nas proximidades da foz do Riachuelo. Desconhecendo que a margem estava artilhada, Barroso deteve sua capitânia, a Fragata Amazonas, para cortar possível fuga dos paraguaios. Com sua manobra inesperada, alguns dos navios retrocederam, e o Jequitinhonha encalhou em frente às baterias de Santa Catalina. O primeiro navio da linha, o Belmonte, passou por Riachuelo separado dos outros, sofrendo o fogo concentrado do inimigo e, após passar, encalhou propositadamente, para não afundar. Corrigindo sua manobra, Barroso, com a Amazonas, assumiu a vanguarda dos outros navios brasileiros e efetuou a passagem, combatendo a artilharia da margem, os navios e a chatas, sob a fuzilaria das tropas paraguaias que atiravam das barrancas.

Enfim a Batalha é vencida pela Marinha do Brasil


Completou-se assim, aproximadamente às 12 horas, a primeira fase da Batalha, com vitória do Almirante Barroso. Até então, o resultado era altamente insatisfatório para o Brasil: o Belmonte fora de ação, o Jequitinhonha encalhado para sempre e o Parnaíba, com avaria no leme, sendo abordado e dominado pelo inimigo, apesar da resistência heróica dos brasileiros, como o guarda-marinha Greenhalgh e o marinheiro Marcílio Dias, que lutaram até a morte. Então, Barroso decidiu regressar. Desceu o rio, fez a volta com os seis navios restantes e, logo depois, estava novamente em Riachuelo. Tirando vantagem do porte da Amazonas, Barroso usou seu navio para abalroar e inutilizar navios paraguaios e vencer a batalha. Quatro navios inimigos fugiram perseguidos pelos brasileiros. Antes do pôr-do-sol de 11 de junho, a vitória era brasileira. A Esquadra paraguaia fora praticamente aniquilada e não teria mais participação relevante no conflito. Estava, também, garantido o bloqueio que impediria que o Paraguai recebesse armamentos do exterior. Foi a primeira grande vitória da Tríplice Aliança na guerra e, por isto, muito comemorada. 


Com a vitória em Riachuelo, com a retirada dos paraguaios da margem esquerda do Paraná e a rendição dos invasores em Uruguaiana, a opinião dos aliados era de que a guerra terminaria logo. Isso, porém, não ocorreu. O Paraguai era um país mobilizado e Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável para os navios de madeira que venceram a Batalha Naval do Riachuelo. A guerra foi longa, difícil e causou muitas mortes e sacrifícios. A vitória foi decisiva para a Tríplice Aliança, que passou a controlar, a partir de então, os rios da bacia platina até à fronteira com o Paraguai, ganhando vantagem logística e também fechando os acessos paraguaios por aquela rota. Do lado dos derrotados, foram 351 mortos e 567 feridos, além de quatro navios afundados. Pelo Império do Brasil, morreram 104 pessoas, outros 142 foram feridos, além de 20 desaparecidos e um navio afundado.





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