A General Lori Robinson que comanda
desde 2014 unidades da Força Aérea Americana (USAF) baseadas no Pacífico e tem
sobre sua responsabilidade mais de 46 mil militares que servem sobretudo no
Japão, Coreia do Sul, Havaí, Alasca e Guam. Aos 56 anos, esta general de quatro
estrelas irá fazer história por ter sido escolhida pelo presidente Barack Obama
para ser a primeira mulher na história dos Estados Unidos a comandar uma
unidade de combate, ela irá chefiar o Comando Norte, no Colorado, um cargo
que exige, no entanto, a aprovação do Senado norte-americano.
Ao anunciar a escolha de Robinson, o
secretário da Defesa norte-americano, Ash Carter lembrou que a general tem
"uma profunda experiência operacional, e que comanda neste momento as
forças aéreas no Pacífico, que é um dos locais com mais desafios e com um ritmo
operacional intenso". De fato, Robinson alistou-se na Força Aérea em 1982
e nas últimas três décadas e meia foi subindo na hierarquia, acumulando mais de
900 horas de voo numa carreira como gestora de voo e oficial de tática, mas não
como piloto.
"Por acaso, a general Robinson
também será a primeira mulher comandante de combate", acrescentou Carter.
"Isso revela ainda outra coisa: que temos muitas mulheres oficiais que são
extraordinariamente fortes, e Lori com certeza se encaixa nessa categoria."
Primeira linha de defesa no caso de
uma eventual invasão terrestre dos Estados Unidos, o Comando do Norte (ou
NORTHCOM, na pomposa sigla em inglês) fica sediado no Colorado. Foi criado na
sequência dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 para coordenar e
melhorar a defesa nacional e reforçar o apoio em caso de desastre no país.
Lori Robinson vai substituir o
General Herbert Carlisle, um aviador que, segundo a revista Stars and
Stripes, irá comandar a base de Langley-Eustis, na Virgínia. Não faltou
logo quem criticasse a falta de experiência de Robinson como piloto, sugerindo
que pode pôr em causa a segurança dos militares norte-americanos.
"Tomam-se decisões operacionais
que exigem a compreensão daquilo que se vai pedir aos pilotos para executarem
em combate. E uma má decisão pode ser a diferença entre a vida e a morte",
garantiu um piloto na reserva ao The Washington Times. O
Departamento de Defesa dos EUA (também conhecido como Pentágono) defende-se,
lembrando que a Força Aérea opera em várias áreas: ar, espaço e ciberespaço e
que Robinson demonstrou "conhecimento e experiência" em todas elas.
Diversidade
A nomeação de Lori Robinson surge num
momento em que o Pentágono está a fazer um esforço para diversificar as suas
chefias. Até porque, neste momento, apenas 85 dos mais de 3700 pilotos no ativo
nas forças armadas americanas são mulheres, de acordo com estatísticas
federais.
Com um papel no esforço de guerra
desde os tempos da Revolução Americana (ver caixa), as mulheres são hoje perto
de 15% (cerca de 200 mil) das Forças Armadas dos Estados Unidos e, em dezembro
passado, o Pentágono anunciou que todos os lugares de combates passavam a estar
acessíveis às mulheres - seja a conduzir tanques ou a entrar para a elite dos
Navy Seals. "Um passo histórico", como o definiu na altura o
presidente Barack Obama. Nas chefias, a representação de mulheres é ainda menor
(por volta dos 7%), mesmo se neste momento haverá 69 generais e almirantes.
Michelle J. Howard tornou-se em 2014
a primeira mulher almirante da marinha norte-americana. Ainda antes da
promoção, Howard era já bastante conhecida nos meios militares - e não só - por
ter comandado em 2009 a operação contra os piratas somalis contada no filme Capitão
Phillips, com Tom Hanks. E, entre os marinheiros, a almirante é apreciada
pelo seu valor, não pelo seu género - ou pela cor da pele, uma vez que Howard é
negra.
Ares de família
Agora Lori Robinson também quer fazer
história. Para isso, esta mulher que já ganhou a Legião de Mérito ou uma
Estrela de Bronze terá de passar pela aprovação de um Senado dominado pelos
republicanos. Casada com o general na reserva David A. Robinson, para Lori a
Força Aérea é um negócio de família. Por vezes trágico, em setembro de 2005 a
sua enteada, a tenente Taryn Ashley ficou gravemente ferida e o seu instrutor
de voo morreu quando o avião em que ambos seguiam caiu. A jovem, então com 22
anos, acabaria por não resistir aos ferimentos e morreu também em janeiro de
2006.
Fonte: Diário de Notícias (Portugal)